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12/07 - MC Marcinho usa terapia conhecida como ECMO, espécie de pulmão artificial; entenda como funciona
Cantor está internado na UTI e com o pulmão incapaz de absorver o oxigênio. Por isso, foi preciso 'substituir' o órgão. A ECMO age como um pulmão artificial e oxigena o sangue fora do corpo. ECMO: entenda como funciona a terapia usada em MC Marcinho Um dos maiores nomes da história do funk carioca, Marcio André Nepomuceno Garcia, o MC Marcinho, está desde segunda-feira (10) na UTI do Hospital Copa D'Or após uma parada cardiorrespiratória. De acordo com o boletim médico divulgado nesta terça (11), foi necessário o uso de uma terapia conhecida como ECMO – Oxigenação por Membrana Extracorpórea, na tradução. Ou seja, a oxigenação do paciente será feita por uma membrana fora do corpo. A ECMO foi muito utilizada por pacientes da Covid, como o ator Paulo Gustavo, morto em 2021. Apesar de o artista não ter resistido à longa internação, a terapia salvou dezenas de outros pacientes (veja relatos). Como funciona a Ecmo A ECMO retira e filtra o sangue Reprodução/TV Globo Em alguns pacientes, o pulmão se torna incapaz de absorver o oxigênio. Por isso, é preciso “substituir” o órgão. É nessa hora que a ECMO entra. O equipamento age como um pulmão artificial e oxigena o sangue fora do corpo. Segundo médicos, a ECMO possibilita que pulmão debilitado repouse enquanto o aparelho devolve o sangue oxigenado artificialmente para o corpo. A terapia funciona como uma ponte para a recuperação. Quando o paciente está na máquina, ele precisa estar sedado. "O pulmão passa a ser a membrana. Controlamos o gás carbônico e o oxigênio por essa membrana. Deixamos o pulmão parado para desinflamar", explicou o fisioterapeuta cardiorrespiratório e de Terapia Intensiva Fábio Rodrigues. Veja depoimentos de recuperados da Covid que fizeram mesma terapia que Paulo Gustavo: ECMO Diferente do ventilador mecânico Apesar de semelhantes, a ventilação mecânica não é igual a ECMO. O ventilador dá oxigênio, promove as trocas gasosas e dá pressão para o pulmão ficar aberto. Ele não substitui o pulmão. Ele vai favorecer a fisioterapia e a recuperação do pulmão. No entanto, o suporte tem um limite e, quando o ventilador não consegue fazer o pulmão lesado funcionar bem, e não há mais troca de oxigênio, a ECMO é indicada. Tipos de terapia A terapia já existe há muitos anos e pode ser de dois tipos: Veno-venosa: utilizada em pacientes com insuficiência respiratória. O sangue é retirado de uma veia central, passa pela membrana extracorpórea onde é realizada a troca gasosa e retorna por uma veia central. Essa é a terapia usada nos casos de Covid-19 e também no ator Paulo Gustavo. Veno-arterial: utilizada em casos de insuficiência cardíaca. Fornece tanto suporte respiratório como circulatório. O sangue retorna para o sistema arterial e fornece suporte hemodinâmico, além do suporte ventilatório. Para todas as idades e sem prazo O equipamento pode ser usado em pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos até idosos, e está disponível tanto na rede privada quanto pública, em hospitais de referência. Os especialistas explicam que não existe prazo para o paciente ficar na ECMO. A retirada é feita se houver excesso de coágulo no circuito, sangramento excessivo ou se o pulmão melhorar. Veja quando o uso é contraindicado: Falência múltipla de órgãos Doenças pulmonares ou cardiovasculares irreversíveis Pacientes que passaram muito tempo em ventilação e já têm danos pulmonares Coagulopatia grave e/ou hemorragia Outras anomalias congênitas
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11/07 - Cuidar bem dos dentes é bom para o cérebro
Comprometimento da saúde oral está relacionado à diminuição do volume do hipocampo, cujas células são as primeiras a serem danificadas pelo Alzheimer. Não é a primeira vez que trato do tema, mas sempre é bom voltar ao assunto até que não somente as pessoas, mas também os gestores públicos se deem conta da sua relevância. Estudo publicado semana passada na revista científica “Neurology” afirma que a periodontite (doença das gengivas) e a perda de dentes estão associadas ao encolhimento do hipocampo, região do cérebro que desempenha papel crucial na memória e cujas células são as primeiras a serem danificadas pelo Alzheimer. Os cientistas enfatizam que não é possível garantir que o achado representa uma prova cabal de que tal quadro leva à demência, mas sugerem uma relação entre as condições. Comprometimento da saúde oral está relacionado à diminuição do volume do hipocampo Joseph Shohmelian para Pixabay “Na velhice, a periodontite provoca a retração da gengiva e a perda dos dentes, por isso é tão importante avaliar a potencial relação entre esse problema e o desenvolvimento de demência. Nosso estudo aponta que tal condição pode afetar a parte do cérebro que controla a memória e o raciocínio”, disse Satoshi Yamaguchi, professor da Universidade Tohoku (Japão) e coautor do trabalho. Uma boca doente é uma espécie de berçário de agentes inflamatórios que podem se espalhar pela corrente sanguínea e chegar ao cérebro, contribuindo para a sucessão de eventos que levam à demência. Israel, por exemplo, tem um projeto ambicioso para oferecer atendimento odontológico para todos os idosos acima de 65 anos, recuperando a saúde oral dos cidadãos, o que inclui limpeza, tratamento de canal e realização de implantes. No começo do levantamento, os participantes tinham, em média, 67 anos e não apresentavam distúrbios de memória. Todos foram submetidos a exames odontológicos e ressonância magnética do cérebro, para medir o volume do hipocampo. A nova rodada de check-up ocorreu quatro anos depois e os pesquisadores notaram que a presença de periodontite, de moderada a severa, e a perda de dentes estavam associadas a alterações no hipocampo. Em outro estudo, sobre os malefícios do sedentarismo, pesquisadores da Universidade de Cambridge mapearam como pessoas acima dos 60 que diminuem a atividade física pioram sua qualidade de vida. Exercícios de moderados a intensos, que elevam a frequência cardíaca, reduzem o risco de diversas enfermidades, como doença coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes e câncer. Embora o ideal preconizado seja de 150 minutos por semana, idosos se beneficiam se interromperem os longos períodos em que permanecem sentados – pelo menos ficando de pé. Foram monitorados cerca de 1.400 participantes que usavam acelerômetros, dispositivos que medem o nível de atividade física. Paralelamente, o grupo respondeu a questões sobre seu bem-estar que incluíam perguntas sobre a capacidade de cuidar de si mesmo, desconforto com dores e ansiedade. Cada indivíduo recebia uma nota de zero a um: quanto mais próximo de zero, pior a qualidade de vida. Índices baixos estavam relacionados ao aumento de risco de hospitalização e morte precoce. Os idosos foram acompanhados por seis anos e, na média, tanto homens quanto mulheres passaram a se exercitar 24 minutos menos por dia: o sedentarismo aumentou 33 minutos diários para os homens e 38 minutos para as mulheres. Uma hora de atividade física por dia significava a elevação de 0.02 na pontuação de qualidade de vida. Já cada minuto a menos de exercício fazia o placar cair 0.03 – resumindo, quem reduzisse em 15 minutos o tempo dedicado a algum tipo de “malhação” ficaria com a “nota” de 0.45.
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09/07 - Cuidado para não sabotar o seu futuro eu
Livro mostra como relutamos em valorizar nossas necessidades a longo prazo Hal Hershfield é professor de marketing, decisão comportamental e psicologia da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Mês passado, lançou “Your future self: how to make tomorrow better today” (“Seu futuro eu: como tornar o amanhã melhor hoje”), onde aborda a dificuldade de planejamento a longo prazo e como trabalhar para reverter essa “inaptidão” que embute sérias consequências. O livro é resultado de uma década de pesquisas e explora a importância de nos conectarmos com nosso eu, como explicou em palestra on-line que pode ser acessada aqui: Hal Hershfield, professor de marketing, decisão comportamental e psicologia da Universidade da Califórnia e autor de “Your future self: how to make tomorrow better today” Reprodução “Gosto de usar uma imagem do dia a dia para mostrar como nossa mente funciona. Imagine a situação: um colega de trabalho, de quem você não é próximo, pede ajuda para fazer a mudança no próximo sábado. É claro que você tem uma lista de cem coisas mais importantes para resolver e vai arranjar uma boa desculpa para se livrar do chato. O incrível é que agimos da mesma forma com nosso futuro. A tendência é nos imaginarmos como uma outra pessoa, com a qual não temos qualquer proximidade e que, portanto, não é prioridade. Quando alimentamos essa conexão, fica mais fácil tomar decisões melhores”. Hershfield afirma que devemos imaginar diferentes “futuros eus”: daqui a cinco, dez ou 30 anos. “O exercício nos incentiva a pesar a consequências de nossos atos e vale até para controlar os níveis de colesterol e a circunferência da cintura. Os danos não acontecerão com um estranho!”, enfatiza, acrescentando que, para ele, ter filhos pequenos se transformou numa ferramenta poderosa para pensar no longo prazo: “Estamos prontos para nos sacrificar por várias pessoas: nossos pais, filhos, amigos. Por que é tão difícil nos sacrificarmos por nós mesmos? E o mais interessante é que agir assim acaba impactando negativamente as pessoas que prezamos tanto, porque poderemos não estar em condições de ajudá-las”. O professor sugere uma “visualização do eu” para criar a conexão e facilitar o controle de impulsos negativos. Comece escolhendo um determinado campo – pode ser saúde, relacionamentos ou aposentadoria – e pense na versão de si que gostaria de ter daqui a um determinado tempo. Faça um esforço para criar um quadro bem detalhado, para recorrer a essa idealização quando estiver prestes a fraquejar. O arsenal de Hershfield inclui o que chama de “incentivos”, como uma bem bolada “punição” que vai depender do auxílio de um amigo: “Imagine que você belisca alimentos pouco saudáveis toda noite e estabelece que só fará isso uma vez por semana. Chame alguém de confiança, para quem você não mente, para ser seu ‘auditor’. Se reconhecer que não cumpriu a meta, ele vai usar seu cartão de crédito (na versão brasileira, um Pix) para fazer uma doação para uma causa com a qual você, definitivamente, não concorda. Parece estranho, mas é bem eficiente quando adotamos essa intervenção punitiva”. O autor sugere que cada um escreva uma carta para si mesmo no futuro, fazendo depois o caminho oposto: uma mensagem do seu eu maduro para o eu presente ainda não convencido sobre o caminho a trilhar. Tudo vale a pena para criar bons hábitos que se perpetuem.
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06/07 - Por que nossos órgãos envelhecem de forma diferente
Em nível celular, a idade biológica pode estar indo mais rápido que a cronológica Quando pensamos em nossa idade, o que vem à mente é o número que nos acompanha o ano inteiro, até o aniversário seguinte. No entanto, em nosso organismo, há nuances: os órgãos apresentam diferentes graus de envelhecimento. De acordo com os especialistas, os ovários, por exemplo, já se encontram numa fase “geriátrica” quando a mulher está na casa dos 30! É possível comparar com um carro: a pintura pode durar décadas e o motor continuar funcionando (se a manutenção for de qualidade), mas algumas peças precisam ser trocadas... Mulheres correndo: padrão de envelhecimento dos órgãos varia Milachalpadmashanti para Pixaba Muitos cientistas vêm se dedicando a estudar as características do relógio biológico e um dos primeiros a brilhar nesse campo foi Steve Horvath, da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA). Em 2013, ele apresentou seu “relógio Horvath”, capaz de medir alterações do DNA que vão ocorrendo ao longo do tempo. Os biomarcadores indicam se a idade biológica está indo mais rápido que a cronológica e hoje está claro que, em nível celular, o envelhecimento é desigual no corpo humano. O neurocientista Andrew Zalesky, professor da Universidade de Melbourne e criador do DunedinPace, um outro “relógio epigenético”, mostrou em estudo publicado na “Nature Medicine” que o envelhecimento de um sistema do corpo humano pode afetar profundamente os demais sistemas e órgãos. A degradação do sistema pulmonar tem efeito no coração que, por sua vez, provoca o declínio de outros sistemas – cada ano de envelhecimento biológico do coração representa uma “taxa extra” de mais 27 dias na idade do cérebro. O objetivo é, no futuro, transformar em alvos os órgãos que estão se desgastando mais rapidamente para tentar deter os danos sofridos e seus efeitos sobre o resto do organismo. Por enquanto, a ciência avança com uma grande parceira dos pesquisadores: a drosófila, ou mosca-da-fruta. Cerca de 75% dos genes associados a doenças que acometem os seres humanos têm um correspondente no inseto. Um time composto por profissionais de diversas instituições criou um atlas no qual mapeou o processo de envelhecimento de 163 tipos de células da mosca-da-fruta, cada uma com seu próprio padrão: enquanto as do cérebro envelhecem lentamente, as dos músculos e fígado se deterioram mais velozmente. As conclusões foram publicadas na revista “Science”.
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05/07 - Obesidade, ansiedade e inflamações: entenda como suplemento de óleo de coco pode se tornar 'vilão' na dieta
Alimento é rico em gordura saturada. Estudo realizado na Unicamp identificou alterações no sistema nervoso central após experimento em camundongos. Suplementação com óleo de coco pode causar danos à saúde, diz pesquisa da Unicamp Pixabay/Divulgação Ganho de peso, comportamento ansioso e aumento de marcadores inflamatórios são algumas das consequências do uso prolongado do óleo de coco como suplemento alimentar. É o que aponta um estudo realizado pelo Laboratório de Distúrbios do Metabolismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o professor e doutor em biologia funcional e molecular Márcio Alberto Torsoni, os pesquisadores ofereceram a um grupo de camundongos saudáveis, durante oito semanas, uma dose diária de óleo de coco equivalente ao consumo de uma colher de sopa. "A primeira coisa é que o animal ganhou mais peso. Ele aumentou a quantidade de tecido adiposo e um efeito importante relacionado a esse ganho de peso é que o animal ativou processos inflamatórios. Esses processos levam ele, por exemplo, a não perceber alguns sinais hormonais", explica Torsoni. Os impactos negativos foram percebidos na leptina e insulina, dois hormônios centrais para o metabolismo e que são responsáveis por sinalizar ao sistema nervoso, por exemplo, a sensação de saciedade e o controle dos níveis de açúcar no sangue. "Quando a gente perde essa capacidade [de sinalização], você vai diminuindo o sinal de saciedade, então você vai tendo mais fome, vai aumentando a deposição de gordura e ganhando peso. [...] Além disso, a gente também viu alguma alteração de comportamento do animal, de ansiedade e aprendizado", afirma. Processos silenciosos O pesquisador ressalta que, diferentemente de outros óleos utilizados no dia a dia, o óleo de coco é rico em ácido graxo saturado, popularmente conhecido como gordura saturada. Esse tipo de gordura é comum em produtos animais, como banha de porco, e tem grande poder inflamatório. "Consumindo de maneira crônica, isso causa problemas. E foi o que a gente viu: a ativação de processos inflamatórios no animal. A maior parte da gordura que eu tenho nesse óleo [de coco] é o que nós chamamos de gordura saturada", detalha Torsoni. O cérebro dos camundongos também foi afetado pela suplementação. De acordo com os pesquisadores, os efeitos foram percebidos no hipocampo, a região do órgão que está ligada à ansiedade e a distúrbios de comportamento. "Esses processos inflamatórios, que são silenciosos, chegam no sistema nervoso central. São moléculas produzidas pelo corpo e que são importantes, mas quando são produzidas em maior quantidade, começam a causar danos em estruturas, como os neurônios do hipocampo", diz. Imagem microscópica do tecido adiposo branco dos camundongos controle (CV) e os suplementados com óleo de coco em duas doses diferentes (CO100 e CO300). Em azul a marcação identificando núcleo celular (TROPO), em verde a marcação da perilipina marcando a célula adiposa e em vermelho a marcação (F4/80) que indica o aumento da presença de macrófagos no tecido adiposo. Marcio Alberto Torsoni Dose segura Torsoni frisa que o consumo seguro do óleo de coco é possível desde que seja feito em pequenas quantidades, conforme prevê o Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido pelo Ministério da Saúde. O importante, diz o pesquisador, é manter uma dieta balanceada e sem exageros. "Uma coisa que eu chamo atenção é que tem muita coisa na moda na internet. O que levou a gente foi exatamente isso. Há uns anos aumentou muito o número de pessoas que passou a fazer uso do óleo de coco e não tinha fundamentação científica nenhuma", destaca. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
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04/07 - Crianças e adolescentes que sobrevivem ao câncer têm risco aumentado para distúrbios psicológicos
O diagnóstico e o tratamento são traumatizantes em todas as faixas etárias, mas estudos mostram que o impacto é especialmente duro para pacientes jovens Anualmente, cerca de 300 mil crianças e adolescentes, entre zero e 19 anos, são diagnosticados com câncer, sendo que os tipos mais comuns são leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central. Nos países ricos, graças aos avanços no tratamento, mais de 80% dos jovens pacientes sobrevivem cinco ou mais anos, um aumento considerável em comparação com a década de 1970, quando essa taxa era de apenas 58%. Entretanto, no Brasil, embora o percentual varie regionalmente, a média de cura está em 65%. Crianças que sobrevivem ao câncer têm um risco aumentado para desenvolver problemas psicológicos Vitor Garcia para Pixabay Com prognósticos melhores para a doença, as complicações enfrentadas pelos sobreviventes vêm ganhando maior destaque. O diagnóstico e o tratamento são traumatizantes em todas as faixas etárias, mas estudos têm mostrado como o impacto é especialmente duro para os jovens. Eles sugerem que crianças e adolescentes que superam o câncer têm mais chances de problemas, não somente aqueles relacionados à enfermidade, mas também distúrbios psicológicos, como explica a psicóloga Jeanelle Folbrecht, diretora de um programa para adolescentes no centro médico City of Hope, em Los Angeles: “Esses jovens pacientes lidam com um enorme volume de tristeza. Não se trata apenas do peso de ter a vida abreviada, porque muitos sobrevivem, mas de uma sensação de luto sobre como suas vidas seriam sem o câncer. É um luto relativo a limitações físicas, à impossibilidade de se engajar em determinadas atividades ou esportes, e até de seguir uma carreira”. De acordo com uma meta-análise baseada em 52 estudos clínicos que somavam 20 mil participantes, os sobreviventes apresentam mais possibilidades de transtornos depois da remissão, se comparados com seus irmãos e o grupo de controle. As crianças e os jovens tinham um risco 57% maior para desenvolver depressão; 29% para ansiedade; e 56% para um quadro psicótico. O trabalho foi publicado na revista científica “JAMA Pediatrics”. Ansiedade e depressão eram particularmente recorrentes em coortes acima de 25 e 30 anos, respectivamente. No Brasil, o câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral – os acidentes estão na frente. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, no triênio 2023/2025, ocorrerão 7.930 casos na faixa entre zero e 19 anos.
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02/07 - Como cor de traje de banho pode salvar vidas
As cores das roupas de banho mudam surpreendentemente debaixo d’água e podem fazer diferença em situações de emergência. As cores das roupas de banho mudam surpreendentemente debaixo d’água e podem fazer diferença em situações de emergência Alamy via BBC Em uma bela noite no início do verão, em vez me sentar no pátio e apreciar o céu, estou no meu computador, olhando imagens e mais imagens de trajes de banho para minha filha pequena. Parece haver uma infinidade de opções. Branco com babados e estampa de conchas azuis e um chapéu de abas largas combinando. Azul-celeste com mangas curtas, enfeitado com uma sereia bordada. Sem alças, com um arco-íris em tons pastéis e um lacinho em cada ombro. Os trajes de banho são encantadores. Eles parecem confortáveis. Muitos deles são até feitos de tecidos com fator de proteção solar (FPS) de mais de 50. Só há um problema: se, Deus nos livre, minha filha tiver alguma dificuldade imprevista na água, todas essas cores e estampas irão fazer com que seja extremamente difícil encontrá-la. Pode parecer paranoia de mãe, mas as estatísticas confirmam esta preocupação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o afogamento é a principal causa de morte entre crianças com um a quatro anos de idade. E, para crianças de cinco a 14 anos, é a segunda maior causa de morte acidental, depois dos acidentes de trânsito. Os acidentes não fatais envolvendo afogamento são ainda mais comuns. Para cada criança que morre afogada, outras sete recebem atendimento de emergência. E, mesmo quando o afogamento não é fatal, ele pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo lesões cerebrais. É claro que a questão não afeta apenas as crianças. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, cerca de 236 mil pessoas morrem afogadas por acidente, o que representa cerca de 8% de todas as mortes relacionadas a lesões pessoais em todo o mundo. Tanto a OMS quanto os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) relatam que existem fatores que reduzem a possibilidade de afogamento. Eles incluem ter aulas de natação; instalar grades apropriadas em volta das piscinas domésticas (onde acontece a maior parte dos afogamentos de crianças pequenas); e manter supervisão constante das crianças quando estão perto da água. Tragicamente, dois terços das mortes de bebês por afogamento ocorrem na banheira, segundo o CDC. Mas, quando uma criança ou adulto se perde perto da água, cada segundo é importante. E especialistas indicam que existe outro fator que devemos acrescentar às medidas acima: vestir cores e tecidos que nos tornem mais visíveis na água. LEIA TAMBÉM: Não é mimimi: desânimo no treino pode ter elo com ciclo menstrual; veja atividade ideal para cada fase Perturbações na superfície da água, mesmo que pequenas, podem fazer os nadadores desaparecerem da visão – e certos padrões de estampa nas roupas de banho podem aumentar o problema Alamy via BBC Os alimentos que a OMS considera cancerígenos; veja lista Natalie Livingston já trabalhou como salva-vidas, instrutora de salva-vidas, gerente de parque aquático e inspetora de piscinas e spas. Ela é uma das fundadoras da companhia norte-americana Alive Solutions, que fornece educação, treinamento e recursos para a segurança das pessoas dentro d’água. Durante o seu trabalho em segurança na água, ela sempre aprendeu que certas cores são mais visíveis do que outras. Mas, alguns anos atrás, ela decidiu testá-las corretamente. "Em 2019, fiquei muito com meus filhos em volta da água e observei todas aquelas crianças em trajes de banho encantadores, mas que não tinham grandes cores – as crianças entrariam na água e simplesmente desapareceriam”, afirma ela. “Por isso, decidi testar as cores de verdade e ver quais seriam as mais visíveis nos diferentes ambientes." Eles colocaram diversas cores de tecido, do vermelho intenso até o verde fluorescente, sob a água a cerca de 90 cm de profundidade, em diferentes condições – contra um fundo de piscina com coloração escura, com coloração clara e em um lago, com água calma e agitada. Quando a água era agitada – como em uma piscina repleta de pessoas, por exemplo, ou nas ondas do oceano – era extremamente difícil distinguir muitas daquelas cores. É verdade que a câmera percebe as cores de forma diferente dos nossos olhos, mas Livingston explica que os resultados dos testes confirmam o que ela e seus colegas perceberam no seu trabalho como salva-vidas e instrutores de natação. As cores que tiveram os piores resultados foram os tons de azul, cinza e branco. E as cores escuras também se saíram mal. Nem todos os tons pastéis foram testados, mas eles provavelmente também oferecem pouca visibilidade – em parte, porque a água absorve e espalha a luz de forma diferente do ar, fazendo com que muitas cores percam a saturação para os nossos olhos. A água absorve facilmente os comprimentos de onda de luz maiores, que desaparecem rapidamente à medida que aumenta a profundidade. Isso faz com que as cores do lado vermelho do espectro fiquem difíceis de distinguir muito rapidamente, mesmo quando submersas em pouca profundidade. E elas não existem no fundo do oceano. Um experimento visual conduzido pelo canal educativo norte-americano PBS Learning demonstra como isso pode acontecer rapidamente no mar. A pouco menos de cinco metros de profundidade embaixo d’água, um objeto que, na superfície, era vermelho brilhante, assume um tom azul mesmo quando observado de perto. E, da superfície, tudo fica ainda mais difícil. "Em uma piscina branca, as cores mais escuras parecem sombras e, no lago marrom lamacento, as cores mais claras parecem reflexos das nuvens", explica ela. Qualquer agitação na superfície da água também altera a percepção. "[Olhar através da] água não é como olhar através do ar ou de uma janela – pode haver grandes distorções apenas com o menor movimento na superfície", afirma Livingston. Isso significa que os tons claros, escuros e neutros não são as cores ideais para alguém que precise ser facilmente identificado na água. Mesmo alguns tons brilhantes primários não funcionam muito bem. Na água agitada, o vermelho parece escuro e é facilmente confundido com uma sombra, da mesma forma que o azul brilhante. Todas estas cores parecem estar entre as mais populares para roupas de banho infantis, segundo o meu estudo (totalmente não científico) das marcas disponíveis online. E percebo ainda que as cores mais visíveis – rosa neon e laranja neon, seguidos pelo verde neon e amarelo – podem ser bastante difíceis de encontrar. Em maio de 2023, a Alive publicou outro estudo, para descobrir se tecidos lisos ou estampados faziam diferença – o que é fundamental, já que muitos trajes de banho têm padrões e estampas engraçadas. Eles concluíram que a melhor visibilidade vem de cores lisas, sem estampa, seguidas por padrões impressos muito pequenos. Mas as estampas maiores afetam a visibilidade, mesmo se a cor base for brilhante. Com padrões de listras brancas, o laranja fluorescente – a cor lisa mais visível – pareceu mais um reflexo na água durante o teste. E, com listras escuras, ele simplesmente desapareceu. 'Se beber, não nade': a perigosa ligação entre álcool e mortes por afogamento Esta descoberta pode não ser surpreendente se observarmos o mundo natural. Muitos peixes usam listras e padrões para camuflar-se debaixo d'água. Os padrões servem para disfarçar seus contornos e dificultar sua visualização. Considerando os resultados dos dois testes, Livingston recomendaria cores neon, sejam elas lisas, em cores opostas ou com pequenas estampas. Aparentemente, existem mais opções para esses trajes hoje em dia em comparação com alguns anos atrás, segundo Livingston, talvez por maior conhecimento dos fabricantes – ou porque as tendências da moda dos anos 1980 em relação às cores neon estão voltando. Mas ainda é difícil encontrar esse tipo de traje de banho para crianças ou adultos. "Os fabricantes de trajes de banho estão demorando para adotar estas informações. Muitas pessoas contam que é muito difícil encontrar roupas de banho neon", ela conta. Sou uma dessas pessoas. Depois de mais de uma hora de pesquisa na internet, encontrei apenas dois trajes de banho neon lisos: um maiô laranja neon e um biquíni esportivo amarelo fluorescente. Comprei também duas camisetas de proteção FPS 50+ em cores neon, mas precisei comprar de mangas curtas – as únicas cores disponíveis com mangas compridas eram... diferentes tons de azul. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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02/07 - Onze perfis dos consumidores maduros
Especialista afirma que a capacidade de gastos dos adultos jovens é superestimada pelo marketing e pelo varejo Na coluna de quinta-feira, abordei os 12 mitos que afastam o mercado dos consumidores maduros. A lista de estereótipos foi criada por Jeff Weiss, fundador da Age of Majority, cujo foco é estimular o varejo a corresponder às expectativas do público sênior. Hoje dou continuidade à análise que ele faz do tema, mostrando como o poder de consumo dos adultos jovens é superestimado. Weiss também apresenta 11 perfis dos 50 mais que, na sua avaliação, representam uma mina de ouro para as empresas que se dispuserem a cativá-los: Poder de consumo das pessoas com menos de 35 anos é superestimado: os mais velhos é que têm maior capacidade de compra Rudy Anderson para Pixabay “O poder de consumo das pessoas com menos de 35 anos é superestimado por 82% do mercado. Pior: 26% do varejo nem sequer considera o público acima dos 35, ou seja, ignora um grupo com a carteira recheada com 2.9 trilhões de dólares (14.5 trilhões de reais)”. O mais impressionante é como o “achismo” do mercado está distante da realidade. De acordo com levantamento da Nielsen, consultoria de análise de dados, os profissionais de marketing gastam apenas um dólar de cada dez para campanhas voltadas para o público acima dos 55 anos. “A distância entre o que se estima em termos de consumo por faixa etária e o que efetivamente ocorre é enorme. A capacidade de consumo do grupo abaixo dos 35 anos não passa de 18% do mercado, mas, se você se basear nas campanhas de marketing, esse contingente está avaliado em 38%. Já a capacidade de consumo da faixa entre 35 e 54 anos está em 42% e, os acima de 55, respondem por 40% dos gastos. O mercado deveria saber onde o dinheiro está!”, diz Weiss. Ele afirma que está em curso uma supervalorização da geração Z (os nascidos entre 1997 e 2010), perpetuando a distorção. Avalia que o problema é agravado por equipes de marketing muito jovens e com pouco repertório, que têm dificuldades de enxergar o público sênior: “Some-se a isso o etarismo. As empresas falam em diversidade e inclusão, mas os idosos não estão contemplados em sua visão”. Para entender a complexidade do envelhecimento, Weiss montou 11 perfis de consumidores maduros, que chama de “personas”, criados a partir de eixos como a filosofia de vida das pessoas, suas condições de saúde e atitude em relação à velhice. Há pontos de conexão entre eles, portanto é possível que você se identifique com mais de um: Focados na aptidão física (fitness focused): querem aproveitar todos os benefícios da malhação e dos esportes, para terem saúde e se sentirem bem. Rejeitam limites impostos pela idade. Em processo de adaptação (adapters): embora se deem conta de que será preciso fazer ajustes no estilo de vida para garantir uma longevidade ativa, estão no caminho entre a conscientização e a ação. Desafiando o tempo (age challengers): grupo que investe muito na aptidão física, mas vai além. Seu mote é não diminuir o ritmo em todas as atividades e viver novas experiências. Os exploradores (life explorers): não deixam que o envelhecimento os impeça de viver novas experiências. São os potenciais “early adopters”, consumidores que logo incorporam novos produtos e serviços. Os perfeccionistas (peak performers): estão sempre tentando fazer o melhor, não importa em que área. Procuram ferramentas para manter sua excelência. Os pouco ambiciosos (contented coasters): têm consciência da importância de se cuidar, mas seu foco está mais no presente do que no futuro. Não gostam de ser pressionados em questões envolvendo saúde. Batalhando pela saúde (health battlers): convivem com doenças crônicas que podem até trazer algum tipo de incapacidade e gostariam de marcas que os ajudassem a garantir seu bem-estar. Apreciadores da vida (life embracers): com uma visão positiva das coisas, querem viver os pequenos bons momentos: um jantar com amigos, um bom vinho, um programa cultural. Os aprendizes (lifelong learners): querem continuar aprendendo e buscando soluções para suas vidas e a dos que os rodeiam. Perseguem produtividade, independência e autonomia. Os fazedores (producers): sua principal motivação é se manter ativos, envolvidos em projetos. Para quem está de fora, parece que nunca conseguem relaxar. Boa parte dos empreendedores mais velhos está nessa categoria. Guardiões de relacionamentos (relationship keepers): seu perfil é de cuidador, sua vida gira em torno da família e dos amigos. Serviços associados ao bem-estar das pessoas os interessam, porque estão sempre pensando em como ajudar os outros.
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01/07 - Simuladores de Marte podem acelerar o turismo espacial; entenda como é viver neles
Antes de se tornar a quarta mulher negra a ir ao espaço, Sian Proctor participou de experimentos em locais na Terra que imitam o espaço. Ela contou ao g1 que os testes incluem controle contra desperdícios para tornar futuras viagens mais eficientes. Sian Proctor, da missão da SpaceX à orbita terrestre Inspiration4/John Kraus A Nasa e o bilionário Elon Musk, dono da fabricante de foguetes SpaceX, são alguns dos que têm um plano antigo de mandar seres humanos para Marte. Mas antes que isso aconteça, são necessários vários testes para simular como será a experiência de uma pessoa em outro planeta. Esses experimentos, que também podem contribuir com planos de levar turistas para a Lua, são feitos por astronautas análogos. É o caso de Sian Proctor, que esteve em três simuladores de Marte e um, da Lua. "Tornar-se uma astronauta análoga, que é alguém que ajuda a promover o voo espacial humano vivendo em simulações de Lua e de Marte aqui na Terra mudou minha vida", disse Sian ao g1 na quinta-feira (29), durante o evento de tecnologia Universo TOTVS. Sian foi professora de geologia e ciências por 22 anos e, em 2009, ficou perto de se tornar astronauta da Nasa. Em 2021, ela se tornou a quarta mulher negra a ir para o espaço ao participar da missão da SpaceX. O voo foi o primeiro que chegou à órbita terrestre apenas com tripulação civil. VÍDEOS: relembre a missão da SpaceX à órbita da Terra A primeira simulação de Sian foi a HI-SEAS, que analisou como seria o uso de energia, água e comida em Marte e qual seria a melhor alimentação para astronautas. No teste, feito em 2013, um grupo de seis pessoas ficou confinado por quatro meses em uma instalação no Havaí, nos Estados Unidos. Os participantes tinham que usar trajes espaciais quando saíam para fazer análises do solo no entorno do acampamento, que fica próximo do vulcão Mauna Loa – a composição do solo de Marte é parecida com a do solo do Havaí. HI-SEAS, instalação no Havaí usada para simular missões para Marte Michaela Musilova/HI-SEAS/Divulgação Como foi o 1º voo comercial da Virgin Galactic ao espaço Golpe com nome da Shein atrai vítimas por YouTube, Google e apps Eles tiveram ainda a missão de pilotar à distância um rover (robô espacial) que estava no Canadá. Com um espaço individual limitado e pouca privacidade, os astronautas análogos também tiveram que administrar conflitos pessoais enquanto estavam na cúpula. Sian explicou que as simulações são projetadas para evitar desperdícios. Por exemplo, alimentos são desidratados para ficarem mais leves. Isso diminui a carga de espaçonaves, o que torna os voos mais baratos, mas também serve de aprendizado para quem fica na Terra. "Tudo isso é criado para nos tornar mais eficientes. Solucionar a questão para o espaço é solucionar também para a Terra. Estamos indo lá para sermos melhores aqui". Cientista Yajaira Sierra-Sastre durante atividade ao redor da HI-SEAS, em 2013 Sian Proctor/HI-SEAS/Divulgação "O trajeto para a Lua e Marte é por meio desses locais análogos, porque é onde aprendemos a viver, trabalhar e nos divertir em um ambiente confinado e isolado", explicou Sian. "Para mim, isso é animador por causa da pesquisa que resulta disso". Para ela, experimentos como esses podem permitir que seres humanos façam viagens para destinos mais distantes no espaço. "Começa nos espaços análogos aqui na Terra para colônias reais na Lua e, então, para assentamentos em Marte", afirmou. Segundo Sian, o processo também depende do avanço dos veículos espaciais mais potentes, como a Starship, da SpaceX, e a New Glenn, da Blue Origin. "Precisamos das empresas e do governo a bordo do avanço dos voos espaciais com humanos porque isso mudará a humanidade para sempre". Nova simulação de Marte No último domingo (25), um novo grupo entrou em uma simulação de Marte. Quatro cientistas ficarão isolados durante um ano em uma casa de 157 m² no Johnson Space Center, em Houston, nos Estados Unidos. O espaço foi batizado de Mars Duna Alpha e foi feito em uma impressora 3D com uma mistura de concreto que imita a lava de um vulcão. O experimento vai monitorar a saúde dos voluntários para entender como seres humanos sobreviveriam em Marte. Pessoas vão viver por mais de um ano simulando condições de Marte
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29/06 - Doze mitos sobre os consumidores maduros
Pessoas acima dos 55 anos detêm 70% da riqueza e respondem por 40% dos gastos globais. Jeff Weiss trabalhou durante três décadas na área de marketing, período durante o qual assistiu à expansão do fenômeno da longevidade e ao progressivo empoderamento dos 50 mais – e, claro, também envelheceu. Só uma coisa pouco mudou: a miopia do mercado e das campanhas publicitárias, que insistem em ignorar esse contingente. Foi o que o motivou a criar a Age of Majority e cunhar a expressão “active aging consumers” (o equivalente a consumidores maduros ativos). Agora dedica-se a aproximar o varejo desse público com dinheiro no bolso, mas quase sempre deixado para trás em lançamentos e campanhas de marketing. Vamos aos 12 mitos que, na sua opinião, são calcados em estereótipos, não passam de manifestações de preconceito contra a velhice e emperram o crescimento de marcas e serviços: Jeff Weiss: mercado não vê o potencial dos consumidores maduros ativos Divulgação “Com o pé na cova”: trata-se da leitura de que envelhecer é deprimente e não há motivo para se viver. A realidade: as pessoas são mais felizes na faixa entre 60 e 80 anos porque têm mais tempo e dinheiro, além de vontade de explorar o que ainda não conhecem, ou seja, o senso de aventura está de volta! “O que é bluetooth?”: papo furadíssimo esse de que os maduros não se entendem com a tecnologia. Os acima dos 55 são dos mais engajados em adotar ferramentas digitais. “Não se ensina truque novo a cachorro velho”: o ditado inglês do século XVI caducou, porque se aplicaria a indivíduos presos a crenças e que se recusam a experimentar algo novo. No entanto, metade desse grupo se interessa em degustar produtos e serviços. “Não esqueça do meu desconto de idoso”: os consumidores acima dos 50 detêm 70% da riqueza e respondem por 40% dos gastos globais. Desconto é bom, mas eles são bem mais valiosos do que o mercado percebe. “Cai e não consegue se levantar”: a atividade física vem se expandindo entre os idosos e mesmo os que têm algum tipo de restrição de mobilidade não querem abrir mão da sua rotina. “Você está ótimo/a para a sua idade”: os mais velhos tendem a se sentir mais confortáveis com sua aparência do que os que estão na faixa entre os 18 e 34 anos. O mercado tem que entender que lida com gente com muito mais autoconhecimento e autoconfiança. Fora do circuito: a ideia de que idosos vivem em instituições ou não têm vida própria não encontra respaldo na realidade. A maioria vive com independência e busca marcas, produtos e serviços que atendam às suas necessidades de bem-estar. “Quando eu era da sua idade”: ledo engano imaginar que os maduros estão desconectados e só querem saber do tempo que passou. Seus planos: aproveitar o bônus da longevidade para realizar seus sonhos. Manter distância: outra premissa falsa é a tese de que mirar nos consumidores mais velhos afastaria os jovens das marcas. Weiss afirma que campanhas bem construídas aproximam gerações. “Já teve dias melhores”: não há relação entre idade e desempenho, apesar de tal estereótipo ainda contaminar o ambiente corporativo. Testado e aprovado: a falácia de que gente mais velha se guia apenas pelas mídias tradicionais na hora de decidir uma compra. Pesquisas mostram que são indivíduos que incorporaram o mundo digital para consumir. “Ah, se eu pudesse ser jovem de novo”: maduros ativos aceitam com prazer as pessoas que se tornaram e não gostariam de voltar a ser o que eram quando jovens. Na coluna de domingo, os perfis dos consumidores maduros.
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27/06 - Bactérias alteradas na flora intestinal podem indicar Doença de Alzheimer
Microbiota das pessoas que se encontram na fase pré-sintomática de demência é diferente da de indivíduos saudáveis. Pessoas nos estágios iniciais da Doença de Alzheimer – quando o cérebro já sofreu alterações, mas os sintomas ainda não se manifestaram – apresentam um conjunto de bactérias nos intestinos que difere das normalmente presentes em indivíduos saudáveis. Essa é conclusão do estudo de pesquisadores da faculdade de medicina da Washington University em St. Louis, publicado no meio do mês na revista “Science Translational Medicine”. O trabalho sugere que a análise da microbiota (ou microbioma) pode ser uma ferramenta importante para adotar medidas preventivas que detenham o avanço da enfermidade. Gautam Dantas, professor de medicina genômica: associação entre intestinos e cérebro Washington University “Não sabemos se os intestinos influenciam o cérebro ou vice-versa, mas a associação entre eles tem valor em ambos os casos”, afirmou Gautam Dantas, professor de medicina genômica e um dos autores da pesquisa. “Pode ser que as mudanças na microbiota sejam um espelho das alterações no cérebro. A outra alternativa é que o microbioma contribua para o Alzheimer. Neste caso, intervir em sua constituição com probióticos ou transplantes fecais seria capaz de mudar o curso da enfermidade.” Os cientistas já sabiam que a microbiota em pacientes com Alzheimer apresentava modificações se comparada com a de pessoas saudáveis da mesma idade. No entanto, o período pré-sintomático ainda não havia sido analisado. Trata-se de uma fase que pode durar duas décadas e, apesar do progressivo acúmulo de placas de proteína beta-amiloide, não há sinais de declínio cognitivo. Os 164 participantes do estudo forneceram amostras de sangue, fezes e líquido cefalorraquidiano, que banha o sistema nervoso central. Também mantiveram um diário de sua alimentação e se submeteram a ressonância magnética e Pet-Ct neurológico, que combina duas técnicas para a captação de imagens de alta resolução. Os exames revelaram que 49, embora sem sintomas, se encontravam no estágio inicial da doença. Era flagrante a diferença na composição da microbiota dos dois grupos. Mais um estudo, divulgado recentemente na revista “Neurology”, mostra que pacientes com doença inflamatória intestinal – como Doença de Crohn, colite ulcerativa e outros tipos de colites – têm um risco aumentado em 13% de sofrer um acidente vascular cerebral, num prazo de 25 anos depois do diagnóstico. O levantamento contou com 85 mil participantes com doença inflamatória intestinal confirmada através de biópsia. Para cada um deles, havia cinco pessoas saudáveis, do mesmo sexo e ano de nascimento. No total, o universo pesquisado era composto por quase 407 mil indivíduos. No acompanhamento realizado durante 12 anos, a taxa de pacientes com a enfermidade que tiveram derrame ficou em 32,6 em cada 10 mil; entre os sem, foi de 27,7 em 10 mil.
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26/06 - John B. Goodenough, pessoa mais velha a ganhar um Prêmio Nobel, morre aos 100 anos
Americano ganhou o Nobel de Química pelo desenvolvimento de baterias de íons de lítio. Ele tinha 97 anos quando recebeu o Prêmio Nobel de Química de 2019. O cientista John Goodenough, um dos vencedores do Nobel de Química de 2019. Peter Nicholls/Reuters Pessoa mais velha a ganhar um Prêmio Nobel, John Goodenough, pioneiro no desenvolvimento de baterias de íon-lítio que hoje alimentam milhões de veículos elétricos em todo o mundo, morreu no domingo (25), apenas um mês antes de seu 101º aniversário. 👉 Goodenough tinha 97 anos quando recebeu o Prêmio Nobel de Química de 2019 - junto com o britânico Stanley Whittingham e o japonês Akira Yoshino, por suas respectivas pesquisas sobre baterias de íon-lítio - tornando-o o ganhador mais velho de um Prêmio Nobel. 📱 A bateria de íons de lítio criada por Goodenough se tornou popular a partir da década de 1990 e revolucionou a telefonia móvel. "Esta bateria recarregável lançou as bases da eletrônica sem fio, como telefones celulares e laptops", disse a Real Academia Sueca de Ciências ao entregar o prêmio. E acrescentou: “Também torna possível um mundo livre de combustíveis fósseis, já que é usado para tudo, desde alimentar carros elétricos até armazenar energia de fontes renováveis”. No vídeo abaixo, veja a entrega do Nobel ao trio que desenvolveu baterias de íons de lítio. Nobel de Química vai para trio que desenvolveu baterias de íons de lítio Nos últimos anos, Goodenough e sua equipe também exploraram novas direções para o armazenamento de energia, incluindo uma bateria de “vidro” com eletrólito de estado sólido e eletrodos metálicos de lítio ou sódio. Ele nasceu em 25 de julho de 1922, em Jena, na Alemanha. O americano foi “um líder na vanguarda da pesquisa científica ao longo das muitas décadas de sua carreira”, disse Jay Hartzell, presidente da Universidade do Texas em Austin, onde Goodenough foi membro do corpo docente por 37 anos. Até então, o mais velho laureado era Arthur Ashkin, de 96 anos, que ganhou o Nobel em 2018 por sua pesquisa em pinças ópticas e a aplicação delas em sistemas biológicos. Veja também: Celular em conta: g1 testa 5 modelos com 5G e bastante bateria Conheça sete medidas simples para economizar a bateria do seu celular
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25/06 - Kate Lyra vai muito além de um bordão
Conhecida pela frase “brasileiro é tão bonzinho”, atriz continua na ativa e atua em diferentes projetos Atriz, escritora, roteirista, diretora de cinema, pesquisadora, produtora musical, cantora, letrista de canções gravadas, entre outros, por Sérgio Mendes. Kate Lyra é tudo isso, embora, para milhões de brasileiros, seu nome vá estar sempre associado ao bordão que a consagrou em programas humorísticos na década de 1970. O público amava a personagem que, ingenuamente, acreditava que “brasileiro é tão bonzinho” quando, na verdade, era alvo de investidas masculinas das mais calhordas. Na verdade, o bordão já existia. Fora utilizado, com sucesso, pela atriz romena Jacqueline Myrna, com sotaque francês. Hoje em dia, o quadro provavelmente seria cancelado nas redes sociais devido ao viés machista, mas Kate nunca se deixou aprisionar pelo rótulo de “pin-up”, abrindo inúmeras frentes de trabalho e militância. Kate Lyra: escritora, roteirista, diretora de cinema, pesquisadora, produtora musical Mariza Tavares “Devo ser a única pessoa no mundo que conseguiu um papel porque falava abominavelmente o português”, diverte-se. Como modelo, começou a trabalhar aos 17 anos, e também cantava e dançava. Seu agente a levou para um teste no México, onde o músico Carlos Lyra, 16 anos mais velho, se dedicava à montagem do musical “Pobre menina rica” para a TV daquele país. Foi paixão à primeira vista. Casaram-se em 1969 e, em 1971, vieram para o Brasil, onde nasceu a filha do casal, a cantora e compositora Kay Lyra. Para descomplicar a vida, Katherine Lee Riddell Caughey adotou o sobrenome do marido. Ficaram juntos até 2004. No dia 3 de julho, Kate completará 74 anos em plena atividade. Desde 2007, seu parceiro profissional e de vida é Steve Solot, uma referência no setor audiovisual norte-americano e brasileiro. Depois de mais de uma década como executivo da Motion Pictures Association na América Latina, que representava os grandes estúdios, ele ocupou cargos na Netflix e na Rio Film Commission. Coincidentemente, ambos nasceram no estado do Arizona, e foi lá que oficializaram o casamento, em 2017. “Estamos sempre desenvolvendo novos projetos. É muito bom quando se tem um parceiro com a mesma energia e curiosidade sobre o que acontece no mundo”. Os dois acabaram de lançar um curso de inglês técnico para profissionais da área de audiovisual em três níveis: básico, intermediário e avançado. O objetivo é qualificar a mão de obra que atua nos bastidores, de maquiadores e continuístas a eletricistas e técnicos de som. “Com o streaming, há muitas possibilidades de coprodução, mas as equipes precisam dominar o inglês para ter oportunidades na carreira”, explica. Uma versão em espanhol está a caminho. No segundo semestre, realizarão a 14ª. edição do Latin American Global Film & TV Program, em Los Angeles, que atrai não apenas participantes brasileiros, mas também de outros países. O programa inclui palestras dadas por especialistas e acesso ao American Film Market, um dos maiores eventos do mercado de produtores independentes. Inclui ainda uma sessão de “pitch” e Kate se encarrega de preparar o que não se sentem à vontade para apresentar suas propostas em inglês. Como pesquisadora do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Candido Mendes, que tinha um núcleo de estudos musicais, ficou fascinada com o universo do rap e do funk. Escreveu dois artigos acadêmicos publicados aqui e nos EUA, além de viver uma experiência inesquecível ao sair de um baile na favela com outros pesquisadores: “Estava dirigindo e fomos parados. Um dos policiais inclusive apontou para o relógio e disse: ‘isso é hora de estar saindo da favela? Vão me dizer que têm parentes que moram lá?’. Comecei a explicar que estávamos ali para fazer uma pesquisa e notei que cochichavam entre si: ‘é aquela do brasileiro tão bonzinho’. E nos deixaram ir, graças ao bordão”. A receita de Kate para envelhecer bem? Além de estar sempre envolvida em novos projetos, faz ginástica todo dia e check-ups regularmente. Sobre dietas, é categórica: “nessa idade, já sabemos o que devemos ou não comer”. Usa uma citação do escritor Robert Louis Stevenson como um de seus mantras: “O mundo é tão cheio de coisas maravilhosas que todos deveríamos ser felizes como reis” (“The world is so full of such wonderful things, I think we all should be happy as kings”). “A frase continua me alimentando. Também me move uma fala de Vinicius de Moraes, durante uma entrevista, quando lhe perguntaram se tinha medo da morte: ‘não, eu tenho é saudades da vida’. Hoje posso dizer, com grande compreensão, que tenho muitas saudades da vida, que dança a nosso redor, e que cada momento é precioso”.
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22/06 - Será que é saudável a tecnologia fazer a mediação da saúde?
Professor de filosofia alerta para os limites éticos que surgem com a expansão da inteligência artificial. Nolen Gertz, professor assistente de filosofia aplicada na Universidade de Twente, na Holanda, dedica-se a um assunto que, diante da expansão da inteligência artificial, vem ganhando cada vez mais relevância: a ética na tecnologia. Autor de “Nihilism and technology” (“Niilismo e tecnologia”), ele revisita o trabalho do filósofo Friedrich Nietzsche, um dos expoentes dessa corrente e conhecido por uma frase tão polêmica quanto incompreendida: “Deus está morto”. E afirma que corremos o risco de entronizar a tecnologia no lugar da religião: Nolen Gertz, professor assistente de filosofia aplicada na Universidade de Twente Divulgação “Nenhuma tecnologia é neutra. Ela muda a forma como nos relacionamos com o mundo. Influencia nossa percepção, nossa experiência, e muda a ética”. No século XIX, Nietzsche questionava a crença arraigada na religião. Caberia ao ser humano rejeitar os valores e princípios que funcionavam como amarras. Gertz faz um paralelo e afirma que a sociedade contemporânea está fazendo uma escolha arriscada: “Nietzsche dizia que Deus está morto. Agora, a tecnologia é Deus. A ideia de que a inteligência artificial nos fará viver mais está atrelada a uma projeção de gastos, somente em 2023, de 20 bilhões de dólares em dispositivos como os wearables, que coletam informações sobre a saúde e atividades físicas da pessoa. É como se o corpo fosse uma máquina cujas peças pudessem ser trocadas, como se devesse ser curado tecnologicamente”. Ele citou pesquisa da empresa de consultoria PwC na qual 70% dos entrevistados querem wearables que os ajudem a viver mais; 60% esperam que a tecnologia os auxilie a manter um peso saudável; e 60% gostam da ideia de headphones que monitorem o estado de espírito do usuário e escolham a música a partir dessa análise. Gertz é especialmente crítico em relação ao movimento conhecido como transhumanismo, que propõe a utilização das tecnologias emergentes para atingir o máximo da potencialidade da evolução humana: medicamentos antienvelhecimento, implante de sensores, intervenções em nível celular, manipulação genética e por aí vai: “Para o transhumanismo, a natureza é falha, por isso há câncer, envelhecimento, câncer, demência, sofrimento, e a tecnologia é a ferramenta no esforço contínuo contra as falhas. Mas ver a tecnologia como solução para os problemas da vida nos leva a ver a vida como um problema”.
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21/06 - Lucia Hippolito sabia que não veria 2024
Cientista política que ficou tetraplégica há 11 anos, vítima da Síndrome de Guillain-Barré, tinha câncer metastático No fim de maio, recebi uma mensagem de Lucia Hippolito, me lembrando que não nos víamos há alguns meses – estava certa, nosso último encontro tinha sido em dezembro de 2022. Volta e meia enviava uma gravação bem-humorada, dizendo: “sou como um monumento público, estou aberta à visitação!”. Lucia Hippolito: serenidade diante do diagnóstico de metástase Mariza Tavares Sua vida mudara radicalmente em 2012, quando, no auge da trajetória profissional, ancorava o programa “CBN Rio”, na Rádio CBN. De férias em Paris, perdeu completamente os movimentos na véspera do retorno ao Brasil. Tratava-se de uma forma gravíssima da Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que afeta os grupos musculares. Foram três meses de internação, sendo 48 dias intubada, até poder pegar um voo de volta, já presa a uma cadeira de rodas. Combinei de ir à sua casa na segunda-feira seguinte e, a caminho do apartamento em Ipanema, na Zona Sul do Rio, me dei conta de que seu aniversário se aproximava. Ano passado, no dia 29 de junho, convidara 15 amigas para comemorar os 72 anos. Apesar de todas as limitações que a tetraplegia lhe impunha, nos recebeu na sala, sentada numa poltrona, impecavelmente arrumada (como sempre) e maquiada. No entanto, esse encontro era diferente daquele que me levou a escrever, a seu pedido, uma coluna sobre como estava em dezembro de 2021. Usava o colar que eu lhe dera de presente de aniversário, mas más notícias me esperavam na visita do dia 5 de junho. Em setembro de 2022, Lucia havia sido diagnosticada com câncer no colo do útero e se submetera a uma histerectomia total, com a retirada também dos ovários. O tumor tinha 4cm e a recuperação havia sido satisfatória, mas, no meio de maio, sentiu fortes dores na coluna e no abdômen. Uma ressonância magnética da coluna e uma tomografia computadorizada do pulmão e abdômen não deixaram dúvidas: “O câncer se espalhou. Tenho metástase na coluna, no abdômen e no pulmão. No pior cenário, tenho mais três meses; no melhor, seis. Os médicos estudam a possibilidade de eu fazer imunoterapia, mas já disse que, se tiver que sair desta cama, não farei qualquer tratamento. O que não quero, em hipótese alguma, é sentir dor”. Mesmo sob o impacto da situação, tomou todas as providências, como redigir o documento com suas diretivas antecipadas de vontade, que dispõe sobre os procedimentos a que uma pessoa deseja ou não ser submetida quando estiver com uma doença sem possibilidades terapêuticas e impossibilitada de manifestar sua vontade. No testamento, pediu que as cinzas sejam espalhadas na Place des Vosges, um dos cartões-postais de Paris, a cidade que ama e que visitava duas vezes por ano. O desejo será cumprido por Regina, sua irmã. “Tive uma vida plena, cheia de conquistas. Fui muito amada por Edgar (Flexa Ribeiro), com quem estou casada há 51 anos. Digo que não me arrependo de nada, mas me arrependo, sim, de não ter visitado o Egito e a Rússia, porque adoraria ter conhecido o Museu Hermitage, em São Petersburgo”. Perguntei onde encontrava força e me disse que, depois de tantos anos enfrentando as sequelas da doença, os longos períodos de depressão tinham sido substituídos por serenidade. Consumidora voraz de séries, me deu inúmeras indicações do que ver. Conversamos sobre política, que continua acompanhando, e brindamos com um espumante espanhol. À vida. Pediu-me para escrever sobre seu estado, mas que aguardasse até falar com as pessoas mais próximas sobre a gravidade da situação. Não deu tempo. Internada no último sábado, hoje Lucia nos deixa. Órfãos da sua inteligência.
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20/06 - 'Feliz por conversar', os bancos com design especial para combater a solidão
Iniciativa surgiu no País de Gales em 2019 e se espalhou por diversas cidades Tentamos ignorar as pessoas que dividem o espaço urbano conosco. No ponto de ônibus, no metrô ou numa praça, fingimos que os outros não existem, cada um mergulhado no universo do seu celular. Em maio, Vivek Murthy, que ocupa o cargo de “surgeon general” nos EUA – responsável pelo serviço de saúde pública do país – divulgou documento alertando sobre a extensão da crise de solidão vivida pelos norte-americanos. Banco ‘feliz por conversar’: ideia foi criação de Allison Owen-Jones, do País de Gales Divulgação Mesmo antes da pandemia, metade dos adultos relatava sofrer pelo menos algum grau de isolamento. Felizmente, um movimento iniciado no Reino Unido vai na direção oposta: são os bancos batizados como “Feliz por conversar”: com cores fortes, eles têm um design especial para incentivar o contato interpessoal. Allison Owen-Jones teve a ideia ao observar um idoso ficar 40 minutos sentado sozinho num parque de Cardiff, no País de Gales, onde mora. “Não sabia como me aproximar sem parecer estranho, mas imaginei como seria bom fazer com que os outros soubessem que estamos disponíveis para bater papo”, ela conta. Foi assim que surgiu o banco da conversa, com a frase: “Happy to chat bank. Sit here if you don´t mind someone stopping to say hello” (“Banco ‘feliz por conversar’. Sente-se aqui se não se importa de alguém parar para dizer alô”). Em maio de 2019, começou a colar pequenos cartazes com esses dizeres e a iniciativa não só foi encampada por organizações não governamentais como se espalhou: Canadá, Estados Unidos, Austrália e Suíça foram algumas das nações a abraçar a causa. Na Polônia, o “gadulawka”, como é chamado, traz o convite em polonês, hebraico e inglês. No Zimbabwe, são os “bancos da amizade” e podem servir, inclusive, para sessões terapêuticas. No Zimbabwe, os “bancos da amizade” podem servir, inclusive, para sessões terapêuticas Divulgação Agentes de saúde recebem um treinamento básico em terapia cognitivo-comportamental com foco em solução de problemas. Em termos práticos, os participantes aprendem a identificar a causa de sua ansiedade ou depressão e a buscar soluções. O objetivo é livrar as pessoas da “kufungisisa” (“pensar demais”). Modelo semelhante foi implantado no Malawi, Quênia e em Zanzibar. Pode ser que, dos encontros, não surjam relacionamentos profundos, mas a sensação de invisibilidade tende a diminuir. Torço para que a proposta chegue aqui.
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18/06 - “O declínio cognitivo não deveria ser encarado como algo inevitável. Essa é uma trágica derrota da medicina”, diz especialista
O médico David Dodick, professor emérito da Mayo Clinic, sugere o check-up do cérebro como rotina “Infelizmente, ainda não fazemos um check-up do cérebro, embora já tenhamos tecnologia para isso. Seria a melhor forma de mapear o risco do declínio cognitivo e intervir precocemente. Do contrário, a longevidade pode ser uma maldição, e não um bônus”. As palavras, duras, são do médico David Dodick, professor emérito da Mayo Clinic e adjunto da Thomas Jefferson University, entre outras instituições. Assisti à palestra on-line que deu na quinta-feira, na qual apontava a questão como prioridade para a saúde pública global: David Dodick, professor emérito da Mayo Clinic: check-up do cérebro deveria ser rotina Reprodução “O declínio cognitivo não é o caminho natural, nem deveria ser encarado como algo inevitável. Essa é uma trágica derrota da medicina”. As estatísticas são alarmantes: as doenças do cérebro afetam uma em cada três pessoas e são a principal causa de incapacidade, além de apresentarem o maior crescimento entre as doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão ou câncer. “80% dos casos de derrame e 40% dos de demência podem ser evitados. Os países de baixa e média renda respondem por 80% do peso das doenças relacionadas ao cérebro. Quero ser otimista e imaginar que os governos investirão em programas para mudar este cenário”, frisou. Dodick listou os 12 fatores de risco que respondem por 40% dos casos de demência: hipertensão, diabetes, obesidade, perda de audição, poluição atmosférica, consumo excessivo de álcool, traumas na cabeça, isolamento social, depressão, fumo, falta de atividade física e baixa escolaridade. Fazendo uma comparação com os EUA, estamos, como eles, em maus lençóis: lá, são 37 milhões diabéticos, quase 50% dos adultos têm hipertensão e apenas um em cada quatro norte-americanos se exercita. Dois terços têm sobrepeso e, desses, 42% são obesos, mas menos de 2% estão em tratamento. No Brasil, há 17 milhões de portadores de diabetes – somos o quinto país com maior incidência, atrás de China, Índia, EUA e Paquistão. São 30 milhões com hipertensão e 22.4% da população apresentam um quadro de obesidade. No quesito atividade física, também vamos mal das pernas: menos da metade se exercita. “O Alzheimer atinge um em cada dez idosos acima dos 65. É importante lembrar que se passam 20 anos até os sintomas surgirem, portanto trata-se de uma janela de oportunidade para a detecção precoce. Assim é possível tentar retardar o aparecimento da doença, atenuar sua manifestação e ganhar tempo até outras terapias estarem disponíveis”, explicou. Há indicadores clínicos que precedem o estabelecimento de uma enfermidade, conhecidos como sintomas prodrômicos. No Parkinson, por exemplo, constipação, perda parcial do olfato (hiposmia) e o movimento involuntário dos olhos (nistagmo) são sinais de alerta que antecedem os tremores. Por isso, o “check-up” do cérebro se torna tão relevante, incluindo exames de sangue, imagens neurovasculares, avaliação de visão, audição, discurso, fala, equilíbrio e sono. Aliás, sobre o sono, o professor é incisivo: “Eu costumava me gabar de que precisava de apenas cinco horas de sono para me refazer, mas os dados são incontestáveis e perturbadores. Na verdade, o que parece ser uma vantagem (dormir pouco) vai diminuindo a capacidade produtiva. E a insônia é um fator de risco tratável”. O médico ainda citou medicamentos como a metformina e os inibidores SGLT2 que, embora sejam utilizados para o controle do diabetes, são neuroprotetores, reduzindo o risco de Alzheimer. O treinamento cognitivo é outra ferramenta valiosa para preservar as funções cerebrais, como o Teste de Stroop: aquele no qual temos que ler não a palavra escrita, e sim a cor na qual está impressa. Por fim, propõe um esforço coordenado das diversas entidades médicas: “temos que acabar com a medicina de silos, é preciso que as sociedades de diabetes, cardiologia e neurologia trabalhem juntas”.
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17/06 - Público visita centro que abriga o Sirius para atividades interativas no universo da ciência
Adultos e crianças participaram de 85 atividades interativas que incluíram práticas nos laboratórios, demonstrações tecnológicas, palestras e oficinas. Público visitou o CNPEM neste sábado Gabriela Ferraz/EPTV Um dos maiores centros de produção científica do Brasil, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), abriu as portas neste sábado (17) para apresentar o Sirius, um dos aceleradores de partículas mais avançados do mundo, e outros superlaboratórios com trabalhos nas áreas de biociências, nanotecnologia e biorrenováveis. O programado, chamado de "Ciência Aberta", proporcionou a crianças e adultos um contato direto com os cientistas. As 85 atividades interativas incluíram práticas nos laboratórios, demonstrações tecnológicas, palestras e oficinas. O evento começou às 8h e segue até 17h. CLIQUE AQUI E VEJA TODAS AS ATIVIDADES DO CIÊNCIA ABERTA 2023 O evento aconteceu em um dia marcado por tristeza no CNPEM. O pesquisador João Leandro Brito Neto, de 39 anos, morreu baleado na noite de sexta-feira (16) enquanto conduzia o motocicleta da montadora BMW. A instituição emitiu uma nota lamentando a perde do colaborador. "É com grande pesar que anunciamos a inesperada perda de João Leandro Brito Neto, um colaborador extremamente querido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Esse falecimento é sentido não apenas por sua equipe de trabalho, nas linhas de luz do Sirius, mas por toda a nossa organização", comunicou a instituição. João Leandro era especialista no grupo Controle e Integração da Divisão de Engenharia de Linhas de Luz. O centro de pesquisa também destacou que João foi um voluntário entusiasmado em todas as edições do Ciência Aberta, evento programado justamente para este sábado. "Enfrentar essa perda, especialmente em um dia como hoje, que o CNPEM se preparou para receber a visita de toda a sociedade, é um desafio imenso para todos nós [...] É importante que, como comunidade, nos apoiemos mutuamente, compartilhando nossas memórias carinhosas e dedicando todo o trabalho de hoje ao João Leandro", finaliza. O que é o Sirius? Principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de "raio X superpotente" que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas. Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos. Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo. CNPEM abriu as portas ao público neste sábado Gabriela Ferraz/EPTV VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas.
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15/06 - Falta de cuidado é violência que compromete a velhice negra
Estudos mostram que uma vida sob os efeitos negativos do racismo torna a Doença de Alzheimer prevalente entre afrodescendentes. As desigualdades sociais se encarregam de forjar velhices bem diferentes e a data de hoje – Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa – é uma boa oportunidade para falar da violência contra a população negra que, desde cedo, coleciona investidas contra seu bem-estar. Estudo apresentado em 2021 por Roudom Ferreira Moura, doutor em epidemiologia pela USP, mostrava que os idosos negros na cidade de São Paulo tinham piores condições de renda, escolaridade, hipertensão e acesso a serviços privados que os brancos. Também avaliavam sua saúde negativamente: 47,2% dos pretos e 45,5% dos pardos descreveram seu quadro como regular, ruim ou muito ruim, enquanto, entre os brancos, foram 33%. População negra: falta de cuidado compromete a velhice e aumenta risco de morte prematura Ace Spencer para Pixabay Reportagem impecável dos jornalistas da Associated Press, que coletaram dados ao longo de 2022, constatou que os afrodescendentes norte-americanos têm piores índices em todos os quesitos relacionados à saúde: de mortalidade materna e infantil a dificuldades para conseguir tratamento para distúrbios mentais. Alguns dos dados: 14,8% dos bebês negros nasceram prematuramente em 2021, um percentual acima de qualquer outra etnia. 18% dos jovens negros relatam serem expostos a um trauma racial com frequência, sendo que 50% enfrentam sintomas de depressão de moderados a severos. Uma vida sob os efeitos negativos do racismo torna a Doença de Alzheimer prevalente no grupo. 14% dos negros americanos acima dos 65 anos têm Alzheimer, em comparação com 10% dos brancos. A expectativa é de que o número de casos quadruplique até 2060. 75% dos afrodescendentes norte-americanos têm chances de desenvolver um quadro de hipertensão aos 55 anos. O racismo estrutural afeta o paciente negro. James Sims era um cirurgião norte-americano do século XIX que chegou a ser conhecido como o pai da moderna ginecologia. Numa época em que era tabu examinar os órgãos femininos, desenvolveu uma técnica para corrigir a fístula vesicovaginal (uma comunicação anormal entre a bexiga e a vagina) realizando cirurgias sem anestesia em mulheres escravizadas. Só depois passou a operar mulheres brancas, essas devidamente sedadas. A crença de Sims de que negros conseguiam suportar melhor a dor persiste até hoje entre alguns profissionais de saúde. Estudo da Tulane University sustenta que os negros que vivem nos EUA têm um risco de morte prematura 59% maior que os brancos. A desigualdade pode ser explicada pelas disparidades em oito áreas críticas: renda, emprego, segurança alimentar, escolaridade, acesso à saúde, qualidade do seguro saúde, casa própria e estado civil. São conhecidas como determinantes sociais de saúde (SDOH na sigla em inglês). Os pesquisadores utilizaram as informações de um levantamento nacional para determinar a prevalência e o risco de doenças no país. Quando aplicavam filtros nos quais os determinantes desfavoráveis deixavam de existir, a disparidade era reduzida a zero. Ter apenas um determinante social desfavorável dobra as chances de uma pessoa ter morte prematura. Com seis ou mais, o risco é multiplicado por oito. “Não há diferença entre a morte prematura de brancos e negros depois de excluirmos os determinantes. Simplesmente desapareceu”, afirmou Josh Bundy, epidemiologista e principal autor do trabalho, acrescentando: “isso sugere que sejam os alvos primários para eliminar as disparidades na saúde”.
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13/06 - Militantes antienvelhecimento querem criar seu próprio Estado
Grupo pretende se estabelecer num local com legislação favorável para acelerar a aprovação de drogas que detenham a velhice. Mês passado, reportagem de Jessica Hamzelou, publicada na revista “MIT Technology Review”, descreveu evento num resort luxuoso em Tivat, cidadezinha de Montenegro banhada pelo Mar Adriático. Ali se realizava um encontro de militantes do antienvelhecimento, cujo principal interesse é aumentar a expectativa de vida. Trata-se de um grupo que discorda totalmente da decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de não classificar a velhice como doença. Militantes antienvelhecimento defendem a ideia de que caberia aos cidadãos decidir o quanto se arriscariam como cobaias de tratamentos Gerd Altman para Pixabay É uma turma com planos ambiciosos, o que inclui a criação de um Estado independente onde obstáculos regulatórios para pesquisas e medicamentos sejam removidos. E que defende a ideia de que caberia aos cidadãos decidir o quanto se arriscariam como cobaias de tratamentos antienvelhecimento e biohacking – que é alterar a biologia do próprio organismo para torná-lo mais produtivo. Cerca de 780 participantes se empenhavam em estudar a viabilidade de criar esse Shangri-la. Boa parte já estava havia dois meses em Montenegro, numa comunidade batizada de Zuzalu – o nome não tem qualquer significado, é produto da ferramenta de inteligência artificial ChatGPT. Além de palestras, as atividades iam de mergulhos nas águas geladas do Adriático a cafés da manhã comunitários, passando por sessões de meditação. O objetivo é desenvolver uma rede que não se limite a fóruns de ciência e se transforme num Estado independente, como defendeu Max Unfried, aluno de doutorado da Universidade de Singapura que espera descobrir a cura da velhice: “Queremos ganhar reconhecimento diplomático”. De acordo com Nathan Cheng, responsável pela comunidade on-line Longevity Biotech Fellowship, “a morte é moralmente ruim, é preciso fazer algo a respeito”. Em termos práticos, a organização teria como base uma cidade que acolhesse empresas de biotecnologia com incentivos fiscais e afrouxasse as regras dos ensaios clínicos, embora ninguém saiba explicar como o FDA, o equivalente à Anvisa, seria convencido de abrir mão das exigências para lançar uma droga nova no mercado. Os “zuzalenses” tiveram algumas conversas com políticos de Montenegro para instalar sua comunidade, mas as preferências recaem sobre Rhode Island, perto de Boston e uma referência em biotecnologia. O problema é que não há um só rincão nos EUA que esteja livre das leis federais, por isso uma ala dos participantes é favorável a buscar um país da América Latina. Aliás, o Rio Grande do Sul tem um pequeno município batizado de Xangri-lá, com pouco mais de 15 mil habitantes. Fica a sugestão...
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11/06 - Como deixar de beber aos 60: oito erros e oito dicas para ter sucesso
Janet Gourant tem 70 anos e abandonou o álcool já sexagenária. Sua experiência a levou a criar um método para ajudar as pessoas a lutar contra a dependência Parar de beber aos 60: estratégia é focar no progresso Free-Photo para Pixabay Em maio de 2015, aos 63 anos, Janet Gourant parou de beber, depois de décadas de consumo pesado. “Eu era uma alcóolatra funcional, que trabalhava e cuidava da família, e não reconhecia que tinha um vício”, conta. No entanto, em três episódios se deu conta de que não tinha o controle da situação. No primeiro, por volta dos 25 anos, perdeu os sentidos no banheiro e, ao acordar no hospital, não recordava o que havia ocorrido. Aos 50, ao enfrentar um câncer de mama, descobriu que o álcool tinha aumentado substancialmente o risco da doença. Finalmente, já na casa dos 60, viveu sua experiência mais chocante: Janet Gourant, criadora do Tribe Sober, ensina a parar de beber depois dos 60 Divulgação “Foi numa viagem de fim de semana com amigos que também bebiam muito, do tipo começar com champanhe no café da manhã e só encerrar a jornada etílica à noite. No domingo, sugeri de irmos a um vilarejo que, na verdade, tínhamos visitado no sábado. Ou seja, apesar de estar falando e andando, eu experimentara um blecaute, havia perdido oito horas do dia anterior". Morando na África do Sul, não se identificou com nenhuma rede de apoio no país, mas encontrou ajuda num grupo na Inglaterra e acabou criando seu próprio método: o Tribe Sober, que pode ser conferido neste link. Aos 70, afirma que estar sóbrio “é um superpoder” e que parar de beber é para os rebeldes que não querem ser ovelhas do rebanho (“don´t be a sheep, be a rebel”, é seu lema). Aqui estão os oito erros que afirma ter cometido e que devem ser evitados: Esperar chegar ao fundo do poço. Janet diz: “eu sabia que tinha um problema, mas vivia em negação, porque conseguia desempenhar as tarefas do dia a dia. Para mim, alcoólatra era a pessoa que havia perdido tudo e morava na rua – o que não era o meu caso. Mas estava errada”. Acreditar na moderação. “Perdi uma década na armadilha da moderação, achando que poderia estabelecer um limite de drinques por semana. Tentei, falhei e constatei como tinha me tornado uma dependente”, ensina. Medo do fracasso. “Eu não dava o primeiro passo porque acreditava que ia falhar, que seria impossível largar a bebida. Será que seria tão mais difícil parar do que tentar controlar as doses que tomava?”, provoca. Preocupar-se com os outros. “A pressão do grupo pode desestabilizar. Meu temperamento é introvertido e gosto de agradar às pessoas, por isso não conseguia me imaginar fora do ‘rebanho’”. Ser influenciado pelo marketing. “Quando era uma adolescente, achava que tomar uns drinques era o máximo. Depois o vinho ganhou o status de bebida para se curtir com colegas de trabalho, amigos e a família. Ao me aposentar, passei a ter mais tempo para beber!”. Esperar que a felicidade caia sobre sua cabeça. “Contei com o álcool para me sentir bem durante tanto tempo que o organismo se ressentiu quando parei. Nos meus primeiros meses de sobriedade, fiquei na expectativa de me sentir feliz só porque estava sóbria, mas na realidade não havia mudado nada na minha vida”. Ficar deprimido com a ideia de uma vida abstêmia. “Minha saúde exigia uma decisão, mas eu relutava diante do cenário sem álcool. Não conseguia imaginar como socializaria ou me divertiria sem a bebida”. Tentar parar sem ajuda. “Tinha vergonha e queria resolver o problema sozinha, sem pedir ajuda ou me juntar a uma comunidade”. Oito conselhos para seguir em frente e não desistir: Comece agora! A dependência do álcool é como um elevador que só desce. Quanto mais o tempo passa, pior. Esqueça a moderação. Se você tivesse controle, já teria parado. A estratégia é focar no progresso. Para muita gente, há diversos “primeiros dias”, o importante é continuar tentando: uma semana, duas semanas, 30 dias, seis meses, um ano sem beber. Tenha seus motivos na ponta da língua. Quanto perguntarem, responda sem titubear: “estou sem beber porque não durmo bem/estou com minhas taxas alteradas/está afetando meu treino”. Tenha em mente que, além de não ter que dar satisfações, não é sua responsabilidade fazer os outros se sentirem confortáveis. Mude a forma como encara a bebida. Suas crenças sobre o álcool têm que ser “zeradas”. Você realmente precisa de um drinque para se divertir, relaxar, ou achar consolo no fim de um dia difícil? Que outras atividades poderiam substituir essa necessidade? Reconfigure sua vida. Quando se deixa de beber, não dá para manter tudo como era antes. Você precisa mudar rotinas, ter novos interesses, participar de grupos que não sejam dependentes de álcool. Anime-se com a oportunidade de mudar! Sua aparência vai ganhar viço, você vai se sentir e dormir melhor, com muito mais energia. Ache sua tribo. Conectar-se com outras pessoas nessa jornada fará você ter consciência de que não está sozinho. Cerca de 20% dos bebedores sociais se tornam dependentes ao longo dos anos. Não se trata apenas de alívio, é bem mais que isso: prepare-se para descobrir seu superpoder!
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11/06 - Centro que abriga o Sirius abre as portas ao público para apresentar curiosidades e atrações da ciência; veja como participar
Aberto a crianças e adultos, "Ciência Aberta" será realizado no próximo sábado (17), a partir das 9h; serão 85 atividades interativas nas mais variadas áreas do conhecimento, que incluem visita ao acelerador de partículas e aos laboratórios de nanotecnologia, biociências e biorrenováveis. Acelerador de partículas Sirius, instalado em Campinas (SP). CNPEM/Sirius/Divulgação Um dos maiores centros de produção científica do Brasil, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), abre as portas à população no próximo sábado (17), a partir das 9h, para apresentar o Sirius, um dos aceleradores de partículas mais avançados do mundo, e outros superlaboratórios com trabalhos nas áreas de biociências, nanotecnologia e biorrenováveis. O "Ciência Aberta" é direcionado às crianças e adultos e promove um contato direto entre público e cientistas. O evento que deixou de ser realizado nos últimos anos em virtude da pandemia dispensa inscrição, e para entrada é solicitada a contribuição voluntária de 1 kg de alimento não perecível. Estão programadas 85 atividades interativas, que incluem experiências práticas nos laboratórios, demonstrações tecnológicas, além de palestras e oficinas. O CNPEM também oferece praça de alimentação e estacionamento gratuito. CLIQUE AQUI E VEJA TODAS AS ATIVIDADES DO CIÊNCIA ABERTA 2023 Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, reforça a ciência no enfrentamento do novo coronavírus Nelson Kon O que é o Sirius? Principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de "raio X superpotente" que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas. Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos. Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo. "Ciência Aberta" abre as portas do CNPEM ao público Arquivo CNPEM Ciência Aberta - CNPEM Dia: sábado, 17 de junho Horário: Portões abertos das 9h às 15h; encerramento às 17h Entrada: gratuito com a doação de 1 kg de alimento não perecível Local: Rua Giuseppe Máximo Scolfaro, 10.000, Polo II de Alta Tecnologia de Campinas, Campinas Estacionamento: vagas gratuitas limitadas em área vizinha ao CNPEM VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas.
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08/06 - Idosos são sub-representados em estudos com wearables
Pesquisas deixam de lado justamente os que mais se beneficiariam com o uso de dispositivos amparados pela inteligência artificial Sou uma defensora da tecnologia a serviço do cidadão (nunca o contrário) e, com frequência, escrevo sobre como ela pode ser útil para dar qualidade de vida aos idosos. No entanto, o pervasivo preconceito contra os mais velhos também se infiltra nas pesquisas nessa área. Relógio inteligente com dados sobre a saúde do usuário Peter Charlton para Wikimedia Commons Trabalho recém-publicado no “The Lancet Digital Health” mostra que tem havido um esforço para incluir minorias, indivíduos de baixa renda e comunidades rurais nos testes com wearables, os dispositivos e sensores que coletam informações sobre a nossa saúde. Entretanto, pessoas com declínio cognitivo e demência têm sido deixado deixadas de lado nos estudos – justamente aqueles que mais beneficiariam! Wearables e aplicativos de smartphones podem ser grandes aliados para os profissionais de saúde terem acesso a informações valiosas sobre todo o espectro que envolve as demências. A inteligência artificial é capaz de transformar dispositivos em ferramentas que monitorem mudanças de comportamento; previnam quedas; determinem trajetórias cognitivas e funcionais; e diminuam a carga dos cuidadores. Há um mito de que idosos são incapazes de participar de estudos com wearables devido à sua baixa competência digital, mas há ampla evidência de que tal situação mudou muito depois da pandemia, com uma adesão maciça dos mais velhos à tecnologia. Os números saltam aos olhos: o número de pessoas vivendo com algum tipo de demência deve ultrapassar 150 milhões em 2050. Mesmo diante do potencial de uso, idosos estão sub-representados em trabalhos como o Apple Heart Study. A idade média dos participantes é de 41 anos e apenas 6% têm mais de 65. A alegação inicial era de que a sensibilidade do dispositivo para detectar fibrilação atrial caía significativamente acima dos 75. A sub-representação dessa faixa etária se soma ao volume menos consistente de dados nos casos de demência, já que o paciente provavelmente tem menor aceitação da tecnologia. Dispositivo acoplado a câmera com diversos tipos de sensores Katarzyna Sila-Nowicka para Wikimedia Commons Uma revisão sistemática (que reúne pesquisas relevantes sobre uma determinada questão), realizada em 2022, constatou que havia poucos trabalhos sobre o uso de wearables e sensores, ou qualquer outro tipo de tecnologia alimentada por inteligência artificial, em idosos que recebiam cuidados de longo prazo. Há desafios para quem apresenta perda de memória, como se lembrar de carregar a bateria ou apertar um botão num horário específico. O que fica claro é que será preciso construir soluções customizadas para estimular a adesão à tecnologia e garantir a continuidade da sua utilização.
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06/06 - 'É fundamental que o paciente conheça sua doença', ensina apresentador com esclerose múltipla
Montel Williams foi diagnosticado em 1999 e se dedica a compartilhar o que aprendeu sobre a enfermidade A data foi instituída nos Estados Unidos, mas merecia ter um espaço em nosso calendário: 11 de maio é Dia da Consciência sobre a Saúde Mental dos Idosos. Foi quando assisti a um simpósio on-line cujo principal palestrante era o apresentador Montel Williams, titular de um popular talk show durante quase duas décadas. Em 1999, aos 43 anos, foi diagnosticado com esclerose múltipla, doença que veio acompanhada de uma depressão severa e dores lancinantes. Sua jornada para vencer as limitações o transformou e hoje ele se dedica a compartilhar o que aprendeu: Montel Williams: apresentador compartilha o que aprendeu ao lidar com a esclerose múltipla Divulgação “É preciso que acreditemos em nossa força interna, em nosso próprio poder, porque boa parte do tratamento depende de nós. É fundamental que o paciente conheça sua doença, busque o máximo de informação, porque médicos não são deuses, nem sabem tudo. Se nos guiarmos apenas pelo diagnóstico, estaremos restritos à expectativa deles. Na época, ouvi coisas como: ‘em cinco anos, você estará numa cadeira de rodas’; ou que podia esperar mais dez anos de vida. Como alguém pode dizer tal coisa sem me conhecer?”. O objetivo de Williams foi se tornar “íntimo” de sua enfermidade. “Ainda não havia internet e mergulhei nos livros para aprender o máximo que pude. Não me dei por vencido”, lembrou. O primeiro passo foi mudar seu estilo de vida, privilegiando a atividade física e uma alimentação de qualidade: “Exercício é bom, não importa a idade, e o que ingerimos tem impacto direto no nível de inflamação do organismo. Eu tenho esclerose múltipla, mas ela não me tem. As pessoas devem acreditar no seu poder interior”. Em 2013, o apresentador criou um programa de saúde e fitness. Tornou-se um defensor do uso da maconha para fins medicinais, já que a droga foi valiosa para o controle da dor. “Quero estar ocupando vivendo, e não morrendo, por isso estou atento a todos os novos protocolos e tratamentos que surgem. Vale para a esclerose múltipla, mas também para câncer, lúpus ou fibromialgia”, afirmou, acrescentando que é preciso demonstrar nossa gratidão por todos que nos dão apoio: “Escreva uma carta ou um bilhete para quem esteve ao seu lado, dizendo que espera que essa pessoa saiba o quanto é importante para você”. A esclerose múltipla é uma doença neurológica autoimune crônica, provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que reveste os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central. No Brasil, estima-se que existam 40 mil casos da doença, que atinge predominantemente mulheres e indivíduos na faixa entre os 20 e 40 anos. O quadro inflamatório afeta as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal, produzindo sintomas como fraqueza, perda da força muscular, falta de coordenação, dor ou queimação na face, alterações na visão, alterações de humor, depressão e ansiedade.
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04/06 - Como proteger os joelhos e quando a cirurgia é necessária
Hoje já há próteses fabricadas especificamente para o paciente que não demandam ajustes nos ossos ou ligamentos Há alguns meses, escrevi sobre cinco partes do corpo que não podemos ignorar depois dos 50. Nossos sobrecarregados joelhos estão nessa lista e são o assunto desta coluna. Estima-se que, na próxima década, haverá um aumento de 673% nas próteses de joelhos em todo o mundo. Para falar dos problemas mais frequentes, dos exercícios mais indicados e de quando é necessário se submeter a uma cirurgia, conversei com o médico Marco Demange, que fez mestrado e doutorado na Faculdade de Medicina da USP, onde é professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia, e pós-doutorado no Hospital for Special Surgery, associado à Universidade de Cornell. O médico Marco Demange, professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP Divulgação Quais os problemas de joelhos mais frequentes com o envelhecimento? Uma das questões mais frequentes são as lesões dos meniscos e da cartilagem. A artrose surge como consequência desses desgastes. Há uma “receita” para protegê-los? Há alguns cuidados importantes, como evitar o excesso de carga frequente. Nesta situação, encontram-se o excesso de peso ou de impacto nos esportes. O trauma eventual intenso, ou seja, torcer ou bater com força os joelhos, também deve ser evitado. Em algumas atividades físicas, como tênis de praia, futebol e vôlei, entre outras, isso pode acontecer. Outra medida é manter uma boa força muscular, com destaque para a musculatura da coxa e para a musculatura sustentadora do tronco, composta por quadril, abdômen e lombar. Para quem já passou dos 50 ou 60, que exercícios são eficazes para preservar a estrutura do joelho? E quais seriam os menos indicados? Os mais indicados são os exercícios resistidos, ou seja, a musculação, e os com baixo impacto. Quando a pessoa optar por exercícios aeróbicos, deve dar preferência para os de menor impacto, como natação, caminhada leve, remo ou os elípticos (como esteira e bicicleta ergométricas, ou simulador de subida de escada). Evitar os exercícios com impacto frequente intenso, como pular e saltar, assim como os com trauma eventual importante: esportes de quadra nos quais há contato físico, como o futebol. É sempre possível optar por tratamentos não cirúrgicos ou há casos em que eles não trazem alívio? Nos casos mais avançados de artrose, em que há instabilidade, quando o joelho falha ao andar, ocorre dor contínua, limitação da mobilidade ou desvios significativos do formato (ele entorta de forma relevante), os tratamentos sem cirurgia geralmente não têm efeito suficiente para devolver uma boa qualidade de vida ao paciente. Qual é a cirurgia mais comum a partir dos 50 anos? Apesar de a cirurgia mais comum ser a artroscopia do joelho, principalmente para as lesões meniscais, atualmente se entende que, para os casos de artrose mais severa, ela tem uma efetividade baixa. Neste caso, a cirurgia mais indicada, e com melhor resultado, é a de prótese do joelho. No mundo todo, incluindo o Brasil, a cirurgia de prótese de joelho vem se tornando cada vez mais frequente. Em termos percentuais, o maior número de procedimentos ocorreu na faixa de pacientes entre 50 e 65 anos. O que são as próteses de joelho customizáveis e por que são superiores? São próteses fabricadas especificamente para cada pessoa e, por esse motivo, são mais caras. O formato da prótese é igual ao ideal para o paciente, não demandando ajustes nos ossos ou ligamentos para adequar a sua colocação. O resultado é uma sensação de “joelho normal”. Assim, considera-se que pacientes têm um potencial de fazer uma gama maior de exercícios e atividades esportivas recreacionais. Qual é a importância do exercício após a cirurgia? Em todas as cirurgias de prótese de joelho, o paciente deve fazer exercícios físicos para recuperar a perda muscular que ocorreu nos anos em que houve uma menor utilização da musculatura, decorrente da dor e da artrose. Qual é o potencial do tratamento com células-tronco? Especificamente para a artrose, o tratamento com ortobiológicos, como produtos que contenham alguma porcentagem de células-tronco mesenquimais, pode modular a dor e, eventualmente, permitir uma redução na velocidade de evolução da artrose. Como todos os tratamentos mais recentes em medicina, temos estudado o potencial de sua utilização e, nos próximos anos, saberemos mais sobre as melhores indicações.
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01/06 - Um em cada três adultos com diabetes pode ter doença cardiovascular assintomática
Concentrações levemente elevadas de duas proteínas na corrente sanguínea são um sinal de mudanças na estrutura e no funcionamento do coração Níveis elevados de duas proteínas que indicam doença cardiovascular foram detectados em pacientes assintomáticos, mas que eram portadores de diabetes tipo 2. A pesquisa foi publicada ontem no “Journal of the American Heart Association” e reforça a importância do monitoramento cardíaco de diabéticos. Diabetes: concentrações levemente elevadas de duas proteínas na corrente sanguínea são um sinal de mudanças na estrutura e no funcionamento do coração Wikimedia Testes para medir a troponina cardíaca de alta sensibilidade e um peptídeo natriurético de nome comprido (N-terminal pro-B-type natriuretic peptide) já são utilizados na detecção de insuficiência cardíaca. No entanto, concentrações levemente elevadas dessas proteínas na corrente sanguínea podem ser um sinal de mudanças na estrutura e no funcionamento do coração. “O que constatamos é que pessoas com diabetes tipo 2 sem história de doença cardiovascular ou infarto têm maior risco de complicações cardíacas. Normalmente nosso principal alvo é combater o colesterol, mas talvez o diabetes tenha um efeito no coração, não relacionado aos níveis de colesterol, que cause danos aos pequenos vasos. Nossa pesquisa sugere a necessidade de outras terapias para diminuir esse risco”, afirmou Elizabeth Salvin, professora de epidemiologia da Universidade Johns Hopkins e coautora do trabalho. Os pesquisadores analisaram as informações de amostras de sangue de mais de 10 mil adultos, coletadas entre 1999 e 2004, com o objetivo de determinar se doenças cardiovasculares em pacientes assintomáticos poderiam ser diagnosticas através do nível de proteínas cardíacas que servem como biomarcadores. Entre os participantes havia indivíduos com e sem diabetes tipo 2, mas nenhum tinha histórico de enfermidade cardiovascular quando o estudo foi iniciado. Quais foram as conclusões: Entre os adultos com diabetes tipo 2, 33.4% tinham sinais de doença coronariana; no grupo sem, eram 16.1%. Para os pacientes diabéticos, os níveis elevados de troponina e N-terminal pro-B-type estavam associados a um risco aumentado de morte em geral e por problemas cardíacos. A prevalência de troponina elevada era significativamente maior em pessoas portadoras da doença há mais tempo e que não controlavam as taxas de glicose. Outra pesquisa, também divulgada mês passado, mostra que a atividade física realizada no período da tarde traz mais benefícios para o controle dos níveis de glicose de pacientes com diabetes. O estudo se estendeu por quatro anos e envolveu 2.400 participantes, que usavam um dispositivo para medir a atividade física. No fim do primeiro ano, foi constatado que aqueles engajados em exercícios de moderados a vigorosos na parte da tarde tinham a maior redução dos níveis de glicose. Esse grupo manteve tal condição no quarto ano do trabalho e foi o com mais chances de suspender a medicação.
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31/05 - Entenda a diferença entre cura do câncer e remissão da doença
Segundo os médicos ouvidos pelo g1, cura é quando o câncer é totalmente erradicado, mas só se consegue saber isso depois de ao menos 5 anos sem sinal da doença. Antes disso, o termo correto é 'remissão'. Exames mostram antes e depois de câncer de paciente; à direita, imagem mostra remissão da doença Arquivo pessoal Quando falamos sobre resultados de tratamentos em pacientes com câncer, dois termos costumam ser usados: "remissão" e "cura". O g1 ouviu especialistas para explicar a diferença entre esses conceitos. Segundo Rodrigo Calado, professor titular de hematologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, a cura é quando o câncer é totalmente erradicado, mas só se consegue saber isso depois de ao menos cinco anos sem sinal da doença. Antes disso, o termo correto é "remissão". Paulo Peregrino, que lutava contra a doença havia 13 anos e foi submetido a uma terapia considerada revolucionária no combate à doença, por exemplo, teve a remissão completa em um mês (entenda abaixo o CAR-T Cell). "Remissão é quando o câncer não é mais detectado por nenhum exame. Pode ser que tenha sido curado, porém, pode ser que tenha reduzido muito e os métodos disponíveis não conseguem detectá-lo, mas não tenha desaparecido completamente. Apenas não conseguimos detectar o câncer. Por isso que o paciente precisa continuar acompanhando, fazendo exames para verificar se há algum sinal, por menor que seja, do tumor." Globo.com: leia as principais notícias do dia Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, diz que o paciente em remissão deve, inicialmente, passar por exames a cada três meses, quatro meses, seis meses e, depois, uma vez ao ano. "Logo depois, tem que ter cuidado com infecção. Depende muito do tipo de tratamento, mas, geralmente, três meses depois de remissão é vida normal. Um transplante de medula óssea, dependendo o tipo de transplante, é cerca de seis meses. É vida normal, fazer tudo o que quer, com moderação", pontua. CAR-T Cell Médico Vanderson Rocha (à esq.) e médico Rodrigo Calado (à dir.) Arquivo pessoal Até agora, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell no estudo que usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia combate a doença com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório. A versão brasileira da técnica é aplicada no Brasil pela USP, em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, de forma compassiva, quando o estudo aceita o paciente em estágio avançado da doença, e os médicos conseguem com a Anvisa a autorização para a aplicação do método. Nenhum dos pacientes brasileiros é considerado curado, mas em remissão. O primeiro foi em 2019, há menos de 5 anos. Ele, no entanto, morreu semanas depois em um acidente doméstico em casa. "Nos pacientes usamos alguns exames para rastrear o câncer, como o PET-CT (tomografia com contraste) ou exames de sangue para detectar o DNA do câncer", conta Rodrigo Calado, professor titular de hematologia da USP. "Dos casos americanos, que começaram há 10 anos, muitos estão curados, mais de 50%. E são pacientes que não responderam a vários tratamentos anteriores, que a doença voltou várias vezes. Então, é muito significativo, mesmo que 50%", completa. Todos os pacientes tratados no estudo tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS). O método CAR-T Cell tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra o mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.  A técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, no segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell com verba pública após autorização da Anvisa para o estudo clínico (leia mais abaixo). Atualmente, o tratamento só existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa. Paulo Peregrino Médico Vanderson Rocha (à esq.) e Paulo Peregrino (à dir.) Arquivo pessoal O publicitário de 61 anos é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. Paulo teve alta no domingo (28) depois de ficar sob cuidados médicos no Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo. “A vitória não é só minha. É da fé, da ciência e da energia positiva das pessoas. Cada uma delas ajudou a colocar um paralelepípedo nesse caminho. A imagem prova com muita clareza para qualquer pessoa a gravidade do meu linfoma, e eu não tinha ideia de que era assim”, contou o paciente. Vanderson Rocha está à frente do caso de Paulo, e ficou surpreso com a resposta do tratamento. “Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Fico até emocionado [ao ver as duas ressonâncias de Paulo]. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo ficou impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista. Antes e depois As duas imagens do Pet Scan (tomografia feita com um contraste especial) (veja no alto) representam “dois Paulos”: a da esquerda, o paciente que tinha como caminho único os cuidados paliativos, quando a alternativa é dar conforto, mas já sem expectativa de cura, e a da direita, um paciente com um organismo já sem tumores após o tratamento com CAR-T Cell. Car-T Cell: entenda terapia celular contra câncer aplicada de forma experimental Quando o médico teve contato com Paulo, o publicitário já havia passado por procedimentos cirúrgicos, dezenas de exames e quimioterapia. Saiba o que é a terapia celular contra o câncer aplicada em estudo na rede pública 13 anos 'tocando em frente' Uma linha do tempo ajuda a nortear as idas e vindas dos tumores de Paulo. A trajetória será contada em uma autobiografia ainda em produção intitulada "A Vida pelo Copo D'água", em que ele cita seu remédio: "fé e ciência para viver a metade cheia da vida". Pesquisas na internet levaram a família ao tratamento CAR-T Cell e ao médico Vanderson Rocha. “Comecei a acompanhá-lo quando já tinha feito uma grande parte do tratamento. A doença voltou, então, a última opção dele realmente era o CAR-T Cell. Tive que pedir autorização da Anvisa pra gente poder fazer esse tipo de tratamento. Muitos pacientes não têm essa oportunidade”, explicou o especialista. timeline-cancer Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa em SP em um mês após terapia celular em estudo na rede pública 'Objeto de estudo" O educador físico Bruno Marques Giovanni é outro dos pacientes do grupo de estudos de que Paulo participa. Há um ano e meio, o educador físico retomou a rotina, depois de sair do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Foram três anos de luta contra uma leucemia agressiva, que teimava em voltar. Só depois de cinco anos do desaparecimento dos tumores eles e os demais pacientes oncológicos podem ser considerados curados. Até lá, o Bruno volta ao hospital a cada três meses para fazer exames. “Por ser um tratamento inovador, um negócio que está ainda em estudo, em evolução, vou lá com o maior prazer para passar por esses exames, para eles conseguirem enxergar tudo o que está acontecendo. Porque eu sei que eu sou um objeto de estudo, entre aspas, mas uma pessoa que está superbem. Só agradeço a toda a equipe sempre.” Paciente Bruno Marques Giovanni mora em Piracicaba Reprodução/TV Globo CAR-T Cell no SUS Em 2021, o grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan e foram instaladas duas fábricas no estado, uma na Cidade Universitária, em São Paulo, e outra no campus universitário de Ribeirão Preto com a capacidade de produção inicial de 300 tratamentos por ano. “Para disponibilizar para a população brasileira, é necessário obter financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas. “Este estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar essa importante tecnologia no país, que poderá iniciar uma nova indústria de biotecnologia”, completou. A previsão é a de que o estudo comece em agosto deste ano. “Já tem uma fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que nós estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados numa fila por requisitos.” O que diz a Anvisa A Agência afirmou ao g1 que tem dado prioridade às análises do estudo. “A Anvisa recebeu proposta de ensaio clínico conduzida pelo CEPID-FAPESP-USP e este pedido está em análise pela Anvisa. O pedido faz parte de um projeto-piloto em que a Anvisa, selecionou o Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP-USP) de Ribeirão Preto para colaboração no desenvolvimento de produtos de terapia avançada no Brasil. Assim, a Agência tem feito interlocução com a equipe de desenvolvimento do CEPID-FAPESP-USP para aprimorar o desenho do estudo. O CEPID-FAPESP-USP também estabeleceu um cronograma com a Anvisa para enviar informações sobre a possível fabricação do produto e os controles aplicáveis nos próximos meses. A Anvisa, por sua vez, tem dado prioridade a estas análises, proporcionando retorno rápido ao desenvolvedor, com o objetivo de priorizar a execução desse estudo no Brasil." Como funciona a técnica scrolly célula T
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30/05 - O que as empresas ganham com funcionários acima dos 50 e como combater o preconceito
Por que os trabalhadores maduros são um ótimo negócio para os empregadores, graças à experiência que acumularam em suas trajetórias Na coluna de domingo, apresentei uma relação de mitos e verdades sobre a mão de obra sênior, um levantamento feito pela The Encore Network, que atua em 12 países. A organização acaba de lançar um guia para as empresas que querem valorizar o trabalhador maduro e aqui listo cinco motivos pelos quais os 50 mais são um ótimo negócio para os empregadores: Habilidades consolidadas: graças à sua experiência, boa parte dos trabalhadores mais velhos está pronta para assumir tarefas com um mínimo de treinamento Joseph Mucira para Pixabay Habilidades consolidadas: graças à sua experiência, boa parte dos trabalhadores mais velhos está pronta para assumir tarefas com um mínimo de treinamento. A maioria possui atributos altamente valorizados pelo mercado: pensamento crítico, capacidade de autogestão e para resolver problemas, resiliência, liderança e traquejo social. Memória institucional e capacidade de mentoria: a retenção de profissionais experientes preserva a cultura organizacional e uma valiosa rede de conexões e contatos para alimentar e expandir os negócios. Funcionários maduros também podem ser aproveitados como mentores e se beneficiar da mentoria reversa, aprendendo com os mais jovens. Mão de obra estável: esses são empregados que tendem a se engajar e a se comprometer mais. Pesquisa indica que incrementar em 10% o contingente sênior reduz a rotatividade em 4%. Desempenho e produtividade: 87% dos empregadores afirmam que os trabalhadores maduros apresentam um desempenho tão bom ou melhor que o dos jovens. A convivência intergeracional tem se mostrado efetiva para a produtividade das empresas. Conexão com o mercado: a mão de obra sênior pode ajudar os negócios a responder às demandas do mercado da longevidade. Estimativas apontam que aproveitar esse contingente tem o potencial de aumentar a renda per capita dos países em 19% nas próximas três décadas. A contribuição econômica da população 50 mais vai triplicar até 2050. Para completar, seguem providências básicas para combater o preconceito no recrutamento e na retenção de talentos: Mapeamento para identificar áreas e procedimentos que podem embutir preconceito contra os mais velhos. Idade deve constar do plano de diversidade e inclusão da empresa. Expressões como “nativo digital” (que se refere aos nascidos depois de 1980), “formado recentemente”, “em início de carreira”, “cheio de energia” são discriminatórias e não devem constar do processo de recrutamento. Apoio aos empregados ao longo de todos os estágios de sua vida profissional, o que inclui treinamento, que não deve ficar restrito aos jovens. Isso é particularmente relevante no que se refere à tecnologia. Conscientização dos funcionários sobre o preconceito contra os mais velhos.
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30/05 - 'Vitória da fé, da ciência e da energia positiva das pessoas', diz paciente após remissão completa de câncer
Paulo Peregrino fez tratamento com as próprias células de defesa modificadas em laboratório. Terapia é estudada para 3 tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo. Médico Vanderson Rocha (à esq.) e Paulo Peregrino (à dir.) Arquivo pessoal Paulo Peregrino lutava contra o câncer havia 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos quando, em abril, foi submetido a um tratamento considerado revolucionário no combate à doença e, em apenas um mês, teve remissão completa do seu linfoma. Até agora, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell, a terapia que combate a doença com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório. O estudo usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todos os pacientes tratados tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS). Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.  Exames mostram antes e depois de câncer de paciente; à direita, imagem mostra remissão da doença Arquivo pessoal O publicitário de 61 anos é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. O protocolo foi adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Paulo teve alta no domingo (28) depois de ficar sob cuidados médicos no Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo. “A vitória não é só minha. É da fé, da ciência e da energia positiva das pessoas. Cada uma delas ajudou a colocar um paralelepípedo nesse caminho. A imagem prova com muita clareza para qualquer pessoa a gravidade do meu linfoma, e eu não tinha ideia de que era assim”, contou o paciente. Na segunda (29), afirmou, em seu perfil no Instagram, que, com a repercussão da história dele na mídia, "tenho certeza que pelo menos terei, modestamente, passado esperança a quem tanto precisa". "Só quero que as informações e o conhecimento adquirido com meu caso possam servir a outros pacientes no futuro." Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, está à frente do caso de Paulo. “Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Fico até emocionado [ao ver as duas ressonâncias de Paulo]. Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo ficou impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista. Entre os outros 13 pacientes tratados como Paulo, 69% tiveram remissão completa em 30 dias. O primeiro paciente tratado com a técnica na rede pública do Brasil teve resultados parecidos com os de Paulo, mas morreu por um acidente doméstico em casa. Antes e depois As duas imagens do Pet Scan (tomografia feita com um contraste especial ) (veja acima) representam “dois Paulos”: a da esquerda, o paciente que tinha como caminho único os cuidados paliativos, quando a alternativa é dar conforto, mas já sem expectativa de cura, e a da direita, um paciente com um organismo já sem tumores após o tratamento com CAR-T Cell. Car-T Cell: entenda terapia celular contra câncer aplicada de forma experimental Atualmente, o procedimento no Centro de Terapia Celular é feito de forma compassiva, quando o estudo aceita o paciente em estágio avançado da doença, e os médicos conseguem com a Anvisa a autorização para a aplicação do método. Quando o médico teve contato com Paulo, o publicitário já havia passado por procedimentos cirúrgicos, dezenas de exames e quimioterapia. Saiba o que é a terapia celular contra o câncer aplicada em estudo na rede pública Custo de R$ 2 milhões por paciente A técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, no segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell com verba pública após autorização da Anvisa para o estudo clínico. Atualmente, o tratamento só existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa. "Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período de tempo", diz Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia. Médico e paciente em tratamento em São Paulo Arquivo pessoal 13 anos 'tocando em frente' timeline-cancer Uma linha do tempo ajuda a nortear as idas e vindas dos tumores de Paulo. A trajetória será contada em uma autobiografia ainda em produção intitulada "A Vida pelo Copo D'água", em que ele cita seu remédio: "fé e ciência para viver a metade cheia da vida". O publicitário mora com a mulher e o filho, de 29 anos, em Niterói, no Rio de Janeiro. A família é de Recife, mas se mudou para o Sudeste na década de 70. Ele é o caçula entre 10 irmãos. Foi o primeiro a enfrentar a doença. Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa em SP em um mês após terapia celular em estudo na rede pública Em 2018, quando começou a tratar o primeiro linfoma, os dias se dividiam entre o trabalho, a quimioterapia e as partidas de vôlei de praia. Chegou a jogar um campeonato nas areias cariocas. “O médico me disse que eu era o primeiro paciente que fazia um esporte de alto rendimento fazendo quimioterapia. Falei: 'O esporte é de alto rendimento, mas meu vôlei, não'”, brincou. Paciente chegou a participar de campeonato de vôlei de praia Arquivo pessoal Livro no leito e cegueira temporária Em 2020, a pandemia de Covid isolou Paulo num quarto de hospital. Ele tinha passado por um transplante de medula óssea. Sem acompanhantes, sozinho, no entanto, não ficou. Pediu à enfermeira os contatos dos pacientes de quartos vizinhos e criou um grupo por WhatsApp, o “TMO Juntos” (trocadilho de "transplante de medula óssea" com TMJ de "tamos juntos”). O grupo era formado por ele, um idoso com a esposa e uma adolescente de 17 anos, que dividiram histórias, se motivaram e trocaram músicas durante o isolamento. Grupo de WhatsApp de pacientes Arquivo Dentro dos 30 dias, Paulo fez o pré-lançamento de "Brizola e eu", um livro “banhado” a álcool e autógrafos. O esquema era: a esposa entregava os exemplares à enfermeira, o álcool higienizava os livros, ele assinava, e os exemplares eram levados para amigos e parentes. O livro conta a biografia de Jecy Sarmento, um dos principais assessores e amigos do ex-governador Leonel Brizola. O fim daquele ciclo na internação foi marcado por um bolo levado como surpresa pelas enfermeiras. A contaminação por Covid veio em 2022, durante uma internação devido a uma queda nas plaquetas — quanto menor a contagem delas, maior o risco de sangramento intenso. A tosse forte causou uma hemorragia interna nos dois olhos e uma cegueira temporária de três meses. “Foi a pior sensação da minha vida. Fui em três médicos e só o terceiro disse: ‘Vamos operar e retirar essa hemorragia do seu olho.” Mudança de tratamento Internação para transplante de medula em 2020 Arquivo pessoal Pesquisas na internet levaram a família ao tratamento CAR-T Cell e ao médico Vanderson Rocha. “Comecei a acompanhá-lo quando já tinha feito uma grande parte do tratamento. A doença voltou, então, a última opção dele realmente era o CAR-T Cell. Tive que pedir autorização da Anvisa pra gente poder fazer esse tipo de tratamento. Muitos pacientes não têm essa oportunidade”, explicou o especialista. Paulo lembra que teve febre no primeiro dia em que as células modificadas foram aplicadas no corpo, e chegou a ir para a UTI para ser monitorado. "Senti um pouco de dormência nas mãos, mas tive acompanhamento antes, durante e depois por toda a equipe multidisciplinar do HC, em São Paulo." Apesar da remissão da doença em um mês, entre março e abril deste ano, Paulo deixou para novembro a “festa da cura”. Por enquanto, ele ficará na capital paulista para acompanhamento. "A gente só tem duas formas de agradecer à vida: ser resiliente, isso que me impulsionou a chegar até aqui, e fazer o bem para as pessoas", diz ele. Paulo com a esposa, Ana Maria, e o único filho, Gabriel Arquivo pessoal 'Objeto de estudo" O educador físico Bruno Marques Giovanni é outro dos pacientes do grupo de estudos de que Paulo participa. Há um ano e meio, o educador físico retomou a rotina, depois de sair do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Foram três anos de luta contra uma leucemia agressiva, que teimava em voltar. Só depois de cinco anos do desaparecimento dos tumores eles e os demais pacientes oncológicos podem ser considerados curados. Até lá, o Bruno volta ao hospital a cada três meses para fazer exames. “Por ser um tratamento inovador, um negócio que está ainda em estudo, em evolução, vou lá com o maior prazer para passar por esses exames, para eles conseguirem enxergar tudo o que está acontecendo. Porque eu sei que eu sou um objeto de estudo, entre aspas, mas uma pessoa que está superbem. Só agradeço a toda a equipe sempre.” CAR-T Cell no SUS A produção dessas células é complexa e tem custo elevado, em torno de R$ 2 milhões por paciente, sem contar gastos como internação, segundo Dimas Covas. O grupo de pesquisa do Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto desenvolveu a versão nacional dessa tecnologia, e, em 2019, foi feito o primeiro tratamento bem-sucedido. Só o Brasil utiliza a técnica em toda a América Latina. Em 2021, o grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan e foram instaladas duas fábricas no estado, uma na Cidade Universitária, em São Paulo, e outra no campus universitário de Ribeirão Preto com a capacidade de produção inicial de 300 tratamentos por ano. “Para disponibilizar para a população brasileira, é necessário obter financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas. “Este estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar essa importante tecnologia no país, que poderá iniciar uma nova indústria de biotecnologia”, completou. A previsão é a de que o estudo comece em agosto deste ano. “Já tem uma fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que nós estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados numa fila por requisitos.” O que diz a Anvisa A Agência afirmou ao g1 que tem dado prioridade às análises do estudo. “A Anvisa recebeu proposta de ensaio clínico conduzida pelo CEPID-FAPESP-USP e este pedido está em análise pela Anvisa. O pedido faz parte de um projeto-piloto em que a Anvisa, selecionou o Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP-USP) de Ribeirão Preto para colaboração no desenvolvimento de produtos de terapia avançada no Brasil. Assim, a Agência tem feito interlocução com a equipe de desenvolvimento do CEPID-FAPESP-USP para aprimorar o desenho do estudo. O CEPID-FAPESP-USP também estabeleceu um cronograma com a Anvisa para enviar informações sobre a possível fabricação do produto e os controles aplicáveis nos próximos meses. A Anvisa, por sua vez, tem dado prioridade a estas análises, proporcionando retorno rápido ao desenvolvedor, com o objetivo de priorizar a execução desse estudo no Brasil." Como funciona a técnica A produção da terapia tem início com a coleta dos linfócitos de defesa do tipo T do paciente, que são como "soldados" do sistema imunológico, e que são levados para o laboratório e modificados geneticamente. Essas células são modificadas geneticamente para reconhecer o câncer, são multiplicadas em milhões e devolvidas ao paciente, onde circulam, encontram e matam o tumor sem afetar as células normais. As próprias células do paciente são "treinadas" para combater o câncer. scrolly célula T
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29/05 - Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa em SP em um mês após terapia celular em estudo na rede pública
Terapia combate a doença com células de defesa do paciente modificadas em laboratório e é estudada para três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo. Exames mostram antes e depois de câncer de paciente; à direita, imagem mostra remissão da doença Arquivo pessoal Um protocolo adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, está trazendo para a rede pública de saúde uma técnica considerada revolucionária no combate ao câncer, utilizada em poucos países. Até agora, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todos os pacientes tratados tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS). Car-T Cell: entenda terapia celular contra câncer aplicada de forma experimental Um deles é Paulo Peregrino, de 61 anos, que lutava contra o câncer havia 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos quando foi submetido ao tratamento em abril e, em apenas um mês, teve remissão completa do seu linfoma. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram No segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell com verba pública após autorização da Anvisa para o estudo clínico. Atualmente, o tratamento só existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa. O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.  "Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período de tempo", diz Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia. Saiba o que é a terapia celular contra o câncer aplicada em estudo na rede pública Remissão completa em curto período Paulo é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. Ele teve alta no domingo (28) depois de ficar sob cuidados médicos no Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo. Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, está à frente do caso de Paulo. “Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Fico até emocionado [ao ver as duas ressonâncias de Paulo]. Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista. Entre os outros 13 pacientes tratados como Paulo, 69% tiveram remissão completa em 30 dias. O primeiro paciente tratado com a técnica na rede pública do Brasil teve resultados parecidos com os de Paulo, mas morreu por um acidente doméstico em casa. Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa em SP em um mês após terapia celular em estudo na rede pública Antes e depois As duas imagens do Pet Scan (tomografia feita com um contraste especial ) (veja acima) representam “dois Paulos”: a da esquerda, o paciente que tinha como caminho único os cuidados paliativos, quando a alternativa é dar conforto, mas já sem expectativa de cura, e a da direita, um paciente com um organismo já sem tumores após o tratamento com CAR-T Cell. Atualmente, o procedimento no Centro de Terapia Celular é feito de forma compassiva, quando o estudo aceita o paciente em estágio avançado da doença, e os médicos conseguem com a Anvisa a autorização para a aplicação do método. Médico Vanderson Rocha (à esq.) e Paulo Peregrino (à dir.) Arquivo pessoal Quando o médico teve contato com Paulo, o publicitário já havia passado por procedimentos cirúrgicos, dezenas de exames e quimioterapia. “A vitória não é só minha. É da fé, da ciência e da energia positiva das pessoas. Cada uma delas ajudou a colocar um paralelepípedo nesse caminho. A imagem prova com muita clareza para qualquer pessoa a gravidade do meu linfoma, e eu não tinha ideia de que era assim”, contou o paciente. Médico e paciente em tratamento em São Paulo Arquivo pessoal 13 anos 'tocando em frente' Uma linha do tempo ajuda a nortear as idas e vindas dos tumores de Paulo. A trajetória será contada em uma autobiografia ainda em produção intitulada "A Vida pelo Copo D'água", em que ele cita seu remédio: "fé e ciência para viver a metade cheia da vida". timeline-cancer O publicitário mora com a mulher e o filho, de 29 anos, em Niterói, no Rio de Janeiro. A família é de Recife, mas se mudou para o Sudeste na década de 70. Ele é o caçula entre 10 irmãos. Foi o primeiro a enfrentar a doença. Em 2018, quando começou a tratar o primeiro linfoma, os dias se dividiam entre o trabalho, a quimioterapia e as partidas de vôlei de praia. Chegou a jogar um campeonato nas areias cariocas. “O médico me disse que eu era o primeiro paciente que fazia um esporte de alto rendimento fazendo quimioterapia. Falei: 'O esporte é de alto rendimento, mas meu vôlei, não'”, brincou. Paciente chegou a participar de campeonato de vôlei de praia Arquivo pessoal Livro no leito e cegueira temporária Em 2020, a pandemia de Covid isolou Paulo num quarto de hospital. Ele tinha passado por um transplante de medula óssea. Sem acompanhantes, sozinho, no entanto, não ficou. Pediu à enfermeira os contatos dos pacientes de quartos vizinhos e criou um grupo por WhatsApp, o “TMO Juntos” (trocadilho de "transplante de medula óssea" com TMJ de "tamos juntos”). O grupo era formado por ele, um idoso com a esposa e uma adolescente de 17 anos, que dividiram histórias, se motivaram e trocaram músicas durante o isolamento. Grupo de WhatsApp de pacientes Arquivo Dentro dos 30 dias, Paulo fez o pré-lançamento de "Brizola e eu", um livro “banhado” a álcool e autógrafos. O esquema era: a esposa entregava os exemplares à enfermeira, o álcool higienizava os livros, ele assinava, e os exemplares eram levados para amigos e parentes. O livro conta a biografia de Jecy Sarmento, um dos principais assessores e amigos do ex-governador Leonel Brizola. O fim daquele ciclo na internação foi marcado por um bolo levado como surpresa pelas enfermeiras. A contaminação por Covid veio em 2022, durante uma internação devido a uma queda nas plaquetas — quanto menor a contagem delas, maior o risco de sangramento intenso. A tosse forte causou uma hemorragia interna nos dois olhos e uma cegueira temporária de três meses. “Foi a pior sensação da minha vida. Fui em três médicos e só o terceiro disse: ‘Vamos operar e retirar essa hemorragia do seu olho.” Mudança de tratamento Internação para transplante de medula em 2020 Arquivo pessoal Pesquisas na internet levaram a família ao tratamento CAR-T Cell e ao médico Vanderson Rocha. “Comecei a acompanhá-lo quando já tinha feito uma grande parte do tratamento. A doença voltou, então, a última opção dele realmente era o CAR-T Cell. Tive que pedir autorização da Anvisa pra gente poder fazer esse tipo de tratamento. Muitos pacientes não têm essa oportunidade”, explicou o especialista. Paulo lembra que teve febre no primeiro dia em que as células modificadas foram aplicadas no corpo, e chegou a ir para a UTI para ser monitorado. "Senti um pouco de dormência nas mãos, mas tive acompanhamento antes, durante e depois por toda a equipe multidisciplinar do HC, em São Paulo." Apesar da remissão da doença em um mês, entre março e abril deste ano, Paulo deixou para novembro a “festa da cura”. Por enquanto, ele ficará na capital paulista para acompanhamento. "A gente só tem duas formas de agradecer à vida: ser resiliente, isso que me impulsionou a chegar até aqui, e fazer o bem para as pessoas", diz ele. Paulo com a esposa, Ana Maria, e o único filho, Gabriel Arquivo pessoal CAR-T Cell no SUS A produção dessas células é complexa e tem custo elevado, em torno de R$ 2 milhões por paciente, sem contar gastos como internação, segundo Dimas Covas. O grupo de pesquisa do Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto desenvolveu a versão nacional dessa tecnologia, e, em 2019, foi feito o primeiro tratamento bem-sucedido. Só o Brasil utiliza a técnica em toda a América Latina. Em 2021, o grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan e foram instaladas duas fábricas no estado, uma na Cidade Universitária, em São Paulo, e outra no campus universitário de Ribeirão Preto com a capacidade de produção inicial de 300 tratamentos por ano. “Para disponibilizar para a população brasileira, é necessário obter financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas. “Este estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar essa importante tecnologia no país, que poderá iniciar uma nova indústria de biotecnologia”, completou. A previsão é a de que o estudo comece em agosto deste ano. “Já tem uma fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que nós estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados numa fila por requisitos.” O que diz a Anvisa A Agência afirmou ao g1 que tem dado prioridade às análises do estudo. “A Anvisa recebeu proposta de ensaio clínico conduzida pelo CEPID-FAPESP-USP e este pedido está em análise pela Anvisa. O pedido faz parte de um projeto-piloto em que a Anvisa, selecionou o Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP-USP) de Ribeirão Preto para colaboração no desenvolvimento de produtos de terapia avançada no Brasil. Assim, a Agência tem feito interlocução com a equipe de desenvolvimento do CEPID-FAPESP-USP para aprimorar o desenho do estudo. O CEPID-FAPESP-USP também estabeleceu um cronograma com a Anvisa para enviar informações sobre a possível fabricação do produto e os controles aplicáveis nos próximos meses. A Anvisa, por sua vez, tem dado prioridade a estas análises, proporcionando retorno rápido ao desenvolvedor, com o objetivo de priorizar a execução desse estudo no Brasil." Como funciona a técnica A produção da terapia tem início com a coleta dos linfócitos de defesa do tipo T do paciente, que são como "soldados" do sistema imunológico, e que são levados para o laboratório e modificados geneticamente. Essas células são modificadas geneticamente para reconhecer o câncer, são multiplicadas em milhões e devolvidas ao paciente, onde circulam, encontram e matam o tumor sem afetar as células normais. As próprias células do paciente são "treinadas" para combater o câncer. scrolly célula T
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28/05 - Mitos e verdades sobre a mão de obra sênior
Organização internacional derruba crenças sobre o trabalhador acima dos 50, o grupo que mais cresce no mundo The Encore Network é uma comunidade baseada nos Estados Unidos, e presente em outros 11 países, cujo objetivo é valorizar o profissional sênior. Em seminário on-line realizado no dia 17, a entidade lançou um guia para as empresas amigas da mão de obra madura. Trata-se do contingente que mais cresce no mundo e no Brasil não é diferente: em 15 anos, o número de trabalhadores acima dos 50 anos dobrou. Em 2006, eram 4.4 milhões e, em 2021, esse número tinha pulado para 9.3 milhões. De acordo com o levantamento feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o estoque de emprego geral cresceu 38,6%, indicando que a expansão da presença dos mais velhos no mercado foi quase três vezes maior em comparação ao emprego geral. Trabalhadores mais velhos têm desempenho pior que os demais: mito apontado pela The Encore Network Joseph Mucira para Pixabay Quem hoje tem 50 anos pode descortinar mais duas ou três décadas produtivas. O bônus da longevidade criou oportunidades e também necessidades, uma vez que poucos conseguem acumular uma reserva para fazer frente às despesas na velhice. Ao mesmo tempo, a taxa de natalidade vem caindo, o que descortina um cenário de escassez de mão de obra. Com base em informações coletadas em organismos internacionais, The Encore Network preparou uma relação de mitos e verdades sobre esse trabalhador sênior, que tem tanto a oferecer e é vítima de preconceito por causa da idade. MITO: Trabalhadores mais velhos têm desempenho pior que os jovens. VERDADE: Levantamentos realizados em diversos países mostram exatamente o oposto: os mais velhos apresentam performance melhor que os jovens porque têm mais experiência e cometem menos erros. Também tendem a ser mais conscienciosos, possuem habilidades sociais mais desenvolvidas e maior controle emocional. MITO: A mão de obra sênior não é capaz de aprender ou se manter atualizada. VERDADE: Curiosidade, interesse e capacidade de aprendizado não sofrem mudança significativa ao longo da vida, o que se aplica à habilidade de lidar com a tecnologia, que vem sendo incorporada pelos mais velhos nos últimos anos com crescente desenvoltura. MITO: Os mais velhos são menos engajados e é maior a chance de abandonarem o emprego. VERDADE: É o contrário: eles faltam menos, são mais leais e menos propensos a trocar de emprego. MITO: A mão de obra madura é mais cara. VERDADE: Atributos como maior produtividade e um leque de conexões, somado a um conhecimento institucional mais amplo, são contribuições de enorme valor para qualquer empresa, que compensam o custo de alguns benefícios. Na terça-feira tem mais: o que os empregadores ganham com funcionários acima do 50 e como combater o preconceito
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25/05 - Bem-estar mental dos idosos é melhor do que há 30 anos
Pessoas na faixa entre os 75 e 80 anos apresentam menos sinais de depressão que gerações anteriores O Centro de Pesquisa em Gerontologia e a Faculdade de Esportes e Ciências da Saúde da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, acabaram de divulgar estudo comparando sintomas depressivos e o nível de satisfação com a vida de dois grupos: idosos que estão entre os 75 e 80 anos e pessoas que estavam nessa mesma faixa etária na década de 1990. Pessoas na faixa entre os 75 e 80 anos apresentam menos sinais de depressão que gerações anteriores Mariza Tavares O resultado é favorável aos velhos do século XXI: eles apresentam menos sinais de depressão que gerações anteriores, uma diferença que, em parte, é explicada por terem melhor saúde e nível educacional. Os pesquisadores já haviam se debruçado anteriormente sobre outros indicadores, constatando que os velhos de hoje exibem condições físicas e cognitivas superiores como, por exemplo, força muscular, velocidade de caminhada, rapidez de reação, fluência verbal e raciocínio – é como se tivessem ficado mais jovens! O estudo foi ampliado com a inclusão de aspectos relacionados ao bem-estar mental. O interessante é que, embora os sintomas de depressão atualmente sejam menos expressivos, no quesito “satisfação com a vida”, idosos do século XX e XXI se igualam. “Os homens nascidos em 1910 viveram numa época dura, o que pode explicar a satisfação com suas vidas em 1990. Os indivíduos se adaptam às condições que enfrentam, o que vale para os idosos de 1990 e os de hoje”, explicou a pesquisadora Tiia Kekäläinen. É verdade que, em 2023, a Finlândia foi eleita o país mais feliz do mundo pelo sexto ano consecutivo, de acordo com um ranking da Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, nas últimas décadas, inclusive em países menos desenvolvidos, foi significativa a evolução em áreas como higiene, nutrição, assistência à saúde, acesso à educação e direitos trabalhistas. O trabalho compreendeu duas coortes – em estatística, isso significa um conjunto de pessoas que têm em comum um evento que se deu no mesmo período de tempo. Nesse caso, a primeira coorte reuniu 617 indivíduos nascidos entre 1910 e 1914 que participaram de um grande estudo entre 1989 e 1990. A segunda coorte tinha 794 nascidos entre 1938-39 e 1942-43, e o levantamento se deu entre 2017 e 2018.
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23/05 - Instituto Butantan começa a desenvolver vacina contra gripe aviária
Segundo o instituto, testes estão sendo realizados com cepas vacinais que foram cedidas pela OMS. Primeiro lote já está pronto para o início dos testes pré-clínicos. Edifício Vital Brazil, no Parque da Ciência do Instituto Butantan Reprodução/TV Globo O Instituto Butantan começou a desenvolver uma vacina contra a gripe aviária. O processo ocorre desde janeiro deste ano. Segundo o instituto, os testes estão sendo realizados com cepas vacinais que foram cedidas pela OMS e o primeiro lote já está pronto para o início dos testes pré-clínicos, ou seja, testes em laboratório. No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, no dia 15 de maio foram registrados os primeiros casos confirmados da doença em aves marinhas e silvestres. Gripe aviária: veja perguntas e respostas sobre a doença que chegou ao Brasil Ainda de acordo com o Butantan, a vacina começou a ser desenvolvida por conta da preocupação de que ela possa se tornar uma nova pandemia. O Butantan atua para preparar o país no enfrentamento de potenciais pandemias, como ocorreu no desenvolvimento e disponibilização de vacinas para Covid-19 nos últimos anos. Gripe aviária no Brasil Uma semana depois dos primeiros casos confirmados em aves, nenhuma pessoa havia sido contaminada pela gripe aviária. Por serem migratórias e não fazerem parte do sistema industrial brasileiro, os frangos e os ovos que são disponíveis para os consumidores nos supermercados não foram impactados. Desta forma, a produção segue normalmente. A gripe aviária não é transmitida pelo consumo de aves ou ovos. De qualquer forma, medidas de biossegurança em aviários foram reforçadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o risco de contaminação entre humanos é baixo, mas as ações de prevenção são importantes porque com a circulação contínua da doença, há potencial de o vírus sofrer mutações, tornando-o mais contagioso. As infecções podem acontecer por meio do contato com aves contaminadas, vivas ou mortas. Por isso, não é recomendado tocar e nem recolher aves doentes.
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23/05 - O que as gigantes de tecnologia podem fazer com seus dados de saúde
Nos EUA, a Amazon criou uma clínica de baixo custo, mas o paciente assina uma autorização que libera o uso das informações O impacto que a inteligência artificial causará em toda a sociedade é tão acachapante que o próprio Sam Altman, CEO da OpenAI e criador da plataforma ChatGPT, capaz de elaborar qualquer tipo de conteúdo, pediu uma regulação internacional para seu uso. Entre as muitas questões éticas relativas às novas tecnologias, a privacidade dos dados dos pacientes é uma das mais urgentes, até porque seus efeitos práticos já estão em curso. Amazon Clinic: para usar seus serviços, o paciente assina uma autorização que permite que a empresa utilize seus dados Christian Northe para Pixabay A Amazon criou uma clínica de baixo custo, a Amazon Clinic, que realiza consultas on-line – pagando US$ 30, você entra em contato com um médico que lhe dará uma receita sem precisar sair de casa. No entanto, para usar o serviço, o paciente assina uma autorização que permite que a empresa utilize seus dados como quiser. A autorização padrão vigente nos EUA se chama HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act) e garante que os médicos protejam as informações de saúde do paciente e só as compartilhem em circunstâncias bem específicas. Entretanto, a Amazon não quer saber de restrições: ao dar seu “ok”, a pessoa concorda que a empresa faça o que quiser com os dados, ou seja, eles deixam de estar protegidos. Como as leis continuarão protegendo os cidadãos se as grandes empresas de tecnologia se esforçam para buscar brechas no sentido contrário? Ninguém é forçado a aderir ao serviço, mas seu preço e o apelo de marketing são eficientes armas para conquistar o público. Além de dados pessoais, a Amazon Clinic pede para o usuário enviar fotos que detalhem sua condição. E o que pode acontecer com esse dossiê que a gigante de tecnologia vai dispor? Algumas opções: vender as informações para terceiros (a autorização foi dada!); direcionar anúncios com base em seu perfil médico; e até gerar, via inteligência artificial, modelos que prevejam o risco de os pacientes desenvolverem determinados tipos doença, que podem ser comercializados. O analista Geoffrey Fowler escreveu longo artigo sobre o tema no jornal “The Washington Post” – curiosamente, que tem como proprietário Jeff Bezos, dono da Amazon. A respeito de seus questionamentos, a assessoria de imprensa da empresa afirmou que seu negócio não é vender dados e que não usa informações dos clientes para nenhum propósito sem a sua concordância. É pouco. E se surgir uma versão tupiniquim?
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21/05 - Quem eu seria sem esse pensamento: autoconsciência para acabar com o sofrimento
Aos 80 anos, Byron Katie continua atuando para divulgar “O trabalho”, método que criou na década de 1980 Na edição 2023 do Wisdom 2.0, realizada no fim de abril, tive o prazer de conhecer a figura ao mesmo tempo frágil e poderosa de Byron Katie. Aos 80 anos, ela continua na ativa para ensinar seu método, conhecido como “O trabalho” (“The work”), cujo objetivo é grandioso: acabar com o sofrimento através da meditação e autoconsciência. Byron Katie, autora do método, conhecido como “O trabalho”, cujo objetivo é acabar com o sofrimento através da meditação e autoconsciência Reprodução “Dê espaço para seus pensamentos, medite sobre suas crenças, sobre o que provoca seu sofrimento. Observe o que o ego oferece, deixe passado e presente flutuarem, irem e virem, como um pêndulo. E questione: será realmente verdadeiro o que me perturba ou foi algo que ‘colou’ na minha mente?”, indagou para a plateia. Uma pergunta serve de guia para seu método, que já foi objeto de estudos científicos que comprovaram o aumento do bem-estar das pessoas que o adotaram: “quem eu seria sem esse pensamento?”. Assim funciona o processo de desconstrução do sofrimento, que vem atraindo adeptos há décadas. Katie conseguiu vencer uma depressão severa, que a impedia de sair do quarto. Numa manhã de 1986, teve o que descreve como um entendimento que mudou sua vida: “acordei num estado de alegria que perdura até hoje”. Autora de inúmeros best-sellers, apresentou “O trabalho” em seu livro “Ame a realidade”. No evento, conduziu uma rápida sessão com Soren Gordhamer, criador do Wisdom.2, que contou que era ridicularizado quando criança porque a família não ia à igreja. Os outros meninos diziam que ele iria para o inferno e, além de vergonha, passou anos achando que não tinha valor. “Visite a causa do sofrimento até ele não ser mais capaz de provocar dor. Pense em quem se transformou, em tudo que construiu, como aqueles garotos não têm qualquer poder sobre você”, ensinou. Quem quiser, pode baixar aqui o PDF com as perguntas do método, que servem como ponto de partida para enxergar os problemas. O roteiro inclui ainda “inversões” que questionam as crenças arraigadas. Para ajudar a entender o processo, imaginemos a situação “Fulano não me compreende”. As perguntas: Isso é verdade? Você pode saber com absoluta certeza que isso é verdade? O que acontece, como você reage, quando acredita nesse pensamento? Quem você seria sem esse pensamento? O passo seguinte é fazer a inversão do conceito que pretende questionar e encontrar três exemplos para cada uma dessas inversões. Elas serão a oportunidade de vivenciar o oposto da declaração original. Para a situação “Fulano não deveria gritar comigo”, algumas inversões possíveis seriam: “Fulano deveria gritar comigo”; “Eu não deveria gritar com Fulano”; “Eu não deveria gritar comigo”. Muitas reflexões surgem daí: na minha cabeça, não paro de repetir os gritos dele? Quem está fazendo mais mal a mim mesma: Fulano, que gritou, ou eu, repetindo isso na minha mente à exaustão? Afinal, por que nos apegamos a algo que pode não ser verdade ou não significa mais nada para nós?
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18/05 - Filme mostra um Japão distópico que encoraja a eutanásia dos idosos
Chie Hayakawa, diretora de 'Plano 75', diz que seu país está cada vez mais intolerante com os cidadãos frágeis: velhos, deficientes e pessoas em situação de vulnerabilidade social Um programa governamental encoraja os cidadãos a partir dos 75 anos a se submeter à eutanásia. É dessa forma que a diretora Chie Hayakawa apresenta um Japão distópico no filme “Plan 75” (“Plano 75”). “Não se trata de algo tão impossível”, afirmou em entrevista ao jornal “The Guardian”. A obra, que já foi apresentada em mostras de cinema e recebeu um prêmio no Festival de Cannes em 2022, entrou em cartaz no Reino Unido, mas não tem data de estreia no Brasil. Cena do filme “Plano 75”, da diretora Chie Hayakawa: idosos encorajados a se submeter a eutanásia Divulgação O Japão tem perto de 30% da população composta por idosos e é o país que envelhece mais rapidamente no mundo. A expectativa de vida dos 126 milhões de japoneses é de 85 anos, sendo que, para as mulheres, chega a 87.7 anos (a do homens está em 81). E também vem encolhendo: a taxa de natalidade é de 1.3 filho por casal, abaixo dos 2.1 necessários para manter a população estável. Na ficção, tal cenário leva a uma crise social e econômica que o governo pretende resolver através do extermínio consentido dos velhos. Apesar de incensado como uma nação que respeita os idosos, a realidade não tem sido tão acolhedora. Recentemente, o primeiro-ministro, Fumio Kishida, afirmou que o envelhecimento da população representa um risco para a sociedade. No filme, os “candidatos” se preocupam em ser um fardo e recebem um bônus para pequenas auto-indulgências no fim da vida, antes de serem submetidos à eutanásia. A diretora optou por um estilo de documentário: a trama começa com a notícia de um atirador que abriu fogo contra idosos numa instituição de longa de permanência. Na sua opinião, o Japão vem se tornando um país cada vez mais intolerante com seus cidadãos mais frágeis: os velhos, os deficientes, as pessoas em situação de vulnerabilidade social. Ela diz que a “banalidade do mal”, expressão cunhada pela filósofa Hannah Arendt para descrever a política de extermínio nazista, foi uma de suas inspirações: “a burocracia se encarrega de desumanizar tudo”. Cartaz do filme Reprodução
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16/05 - Depois de receber críticas no passado, reposição hormonal volta a ganhar defensores
Estudo canadense indica o tratamento para os sintomas da menopausa, como ondas de calor, suores noturnos e distúrbios de sono Os primeiros sintomas relacionados à diminuição da produção do estrogênio, o principal hormônio feminino, podem surgir dez anos antes da menopausa. Pior: problemas como ondas de calor, suores noturnos e distúrbios de sono, entre outros, com frequência se estendem por mais de uma década após o fim dos ciclos menstruais – com impacto bastante negativo na qualidade de vida de qualquer mulher. Uma nova revisão de estudos, publicada ontem na revista “Canadian Medical Association Journal”, avança no resgate da terapia de reposição hormonal, recomendando o tratamento para quem não apresenta fatores de risco, como explica a médica Iliana Lega, professora da Universidade de Toronto e coautora do trabalho: Mulheres e menopausa: reposição hormonal volta a ganhar defensores Fotorech para Pixabay “Perimenopausa e pós-menopausa podem levar a um quadro de sofrimento físico e mental. Apesar da existência de diversas formas de intervenção, o medo relacionado ao risco da terapia de reposição hormonal, aliado à falta de conhecimento sobre as alternativas existentes, impediu que muitas pacientes recebessem qualquer tipo de tratamento”. O Women's Health Initiative, estudo que lançou uma sombra de dúvidas sobre a reposição hormonal, completou 21 anos sendo questionado porque seu encaminhamento continha falhas. No entanto, o estrago foi grande: a informação fez com que um grande número de médicos deixasse de prescrever o tratamento para suas pacientes. Em coluna publicada em abril, o blog já havia apresentado trabalho realizado por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, mostrando o mesmo tipo de relação entre a idade da menopausa, a utilização de terapia hormonal e a Doença de Alzheimer: altos níveis da proteína tau, presentes no processo da enfermidade, só haviam sido observados em mulheres que começaram a fazer reposição hormonal tardiamente. Hoje, há evidências de uma possível redução de risco de doença coronariana através da reposição, no caso de pacientes abaixo dos 60 ou que iniciam o tratamento precocemente. De acordo com o levantamento, os principais benefícios da reposição são: Redução das ondas de calor em até 90% em pacientes com sintomas de moderados a severos. Melhora do perfil lipídico e possível diminuição do risco de diabetes tipo 2. Menor risco de fraturas ósseas. Sobre os contras: Embora estudos anteriores tivessem indicado aumento do risco de câncer de mama, ele é baixo para quem está na faixa entre 50 e 59 anos e para quem inicia a reposição nos primeiros dez anos a partir da menopausa. Outras pesquisas mostram um aumento de chances de acidente vascular cerebral (derrame) em mulheres acima dos 60 anos que iniciaram a reposição dez anos depois da menopausa. Quem apresenta algum fator de risco (histórico de câncer de mama e subtipos de câncer endometrial, doença coronariana ou mutação pró-trombótica) ou não quer fazer o tratamento pode utilizar terapias não hormonais para aliviar os sintomas.
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14/05 - No Dia das Mães, alguns conselhos para essas eternas equilibristas
Livro recém-lançado da psicóloga Cecília Russo Troiano ensina a conciliar maternidade e vida profissional Em 2007, a psicóloga e empresária Cecília Russo Troiano realizou uma pesquisa, sobre a difícil arte de conciliar maternidade e vida profissional, que virou livro. Doze anos depois, voltou ao tema e coletou respostas de 1.300 mães que trabalham fora, desta vez incluindo os pais. O resultado é o recém-lançado “Vida de equilibrista na contemporaneidade: reflexões e provocações sobre a convivência entre família e trabalho”, no qual destrincha esses desafios: Cecília Troiano, autora de “Vida de equilibrista na contemporaneidade: reflexões e provocações sobre a convivência entre família e trabalho” Divulgação: Vivian Koblinski “Para alcançar postos altos na cultura corporativa, não dá para esperar o filho na porta de casa quando chega o ônibus da escola. Você pode ser vice-presidente ou mãe do ano, mas não ambos! Então, resgato um dos meus mantras: não é possível tirar dez em tudo... é preciso se contentar com menos”. Ao reunir depoimentos de pessoas de diferentes regiões do país, notou as semelhanças dos sentimentos em relação ao tema: “olhando as respostas, consigo visualizar um tripé de sustentação da identidade da equilibrista. Ela é muito feliz com a maternidade, sente-se sobrecarregada e trabalha para ter independência financeira. Você se identifica?”, pergunta (sabendo muito bem a resposta). Ao longo dos últimos 16 anos, afirma que os temas que abordou na primeira obra, como a culpa das mulheres, a sobrecarga de trabalho e a capacidade para se adaptar às situações, jamais se esgotam. Por isso, decidiu manter a estrutura do livro anterior, atualizando os dados a partir de estudos mais recentes. Na sua opinião, apesar da maior participação masculina na criação dos filhos, o território doméstico ainda é, fundamentalmente, uma responsabilidade das mães: “Não apenas a culpa e as cobranças da mulher equilibrista continuaram ao longo dos últimos 15 anos, mas o fenômeno das redes sociais amplificou algumas sensações. Elas viraram um espaço de modelos idealizados de maternidade, de retratos coloridos e sorridentes da família perfeita. Sem falar em dicas e comentários nocivos que classificam as atitudes em certo ou errado... eles criam tensão, fazem o sentimento de culpa aumentar, geram ansiedade e até depressão”. Segundo a autora, o segredo é saber transitar entre dois papeis aparentemente antagônicos: o da “mãe maravilha” e da “mãe desesperada”. “Ambas existem e são verdadeiras. Somos um pouco de cada uma delas, todos os dias. Vivemos essas polaridades de modo intenso, cotidiano e visceral. Aí está a beleza da maternidade: é ser um pouco perfeitinha e um pouco atrapalhada”, ensina. Mãe de um casal de filhos já adultos, enfatiza a importância de buscar o equilíbrio entre tantas demandas: “precisamos cuidar de nós mesmas para sermos boas cuidadoras”. Para o Dia das Mães, compartilho as dicas de Cecília para suas leitoras: Culpe-se menos. Não se ache uma supermulher. Ser mulher já é super. Planeje-se mais. Respire mais. Saiba delegar. Divida mais. Exercite-se mais. Menos celular. Mais cara a cara. Mais ar livre. Divirta-se mais. Agradeça mais. Cobre menos. Cuide-se mais. Curta mais os momentos. Corra menos. Respeite-se mais. Namore mais. Escolha mais. Viva mais. Capa do livro: conselhos para as mulheres equilibrarem maternidade e vida profissional Reprodução
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11/05 - Mulheres maduras têm que buscar educação financeira
Desinformação e desigualdade de gênero lançam uma sombra sobre o futuro feminino. Educação financeira para mulheres: desinformação e desigualdade de gênero jogam uma sombra sobre o futuro feminino Joel Fotos para Pixabay Na terça-feira, o assunto do blog foi o impacto da menopausa na vida financeira das mulheres. A coluna de hoje é um desdobramento natural do tema: como a falta de informação sobre como cuidar do dinheiro compromete o futuro feminino, tema de seminário on-line a que assisti no fim do mês passado. O cenário é desafiador quando fazemos uma lista das adversidades que temos pela frente. As três principais: Desigualdade salarial: as pensões de aposentadoria das mulheres são de 30% a 40% menores que as dos homens. Interrupções na carreira, para cuidar dos filhos ou de alguém da família, chegam a ultrapassar dois anos e impedem ou dificultam a ascensão profissional. Aos 65 anos, globalmente, as mulheres vivem 2,5 anos a mais que os homens, têm maiores gastos com saúde e menor probabilidade de terem um cônjuge. Joanne Yoong, pesquisadora da University of South California, afirmou que, normalmente, as mulheres jovens são o foco dos programas de educação financeira, quando, na verdade, as mais velhas também deveriam ser prioridade. Ela citou uma experiência realizada em três países asiáticos (Singapura, Malásia e Indonésia), em 2008, na qual mulheres de baixa renda, entre 40 e 59 anos, se reuniam em 12 sessões semanais com aulas sobre orçamento, poupança, endividamento, investimentos e negociação. A partir daí, cada uma elaborava seu plano individual. Dez anos depois, as participantes se sentiam menos estressadas em relação ao futuro. Cindy Cox-Roman, presidente da HelpAge, instituição internacional que ajuda idosos a reivindicar seus direitos, apresentou The Understanding America Study, um levantamento com 10 mil entrevistas: “Além de pouca confiança na administração dos seus recursos, as mulheres têm vergonha de falar do assunto. Elas podem até controlar o orçamento, mas não são preparadas para investir com segurança. Menos de 30% se sentem tranquilas sobre o futuro, sendo que, entre as afrodescendentes, o percentual é mais baixo: 19%”. Um teste de educação financeira – o S&P Global FinLit Survey, que é regularmente aplicado em mais de 140 países – mostra que apenas 35% dos homens e 30% das mulheres dominam noções básicas para lidar com seu dinheiro. São quatro perguntas, que reproduzo aqui (as respostas estão no fim do texto): Supondo que você tem alguma reserva financeira, o que é mais seguro fazer? A) Aplicar em um investimento; B) Aplicar em diversos investimentos; C) Não sabe. Imagine que, nos próximos dez anos, os preços dos artigos que você compra dobrem. Se sua renda também dobrar, você: A) Comprará menos do que hoje em dia; B) Comprará mais do que hoje; C) Comprará a mesma quantidade; D) Não sabe. Se você fizer um empréstimo de 100 reais, qual o menor valor para pagar a dívida? A) R$ 105; B) R$ 100 mais 3%; C) Não sabe. Se sua poupança estiver no banco por dois anos e a instituição remunerar essa quantia em 15% ao ano, o banco vai depositar mais dinheiro em sua conta no segundo ano do que no primeiro ou será o mesmo valor? A) Mais; B) O mesmo valor; C) Não sabe. Esta é uma variante da pergunta 4: suponha que você tenha R$ 100 investidos e que o banco remunere tal valor em 10% ao ano. Se não fizer nenhuma retirada, quanto terá depois de cinco anos? A) Mais que R$ 150; B) R$ 150; C) Menos que R$ 150; D) Não sabe. RESPOSTAS: 1B; 2C; 3B; 4A; 5A
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09/05 - O impacto da menopausa na vida financeira das mulheres
Estudo mostra como elas são prejudicadas por problemas que as levam a perder dias de trabalho e até a abandonar o emprego. O climatério, fase que vai da transição do período reprodutivo até o não reprodutivo, vem acompanhado de uma série de sintomas que, como escrevi em meu último livro, “Menopausa: o momento de fazer as escolhas certas para o resto da sua vida”, podem ter um impacto severo na qualidade de vida das mulheres – e isso não se resume a questões físicas. Menopausa: pesquisa estima que os problemas resultantes dos sintomas adversos representam um custo de US$ 1.8 bilhão por ano para a força de trabalho feminina Mariza Tavares Pesquisa publicada no fim de abril pela Mayo Clinic estima que os problemas representam um custo de US$ 1,8 bilhão (mais de R$ 9 bi) por ano para a mão de obra feminina, somente nos Estados Unidos. Trata-se do maior estudo já feito nos EUA, reunindo cerca de 4.400 mulheres, entre 45 e 60 anos, que recebiam atendimento primário em quatro unidades da Mayo Clinic, entre março e junho de 2021. Desse contingente, 13.4% relataram pelo menos um contratempo relacionado aos sintomas da perimenopausa ou pós-menopausa capaz de afetar seu trabalho, o que incluía faltar uma média de três dias nos últimos 12 meses. Ondas de calor, suores noturnos, dor de cabeça, oscilações de humor, insônia, ansiedade, irritabilidade. A lista de sintomas é longa e provoca o que a pesquisa chama de “resultados adversos no ambiente profissional”. Uma pequena parcela apresentou um quadro tão debilitante que deixou o emprego ou foi demitida. Em entrevista ao jornal “The New York Times”, a médica Ekta Kapoor, coautora do estudo, afirmou que o tema menopausa continua sendo um tabu, principalmente no mundo corporativo: “ouvi de mulheres que elas não queriam ser vistas como funcionárias que estavam sempre se queixando. Também acontecia de, quando alguma delas abordava o assunto, recebia uma péssima acolhida, o equivalente ao interlocutor revirar os olhos”. Na opinião da médica, o valor de US$ 1.8 bilhão é subestimado, porque as participantes eram, em sua maioria, brancas, instruídas e com acesso a plano de saúde.
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07/05 - Homens e mulheres têm planos diferentes para a aposentadoria
Estudo do Laboratório do Envelhecimento do MIT mostra que eles querem relaxar, enquanto elas pensam no crescimento pessoal O que você está sonhando fazer durante a aposentadoria? Há boas chances de não ser a mesma coisa que seu cônjuge. As diferenças entre os casais são mais comuns do que se supõe, é o que mostra estudo do AgeLab, o Laboratório do Envelhecimento do poderoso Massachusetts Institute of Technology (MIT). Homens e mulheres têm concepções distintas sobre a vida depois de encerrar a carreira profissional. Aposentadoria: estudo do Laboratório do Envelhecimento do MIT mostra que os homens querem relaxar, enquanto as mulheres pensam no crescimento pessoal Mariza Tavares Para os homens, a aposentadoria é vista como uma espécie de prêmio depois das décadas de sacrifícios e dedicação: uma fase para relaxar, descansar e se dedicar a hobbies. Já as mulheres encaram essa etapa como um novo estágio de realizações, no qual terão mais liberdade para buscar o crescimento pessoal. Em parte, tais diferenças parecem refletir o fato de que as mulheres entram nessa fase com melhor saúde e mais anos de vida pela frente, já que sua expectativa de vida é maior. No entanto, de acordo com os pesquisadores do MIT, a explicação não é tão simples. Trata-se, também, de uma consequência dos obstáculos enfrentados por elas: as carreiras femininas são frequentemente interrompidas, por causa da criação dos filhos ou quando se tornam cuidadoras de familiares. Esse entra-e-sai do mercado de trabalho muitas vezes impede a realização profissional e o período pós-aposentadoria é visto como uma chance de retomar projetos e buscar realizações, uma vez que a responsabilidade de cuidar de terceiros deixa de existir. Considerando que manter o cérebro afiado é uma ferramenta eficiente contra o declínio cognitivo, são elas que estão fazendo a opção certa. Nos Estados Unidos, as mulheres acima dos 50 anos representam a espinha dorsal do voluntariado e vêm aumentando substancialmente sua participação como empreendedoras. A pesquisadora Chaiwoo Lee e Joseph F. Coughlin, fundador e diretor do AgeLab, são os autores do estudo, intitulado “Describing life after career: demographic diferences in the language and imagery of retirement”. Um grupo de 990 adultos participou do levantamento, que utilizou representações verbais e visuais do que as pessoas projetavam para a pós-aposentadora. De um modo geral, a percepção em relação a essa fase era otimista, mas em menor medida quando se tratava de não casados e do grupo com rendimentos modestos, que utilizaram um número reduzido de expressões positivas para seu futuro. Atualmente, há mais norte-americanos aposentados do que em qualquer outro período da História do país. Estima-se que o número de indivíduos acima dos 65 anos chegue a 73 milhões em 2030, o equivalente a 20.3% da população. Apesar de ser uma potência, a capacidade de poupança é baixa: 57% relatam ter uma reserva, e a média é de US$ 5 mil (R$ 25 mil) guardados.
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05/05 - Pesquisa da PUC-Campinas comprova eficácia de laser para recuperação do paladar de pacientes com sequelas da Covid
Estudo conduzido no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde fez testes em grupo com 70 voluntários por até dois meses. Veja quais foram os resultados e os próximos passos. Pesquisa comprova eficácia de laser para recuperação do paladar de paciente com Covid-19 Uma pesquisa realizada pela PUC-Campinas comprovou a eficácia no uso de laser de baixa potência para recuperar o paladar de pacientes com sequelas da Covid-19. O estudo foi feito por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde a partir de testes em grupo com 70 voluntários. A pesquisadora Letícia Fernandes Sobreira Parreira explicou que as avaliações foram realizadas na Clínica de Odontologia da universidade. O objetivo da pesquisa foi verificar os resultados do tratamento que tradicionalmente já era usado em pacientes com câncer com sintomas parecidos. Como foi o estudo e resultados Os pacientes foram selecionados após a confirmação de que perderam paladar e olfato, e na sequência foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu fotobiomodulação (aplicação de luz) de forma simulada associada à terapia olfativa, enquanto o segundo recebeu aplicação real de laser. Neste caso, a aplicação ocorreu em 18 pontos da borda lateral da língua e glândulas salivares. O estudo demonstrou melhora mais rápida e eficiente no grupo que recebeu o tratamento verdadeiro. "O paciente não sente dor, não sente calor, não sente queimação, não sente absolutamente nada", ressaltou Letícia A luz pode ser vermelha ou infravermelha. Ela aumenta a imunidade do paciente, tem efeito antioxidante, e consegue controlar inflamações. "Foi pensado um protocolo praticamente para tratar os pacientes pós-Covid-19", explicou o pesquisador e professor Carlos Eduardo Fontana. Segundo a pesquisa, houve melhora no distúrbio do paladar nos dois grupos. Contudo, a reversão completa só foi verificada em 13,8% dos pacientes submetidos ao procedimento simulado, enquanto o tratamento real alcançou índice de 32,3%, portanto, ultrapassou o dobro. A avaliação da disfunção do paladar, semanal, submeteu os voluntários ao teste de sabores com ácido cítrico (azedo), sacarose (doce), cloreto de sódio (salgado) e extrato seco de boldo (amargo). O resultado do estudo deve ser apresentado à Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica em setembro. Os procedimentos foram feitos uma vez por semana, acompanhados por testes de sabores e questionário qualitativo, até remissão dos sintomas ou por até dois meses, em ambos os grupos. Pesquisa mostra eficácia de laser para recuperar paladar de pacientes que tiveram Covid-19 Reprodução/EPTV Treinamento olfativo e avaliação Ao longo da pesquisa, os pacientes também foram orientados para um treinamento olfativo com objetivo de melhorar o distúrbio de paladar. Neste caso, foram usados rosa, limão, eucalipto e cravo. Cada paciente sentiu o odor de cada substância por 20 segundos, duas vezes ao dia, por dois meses. Mulheres predominam Do total de participantes na pesquisa, 54 foram mulheres, o que reforçou pesquisas onde houve indicação de que mulheres têm maior capacidade de percepção do sabor, portanto, percebem mais facilmente se o paladar está normal ou não, informou o estudo. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas.
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04/05 - Número de violações de direitos contra pessoas idosas quase dobrou no 1º. trimestre
Disque 100, que recebe as denúncias, contabilizou mais de 202 mil registros entre janeiro e março Informação dada com exclusividade ao blog mostra que, nos três primeiros meses de 2023, o número de violações de direitos humanos contra idosos ultrapassou 202 mil registros no país. O número é 97% maior se comparado com o mesmo período de 2022 e, para Alexandre Silva, secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, o aumento tem uma explicação: a retomada do Disque 100. Alexandre Silva, secretário nacional dos direitos da pessoa idosa Divulgação: Clarice Castro (Ascom-MDHC) “Estamos recuperando a confiança do cidadão, mas queremos ampliar nosso alcance, de forma que o grau de escolaridade não seja um fator de impedimento para o idoso fazer uma denúncia. Pensamos em utilizar agentes de saúde, que têm conhecimento do território onde atuam, e criar também pontos de contato nos espaços que essas pessoas frequentam, criando uma rede de proteção amigável. Nem sempre elas têm acesso a um aparelho para ligar”, afirmou. Criado em 1997, durante o governo Jair Bolsonaro o Disque 100 foi utilizado politicamente para intimidar defensores da vacinação contra a Covid. A então ministra Damares Alves editou nota técnica transformando a exigência de comprovante de vacina para acesso a locais públicos ou privados em violação de direitos humanos. Outra mudança foi a inclusão da expressão “ideologia de gênero” na mesma categoria, numa tentativa de estimular denúncias contra profissionais de educação que abordassem a questão nas escolas. Na época, Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, determinou que o governo parasse de usar o canal fora de suas finalidades. Numa única ligação para o Disque 100, o sistema pode contabilizar mais de uma violação. Exemplificando, se uma mulher telefona dizendo que o marido bate nela, agride o próprio pai e ainda se apropria do dinheiro da sua aposentadoria, na verdade há três violações, duas delas envolvendo um idoso. Com garantia de sigilo total, há diversos tipos de encaminhamento para os casos: conselhos tutelares, Ministério Público, delegacias da Polícia Civil, Polícia Federal. No entanto, se houver risco imediato, a pessoa deve entrar em contato imediatamente com a polícia. Entre janeiro e março, as mais de 202 mil violações de direitos foram registradas a partir de 34,2 mil denúncias, 75% a mais em relação aos três primeiros meses de 2022, período em que a ouvidoria recebeu 19,5 mil denúncias. O maior número se refere a violações à integridade do idoso, divididas em quatro categorias: física (que vai de exposição de risco à saúde a lesão corporal e tortura), psíquica (insubsistência afetiva, ameaça e bullying, entre outras), negligência e patrimonial. O Disque 100 funciona diariamente, 24 horas por dia. A vítima passa pelo atendimento eletrônico e, depois de selecionar a opção desejada, é encaminhada a um atendente, que registra a denúncia e fornece o número do protocolo. O painel de dados apresenta todas as informações coletadas pelo serviço. O secretário Alexandre Silva pretende anunciar uma série de medidas em 15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Ele considera uma prioridade que os mais velhos conheçam os benefícios a que têm direito e enfatiza que a reativação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa possibilitará que o órgão invista na pauta da diversidade. “Falta ainda a ratificação da Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, que vai ajudar na criação de políticas públicas nessa área”, acrescentou.
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02/05 - Wi-fi para monitorar a saúde
Baixo custo das redes que já estão disponíveis poderá facilitar implantação do sistema no futuro Usar as redes wi-fi – que estão disponíveis em quase todos os ambientes médicos e residenciais – para monitorar, em tempo real, sinais vitais como batimentos cardíacos, frequência respiratória ou quedas de pacientes, ainda soa como ficção científica para boa parte das pessoas. No entanto, a utilização da inteligência artificial com este objetivo vem avançando no mundo todo, inclusive no Brasil. No alto, Célio Albuquerque e Débora Muchaluat Saade, professores do Departamento de Ciência da Computação da UFF, com seus alunos Divulgação Como a tecnologia está amplamente difundida, sua aplicação na área da saúde é considerada de baixo custo. Além disso, não há necessidade de nenhum tipo de intervenção que afete o indivíduo, como o uso de algum tipo de dispositivo. Entretanto, a rede wi-fi não trabalha sozinha: ela coleta os dados, mas quem processa a informação é a tecnologia CSI (Channel State Information). A tecnologia mapeia as características da pessoa que está sendo monitorada, criando um padrão individualizado cujos dados ficam armazenados em nuvem. Dessa forma, torna-se mais fácil acompanhar o paciente e identificar qualquer alteração, o que pode ser feito pelo profissional de saúde por meio de um celular ou notebook. No Brasil, um grupo de pesquisadores tem se dedicado a esse campo de estudos e cerca de 130 voluntários já cederam seus dados em atividades como caminhar, sentar-se, deitar, entre outras 17 posições. São necessários outros 170 participantes para o prosseguimento da pesquisa, realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro. “Com o uso da inteligência artificial, poderemos ajudar, por exemplo, quem sofre de apneia do sono. A pessoa poderá ser diagnosticada sem aqueles fios desagradáveis acoplados ao corpo. A rede wi-fi será capaz de captar as informações, processá-las e enviá-las sem a necessidade de outros equipamentos”, explica Débora Muchaluat Saade, professora do Departamento de Ciência da Computação da UFF e uma das coordenadoras do projeto. Além do monitoramento de apneia e respiração, o grupo da UFF está especialmente interessado no controle de batimentos cardíacos, fazendo comparações de eficiência entre a tecnologia wi-fi e os relógios do tipo smartwatch. Os estudos são parte da rede de pesquisa em saúde e-Health Rio, projeto apoiado, desde 2019, pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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30/04 - Sua dor merece atenção!
Cerca de 60 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de desconforto de forma crônica, mas falta uma abordagem multidisciplinar para dar alívio aos pacientes Um em cada cinco norte-americanos, ou seja, mais de 50 milhões de pessoas, convive com algum tipo de dor crônica, de acordo com o último relatório do Center for Diseases Control (CDC), que nem sequer contabilizou os moradores de instituições de longa permanência. Por aqui, de acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, são cerca de 60 milhões às voltas com o problema, o equivalente a 37% da população. De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, são cerca de 60 milhões às voltas com o problema no país Gerd Altmann para Pixabay Isso significa sentir dor por pelo menos três meses seguidos. Parte desse contingente enfrenta a chamada dor de alto impacto, que restringe e até inviabiliza atividades diárias. Segundo especialistas, tal condição pode levar a um quadro de depressão, uso abusivo de substâncias e até risco de suicídio. Para piorar: no envelhecimento, é considerado “normal” que o idoso sinta dor, comprometendo sua qualidade de vida. Quando se fala de câncer, o panorama é ainda mais dramático. De 60% a 80% dos pacientes com a doença sentem dor e 90% das dores oncológicas – apontadas como uma emergência médica mundial desde 1996 – são tratáveis, mas, na prática, não é o que ocorre. O que impede que a questão tenha a atenção que merece? Aprendi muito na palestra da médica Eloá Soffritti, integrante da clínica de dor do Hospital Copa D´Or, no VIII Congresso Internacional de Oncologia D’Or. Ela detalhou a teoria da dor total, concebida pela médica e enfermeira britânica Cicely Saunders, que não se limita ao desconforto físico. Temos o aspecto psicológico; impactos sociais, como a perda de trabalho, preocupações financeiras e com o futuro da família; e até uma questão espiritual, que pode se traduzir em perda da fé e na busca pelo significado da vida. Para a especialista, o tratamento tem que levar em conta todas essas dimensões: “Elas são indissociáveis e precisam ser endereçadas em conjunto. Infelizmente, o controle da dor ainda é inadequado e tem diferentes causas: falta de habilidade dos profissionais de saúde, acesso limitado ao tratamento interdisciplinar e opiofobia”. Opiofobia? Sim, os profissionais de saúde temem que o paciente se torne dependente dos medicamentos para controle da dor, mas a utilização de uma abordagem multidisciplinar com terapias não medicamentosas está restrita a alguns centros de excelência. A polêmica se agravou com a crise dos opioides nos EUA, mas não se deve perder de vista que a dor não tratada piora a doença, como defende brilhantemente a enfermeira Katharine Kolcaba, criadora da Teoria do Conforto, na década de 1990. Segundo ela, o bem-estar do paciente vem em primeiro lugar de uma forma transversal, isto é, com a contribuição de todos os profissionais de saúde que lidam com o doente. A lista é longa: médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais… O resultado é a melhora da imunidade, mais chances de reabilitação e de adesão ao plano de cuidados. A International Association for the Study of Pain (IASP) elegeu 2023 o ano global para o cuidado integrativo da dor, com ênfase no autocuidado e nas terapias não medicamentosas. Portanto, não se contente com menos.
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27/04 - Dez sugestões para lidar com a frustração e o estresse de pacientes com demência
Pesquisa mostra que intervenções não farmacêuticas podem ser eficazes e reduzir custos Na coluna de terça, falei sobre o relacionamento com portadores de demência baseado na criatividade. Hoje, o assunto é o tratamento convencional para pacientes de Alzheimer e outras demências, fundamentalmente calcado em medicamentos. No entanto, há diversas formas de abordagem da doença, já bastante documentadas, que não envolvem remédios, que beneficiariam todos, inclusive familiares e cuidadores. Pesquisadores da Brown University utilizaram uma simulação para avaliar quatro dessas intervenções não farmacêuticas e descobriram que, comparadas com o protocolo tradicional, elas reduziam os custos em até US$ 13 mil (R$ 65 mil), diminuíam o número de admissões em instituições de longa permanência e aumentavam a qualidade de vida das pessoas. Demência: há diversas formas de abordagem da doença, já bastante documentadas, que não envolvem remédios Janakaskg para Pixabay As intervenções não medicamentosas analisadas trabalham para maximizar a independência da pessoa em sua própria casa e oferecer aconselhamento e apoio aos cuidadores. Para quem se interessar em se aprofundar, são elas: Maximizing Independence at Home, New York University Caregiver, Alzheimer’s and Dementia Care e Adult Day Service Plus. O estudo foi publicado no começo do mês na revista “Alzheimer´s & Dementia: The Journal of Alzheimer´s Association”. Idosos portadores de demência apresentam comportamentos agressivos com alguma frequência. Para quem convive com o doente, parece uma reação intempestiva, mas esse pode ser resultado de uma sucessão de frustrações, diante da dificuldade de realizar as atividades do dia a dia. O que fazemos de forma automática não é tão simples num quadro de declínio cognitivo. Mesmo tarefas simples, como escovar os dentes, englobam inúmeras etapas e há o risco de se tornarem complexas. Afinal, é preciso entrar no banheiro, achar a escova e a pasta, pôr a quantidade certa de dentifrício, escovar os dentes, cuspir, bochechar, cuspir novamente. A equipe do DailyCaring preparou uma lista com dez dicas para tornar a rotina o menos estressante possível. Aceitar as limitações, evitando a expectativa de que o idoso realize atividades nas quais vêm demonstrando dificuldades crescentes para dar conta. O importante é fazer ajustes de acordo com os novos limites que vão surgindo. Simplificar o escopo de decisões, para que não se tornem uma fonte de estresse. Na hora de escolher uma roupa, basta apresentar uma peça azul e outra verde, em vez de abrir o armário e oferecer um leque de escolhas. O mesmo vale para o cardápio: a pergunta “o que você quer comer?” é ampla demais e pode ser substituída por apenas duas opções. Diminuir o ritmo para se adequar ao do indivíduo com demência, que precisa de mais tempo para processar as informações, responder ou fazer algo. Manter o ambiente tranquilo, porque um lugar barulhento ou agitado torna difícil a concentração – serve para todos nós, mas especialmente para quem é portador da doença. Criar uma rotina bastante previsível. Vale também para os objetos, que não devem ser deslocados para outros lugares: é reconfortante saber onde estão as coisas e o que está acontecendo. Falar de forma pausada, com frases curtas e diretas, para facilitar o entendimento. No caso de instruções, uma etapa de cada vez. Evitar um excesso de atividades e o cansaço, que provoca ainda mais pressão em alguém já fragilizado. Reduzir ao máximo dor e desconforto, presentes em muitas condições crônicas de saúde. Pacientes com demência vão perdendo a capacidade de reconhecer o que está acontecendo com seus próprios corpos e têm problemas para comunicar o que estão sentindo. Fazer com que tenham sucesso no dia a dia. Não se trata de deixar de fazer as coisas, o que só tornaria a situação ainda mais angustiante, e sim de adaptar as tarefas à capacidade de cada um. Alguns exemplos: trocar roupas com zíper e botões por peças com velcro, providência que vale para os sapatos, ou providenciar talheres adaptados. Nunca faltar com o respeito, porque é o que gostaríamos que acontecesse conosco, independentemente de nossa idade e habilidades.
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25/04 - Um exercício de criatividade para lidar com a demência
Especialista desenvolveu técnica para uma conversa livre que não dependa da memória em declínio – Lembra daquelas férias quando a família toda alugou uma casa na praia? – Você sabe quem eu sou? Essas são tentativas bem comuns para estabelecer algum tipo de diálogo com uma pessoa com demência. E com uma boa chance de o resultado trazer, no mínimo, decepção. Quem faz as perguntas busca criar uma ponte com o ente querido mas, diante da falta de comunicação, sente que ele se encontra cada vez mais distante. Para o idoso ou idosa, a incapacidade de utilizar seu repertório de lembranças é fonte de angústia. Mas, e se o roteiro da conversa fosse totalmente diferente? Anne Basting, fundadora da Time Slips: nova abordagem para familiares e profissionais que lidam com portadores de demência Divulgação Esse é o projeto de vida de Anne Basting, professora de inglês da Universidade de Wisconsin Milwaukee e autora de quatro livros, entre eles “Creative care: a revolutionary approach to dementia and elder care” (“Cuidado criativo: uma abordagem revolucionária para a demência e o cuidado com idosos”). É também fundadora da Time Slips, organização que treina um outro tipo de abordagem para familiares e profissionais que lidam com portadores de demência. Recentemente, num podcast gravado para o jornal “The New York Times”, declarou: “Temos que criar um mundo capaz de acomodar, acolher e até celebrar as pessoas que enfrentam a demência”. E como funciona essa abordagem de aproximação? Através de uma conversa livre que não dependa da memória em declínio. Basting já pesquisava sobre grupos de teatro compostos por idosos, mas quis ampliar seu campo de estudos: como seria exercitar a criatividade em instituições de longa permanência, numa situação de comprometimento cognitivo? Tornou-se voluntária e lembra que foi uma experiência traumatizante: “As TVs ficavam a todo volume, os pacientes estavam contidos quimicamente, ou seja, sedados. Um lugar onde ninguém gostaria de estar, nem os que lá viviam ou trabalhavam”. Passou a se reunir com um grupo de idosos em encontros semanais, sem sucesso. Até que, um dia, mostrou uma imagem recortada de uma revista e propôs um jogo aos participantes: que nome dariam para o homem que aparecia na foto? Que lugar era esse onde ele estava? De repente, alguém começou a cantar uma música e foi seguido pelos demais. “Foram 40 minutos de cantoria e risadas, de pura felicidade”, lembra a autora. A proposta foi repetida à exaustão em diversos contextos, sempre com bons resultados, e a levou a desenvolver um método: “Eu pensava: posso treinar cuidadores familiares e profissionais para fazer isso? É ao que venho me dedicando há 20 anos: estabelecer uma conexão com alguém que se considerava perdido. Basta se permitir entrar na realidade onde a pessoa está agora. É difícil, é triste, é emocionante”. Os dois lados saem ganhando quando se estabelece um elo de comunicação: para o paciente, o humor e a qualidade de vida melhoram; para quem cuida, há maior satisfação e engajamento com o trabalho – para a família, é possível ter uma visão diferente da doença. Atualmente Basting vive o papel de cuidadora da mãe, que há cinco anos apresentou os primeiros sinais de declínio cognitivo, e põe em prática a técnica que desenvolveu: “Não existe cuidado de qualidade quando isolamos a pessoa com demência”.
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23/04 - Os cinco Cs para resolver conflitos envolvendo amor e dinheiro
Aulas de professora da Universidade Stanford, que ajudaram milhares de alunos, se transformaram em livro Até se aposentar, em 2016, a economista Myra Strober dava um curso extremamente popular na Universidade Stanford (EUA). Especialista em questões de gênero no emprego e no ambiente doméstico, as concorridas aulas da professora ensinavam a resolver conflitos cujo pano de fundo eram as dificuldades nos relacionamentos associadas ao dinheiro. Do alto da sua experiência, ela assistiu a um bocado de decisões equivocadas: Abby Davisson (à esquerda) e Myra Strober, autoras de “Money and love: an inteligente roadmap for life´s biggest decisions” Divulgação “As pessoas compartilham experiências, mas não falam sobre a forma como lidam com suas finanças, embora o orçamento de cada uma delas diga muito sobre seus valores. Se você trabalha duro e gosta de gastar nas férias, é bom procurar alguém que pense de modo semelhante, ou o embate será inevitável. Se o relacionamento está se tornando sério, o melhor é não fugir dos temas espinhosos”. Entre os milhares de estudantes que se beneficiaram com as lições aprendidas, estava Abby Davisson: em 2008, ela e o então namorado, Ross, estavam juntos há menos de um ano, mas já pensavam em como encaminhariam suas carreiras e construiriam uma vida em comum, como conta a ex-aluna: “As aulas iam muito além de planilhas de Excel e taxas de retorno de um investimento. Podiam ser aplicadas a inúmeras decisões que envolvem um relacionamento: se depois da faculdade moraríamos na mesma cidade, se deveríamos nos casar, como dividiríamos as despesas e planejaríamos nossas finanças”. Abby e Ross não só tiveram essas conversas – desconfortáveis para a maioria – como se casaram e têm dois filhos. Em diversas ocasiões, foram convidados para contar sua história no curso de Myra, dando início à amizade entre as duas. Em 2018, a professora, já aposentada, reconheceu para a ex-aluna que o projeto de escrever um livro baseado nas aulas estava emperrado. Foi assim que surgiu a parceria da dupla, que se materializou em janeiro: “Money and love: an inteligente roadmap for life´s biggest decisions” (“Dinheiro e amor: um roteiro inteligente para as principais decisões da vida”), obra tocada a quatro mãos cujo objetivo é evitar arrependimentos, como explicou Myra numa palestra on-line: “O ser humano não gosta da incerteza e, num momento de estresse, tende a fazer escolhas apressadas, porque acha que o que importa é tomar uma decisão. No entanto, quanto mais você antecipa cenários, menos se arrepende. O caminho é desacelerar e pensar com tranquilidade”. A estrutura do livro se baseia em 5Cs (em inglês), cada um correspondente a uma etapa a ser cumprida. Segundo as autoras, o roteiro pode ser aplicado em diversas situações: como achar a pessoa certa, se o casal vai querer filhos ou não, como as carreiras vão se desenvolver para ambos, quando se mudar de uma cidade, como lidar com um divórcio e até cuidar de pais idosos. Vamos ao passo a passo: Clarify (esclarecer): refletir sem pressa para determinar o que é mais relevante para você. Communicate (comunicar): não somos ilhas, precisamos compartilhar nossos planos e ouvir as pessoas envolvidas para buscar a solução. Choices (escolhas): não devemos achar que é tudo ou nada, que só temos duas opções. Na verdade, quase sempre há um leque bem mais amplo que merece ser estudado. Check-in (verificação): é valioso ouvir quem tenha passado por situação semelhante para que possamos aprender com suas experiências. Consequences (consequências): antecipar não apenas os desdobramentos imediatos, mas também os de médio e longo prazo. Myra afirma que os ricos podem ter mais opções, mas, em geral, as tomadas de decisão ocorrem para todos: “da escolha de um parceiro ou parceira ao projeto de ter filhos”. Abby, por sua vez, sugere fazer “pilotos” antes de um “veredito”: por exemplo, passar um mês numa cidade onde se pensa em morar. “É a maneira de se aproximar da experiência de forma realista e coletar o máximo de informações”, disse. Capa do livro: um roteiro para tomar decisões sobre dinheiro e relacionamentos Reprodução
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20/04 - Por que a saúde da mulher no período reprodutivo é tão importante
De ciclos menstruais irregulares a problemas na gravidez, distúrbios servem para identificar o risco de doenças crônicas. A médica epidemiologista Zhang Cuilin é uma referência mundial em saúde da mulher. Professora do departamento de ginecologia e obstetrícia da National University of Singapore e fundadora do Global Centre for Asian Women's Health, a especialista alerta que o período reprodutivo feminino – que vai da primeira menstruação à menopausa – oferece indicadores de fatores de risco que podem comprometer o bem-estar na maturidade e velhice: Complicações na gravidez, como hipertensão ou diabetes gestacional, estão relacionadas com o surgimento de doenças crônicas Lisa Runnels para Pixabay “A saúde da mulher em seu período reprodutivo não é importante apenas naquele momento que ela está vivendo. Os eventos relacionados com o aparelho reprodutor feminino sinalizam que mulheres apresentam fatores de risco. Identificar precocemente os problemas pode fazer toda a diferença no futuro.” Disponibilizando um volume impressionante de estudos durante palestra on-line a que assisti no começo do mês, a doutora Cuilin afirmou que é preciso aumentar o nível de informação do público feminino desde a puberdade: “Ciclos menstruais irregulares aumentam o risco para doença cardiovascular, diabetes tipo 2, câncer de mama e morte prematura. O ciclo menstrual funciona como uma espécie de representante do estado geral da saúde.” Complicações na gravidez, como hipertensão ou diabetes gestacional, também estão associadas ao surgimento de doenças crônicas. Na verdade, o diabetes gestacional multiplica por dez o risco de desenvolver diabetes tipo 2, mas é possível intervir, como explica: “A gravidez é um grande teste que revela o potencial para o desenvolvimento de doenças crônicas mais tarde, mas mudanças no estilo de vida são intervenções eficazes. Controlar cinco fatores de risco diminui em 90% as chances de enfermidade. São eles: atividade física, alimentação saudável, peso controlado, não fumar e ingerir álcool muito moderadamente.” No quesito alimentação, enfatizou que trocar a dieta ocidental por uma baseada em plantas (rica em legumes, verduras, frutas, grãos e com pouca carne vermelha) pode aumentar a expectativa de vida em dez anos, se o ajuste for feito cedo, entre os 20 e 40 anos. Esse bônus cai para 8 anos se as mudanças forem feitas aos 60. “A saúde da mulher é peça chave para as famílias, comunidades e a sociedade como um todo. Tem que ser prioridade. Também devemos treinar os profissionais da área e popularizar a ciência para torná-la acessível às pessoas”, complementou.
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18/04 - Oncologista e cardiologista têm que trabalhar juntos
Efeitos cardiotóxicos dos tratamentos contra o câncer demandam acompanhamento e parceria entre especialistas. Na semana passada, acompanhei algumas sessões do VIII Congresso Internacional de Oncologia D´Or, realizado no Rio de Janeiro. Umas das mais interessantes foi a sobre emergências cardiológicas em pacientes submetidos à quimioterapia. E por que as terapias oncológicas têm efeitos cardiotóxicos perigosos que podem, inclusive, pôr em risco a vida da pessoa? Paciente com câncer: parceria entre oncologista e cardiologista é fundamental Roland Mey para Pixabay Os quimioterápicos, assim como os medicamentos conhecidos como terapia-alvo, que agem nas células tumorais, podem causar danos ao músculo cardíaco e levar à insuficiência cardíaca. É o que se chama cardiotoxicidade ou toxicidade cardíaca. Ao longo das sessões, doses cumulativas das drogas utilizadas podem levar à insuficiência cardíaca. É o caso da doxorrubicina (cujo nome comercial é adriamicina), bastante usada como quimioterápico. É possível ocorrer uma manifestação subclínica, ou seja, quando não há sintomas e somente exames de acompanhamento detectam a complicação. Um exame bastante eficaz para avaliar os efeitos adversos da quimioterapia é o Ecodopplercardiograma com Strain, que permite avaliar o grau de comprometimento do coração, assim como a dosagem de enzimas cardíacas. Tratamentos com imunoterapia também não são isentos de risco e é preciso ficar atento a manifestações de cansaço e dor muscular, principalmente nos 100 primeiros dias. “É fundamental a parceria do oncologista com o cardiologista, que deve começar no momento do diagnóstico”, afirmou o médico Henry Najman. Juntos, cardiologista e oncologista são capazes de avaliar a necessidade de iniciar uma terapia preventiva com medicamentos cardioprotetores, como beta-bloqueadores. O objetivo é tentar evitar uma situação de emergência – e, quando ela acontece, o paciente oncológico deve ser prioridade na unidade de pronto-socorro. As manifestações clínicas da cardiotoxicidade incluem dispneia (falta de ar), arritmias, isquemia miocárdica, disfunção ventricular esquerda assintomática, hipertensão arterial sistêmica, doença pericárdica e eventos tromboembólicos. Outra emergência oncológica é a síndrome da lise tumoral (SLT), caracterizada por anormalidades eletrolíticas e metabólicas que pode ocorrer após o início do tratamento, sendo mais frequente nos portadores de leucemia. Os níveis de potássio ficam excessivamente altos (hipercalemia), assim como os de fósforo (hiperfosfatemia), num quadro que provoca arritmia cardíaca, disfunção renal e convulsões. Há ainda emergências endocrinológicas, que afetam tireoide, paratireoide, pâncreas e hipófise, com frequência decorrentes da imunoterapia, disse a endocrinologista Ana O. Hoff, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ligado à USP. Atenção para qualquer sinal de alerta!
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16/04 - Um cérebro à prova de envelhecimento
Pesquisador afirma que dormir bem é um dos segredos para se proteger do declínio cognitivo O Centro de Longevidade de Stanford criou um clube do livro para divulgar obras dedicadas ao tema. Foi assim que conheci o cientista e pesquisador Marc Milstein, que, no fim do ano passado, lançou “The age-proof brain” (“O cérebro à prova de envelhecimento”, em tradução livre). Otimista, diz que aprendemos muito nos últimos 20 anos: pelo menos, o suficiente para saber que o declínio cognitivo está fortemente associado ao estilo de vida. Portanto, as escolhas que fazemos têm a maior relevância para nosso futuro. Milstein fez a sua: passou a se empenhar para garantir noites reparadoras. Marc Milstein, autor de“The age-proof brain”: sono e engajamento social são fundamentais Divulgação “Algo muito interessante acontece quando dormimos: o cérebro se retrai, é como se encolhesse. O processo elimina resíduos tóxicos, que são carregados pelo sistema glinfático”, explica. Simplificando (muito), é como se alguém apertasse uma esponja e a sujeira descesse ralo abaixo, mas precisamos não apenas de um número suficiente de horas de descanso, mas também de um ambiente de escuridão, acrescenta: “Qualquer fonte de luz, por menor que seja, interfere na capacidade de o cérebro atingir os estágios mais profundos do sono”. O pesquisador defende que as crianças não deveriam acordar cedo para ir para a escola e enfatiza que o sono de qualidade não é alcançado com remédios: “esse tipo de medicamento impede o processo de limpeza e, a longo prazo, causa danos”. Sono, comida, exercício. Ele frisa que, antes de apelar para o balcão de uma farmácia, façamos investimentos nessas três frentes, que vão beneficiar todo o organismo. No prato, grãos, legumes, verduras, peixes ricos em ômega 3 e o mínimo possível de ultraprocessados – é a chamada “mind diet”, que protege a mente. Sobre os suplementos, lembra que não há evidências que comprovem seus benefícios: “melhor fazer exame de sangue regularmente. No caso de alguma deficiência, aí a suplementação pode ajudar”. E faz restrições em relação ao álcool, já que a própria Organização Mundial da Saúde alerta que não há uma quantidade segura no que tange à ingestão de bebidas, mesmo que a dieta mediterrânea inclua uma dose diária de vinho. A receita de Milstein inclui ainda a importância do engajamento social: quem se sente isolado e desconectado do mundo está mais propenso a perdas cognitivas. Na sua opinião, a boa notícia é que a maioria das coisas que ajudam o cérebro é divertida. “Pense em aprender uma língua, a dançar, a praticar um esporte. Pense também no valor das conexões sociais: conversar e trocar ideias significa aprender com os outros”, afirma. Para ilustrar sua tese, cita um estudo realizado com freiras na faixa dos 80 aos 90 anos. As imagens de ressonância magnética de seus cérebros mostravam placas com acúmulo de proteínas que indicariam um declínio neurológico. No entanto, as religiosas se mantinham ativas e sem sintomas: “O cérebro sempre busca uma maneira de otimizar seu funcionamento. Nem tudo se resume a uma imagem produzida por um exame e o engajamento social dessas freiras pode ser uma resposta”. Milstein criou um acrônimo usando as letras da palavra BRAIN (cérebro) para servir como um guia para as pessoas: Balance (equilíbrio): trabalhe seu equilíbrio e fique alerta a sinais de que ele está falhando. Recall (lembrar): teste sua memória para mantê-la afiada. Um truque para fixar uma informação é se concentrar durante dez segundos no que quer reter. Assessment (avaliação): analise com atenção seu próprio estado e o que não está funcionando, para tomar as devidas providências. Um exemplo: quem sofre de apneia noturna, uma condição que pode ser revertida, enfrenta declínio cognitivo dez anos antes do resto da população. Intensity of walking (intensidade da caminhada): ande num ritmo vigoroso pelo menos entre seis e dez minutos por dia. Number (número): que idade você se dá? Pesquisa mostrou que pessoas que se sentiam mais novas do que a idade cronológica que tinham exibiam um cérebro mais jovem nas imagens de ressonância magnética. Capa do livro: como ajudar o cérebro a envelhecer de forma saudável Reprodução
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15/04 - Fóssil interestelar: entenda por que o Meteorito Santa Filomena é tão importante para a ciência
Corpo celeste foi encontrado no telhado de uma casa na cidade no interior de Pernambuco. Meteorito Santa Filomena fará parte de exposição no Museu Nacional Cristina Boeckel/g1 Rio Primeiro meteorito recuperado no Brasil desde o incêndio do Museu Nacional, o Santa Filomena foi apresentado esta semana e passou a integrar o acervo da instituição, no Rio de Janeiro. Parece uma pedra comum, mas os 2,8 quilos têm mais história do que qualquer outra coisa na Terra. Até fósseis de dinossauro 🦕 são “bebês” 👶 perto dessa rocha, na escala astronômica. Isso porque o Santa Filomena tem 4,56 bilhões de anos! ⌛ O Santa Filomena é formado por poeira que, aglomerada, sofreu derretimento devido às altas temperaturas próximas à estrela que se formava. Entretanto, alguns grãos se mantiveram intactos e foram incorporados em meteoritos. Esses grãos trazem informações sobre as estrelas que morreram antes do nosso Sol 🌞. Então, tocar no Santa Filomena é tocar no passado! Role a página e desbrave esse fóssil interestelar: De onde veio? 📍 Por falar em vizinhos, o meteorito que caiu em Pernambuco veio de bem longe: numa região entre os planetas Marte e Júpiter, chamado de Cinturão de Asteroides. Mas calhou de o caminho do Santa Filomena cruzar com o da Terra, e na tarde de 19 de agosto de 2020, houve o impacto 💥. Essa pedrinha anciã estava no telhado de uma casa. Quem achou foi uma senhora, moradora da cidade. As pesquisadoras Elizabeth Zucolotto e Amanda Tosi foram as primeiras a chegar na cidade e adquirir o pedaço para o acervo do Museu Nacional. Escrito nas estrelas O Santa Filomena conta histórias por dentro e por fora. A análise mineralógica da pedra não só comprova a idade. O laboratório descobriu no meteorito um componente que nem existe na Terra! É a troilita, literalmente um material extraterrestre. 👽 Do lado de fora, uma aula de astronomia: o Santa Filomena tem todos os traços de um corpo que caiu do céu — a 54.000 km/h! 🚀 Uma crosta escurecida, causada pela “queimadura” no atrito com a atmosfera. Regmaglitos, marcas que parecem feitas com dedos, mas que são microerosões. Linhas de fluxo, também cicatrizes da entrada na Terra, mas nas laterais da rocha — como se a incandescência fluísse por canaizinhos. E uma “fratura exposta”, que prova que o interior é claro como o de uma pedra terrestre, possivelmente resultado do choque no telhado — mas não forte o suficiente para rompê-lo. Luta contra as intempéries Não à toa uma pedra é confundida com um meteorito: “São os menteoritos”, brinca Maria Elizabeth Zucolotto, do time Meteorísticas, que localizou, estudou e agora apresentou o Santa Filomena. Elizabeth explica que “99% dos supostos meteoritos não são”. Aí a gente criou o termo menteorito. No inglês existem os meteowrongs, ante os meteorites, ou ‘meteorights’. Exatamente porque é tão difícil achar um objeto que não seja um menteorito, Amanda Tosi explica que todo o tempo é pouco. “Um dos fatores mais importantes quando um meteorito cai é a gente ir em busca logo em seguida”, disse. “Esse fragmento está ‘fresco’, não vai sofrer com as intempéries, como chuva, a erosão. Tanto que o meteorito rochoso, quando ele cai e ninguém recupera, fica meses ou anos e acaba parecendo muito uma rocha terrestre”, explicou. Um meteorito fará parte da nova coleção do Museu Nacional
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13/04 - 'Síndrome do desgaste' afasta mão de obra sênior precocemente do mercado
Profissionais maduros se preocupam em como são vistos por seus pares, achando que talvez não tenham mais as habilidades necessárias para continuar executando suas funções. Na Europa Ocidental, a valorização da mão de obra sênior é uma política de Estado. Um cenário bem diferente do que ocorre no Brasil, onde o mercado ainda fecha as portas para os trabalhadores acima dos 50. No entanto, mesmo sem sofrer com um etarismo pesado como aqui, idosos europeus têm abandonado seus empregos por se sentirem ultrapassados. O nome disso? “Síndrome do desgaste”, dizem pesquisadores do Copenhagen Centre for Health Research in the Humanities, ligado à Universidade de Copenhagen. O mundo corporativo já lida com duas síndromes bastante conhecidas. A do impostor, citada pela primeira vez em 1978 e associada a um sentimento de mulheres bem-sucedidas que se viam como uma fraude, aponta para uma discrepância entre o reconhecimento externo e o julgamento interno. A do burnout, ou esgotamento, é provocada pelo excesso de trabalho e cobrança e leva a um estado de exaustão extrema. Mão de obra sênior: estereótipos afastam trabalhadores do mercado prematuramente Pasja1000 para Pixabay Por sua vez, na “Síndrome do desgaste” (em inglês, “worn-out”), profissionais maduros, ainda que tenham consciência do seu valor, começam a se preocupar em como são vistos por seus pares, muitas vezes achando que talvez não tenham mais as habilidades necessárias para continuar executando suas funções. As mensagens que a sociedade como um todo envia são tão poderosas que acabam sendo introjetadas. Comentários do tipo: “afinal, quando você vai se aposentar?” sempre soam discriminatórias – e são! Funcionam como uma crítica velada de que as pessoas são menos produtivas, engajadas ou passaram da idade para ocupar sua posição. Os pesquisadores listaram as três situações mais frequentes da “Síndrome do desgaste”: O temor de não se sentir tão capaz quanto antes para atender às expectativas que envolvem a atividade. Nesse caso, há semelhanças com a síndrome do impostor, no que diz respeito ao sentimento de inadequação. A preocupação de que colegas e chefes possam estar avaliando negativamente seu desempenho, mesmo quando o indivíduo acredita que domina em sua competência. Os pesquisadores atribuem o quadro ao conceito de metaestereótipos de idade, isto é, a pessoa se angustia com o que acha que os outros estão pensando. O receio de não perceber o momento de parar é como um fantasma ameaçador: o medo é de um declínio futuro e, principalmente, da falta de consciência da situação. O estudo foi realizado entre 2019 e 2021, com trabalhadores da indústria e do mercado financeiro – esses últimos eram os mais afetados. Nas entrevistas realizadas, ficou patente a angústia de estarem sendo julgados como ultrapassados por seus pares, em reflexões como: será que não está na hora de sair de cena? Vou conseguir acompanhar as mudanças e atender às expectativas? Meus companheiros e chefes me alertarão se tiver chegado a ocasião? Estou me expondo ao continuar? Não há respostas fáceis, mas ajudaria muito se as empresas se empenhassem em incluir os funcionários idosos nos programas de treinamento e reciclagem, mostrando que apostam neles.
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11/04 - O potencial dos canabinoides nos tratamentos de dor
Especialista afirma que derivados da maconha podem ser uma opção para reduzir o uso de opioides No começo do mês, assisti a uma aula da médica carioca Mariana Mafra Junqueira, especialista em dor, na 4ª. Jornada de Canabinoides, promovida pela Associação Paulista de Medicina. Referência em sua área de atuação, é uma estudiosa dos canabinoides – as substâncias derivadas da Cannabis sativa, a maconha – no manejo da dor crônica e oncológica. Qualquer um que tenha convivido com alguém com câncer sabe que, principalmente em estágios mais avançados, o desconforto é enorme, e vem crescendo o consenso entre os profissionais de saúde sobre sua utilização como droga adjuvante (auxiliar), como ela explica: Tratamentos para o manejo da dor: derivados da maconha podem ser uma opção para reduzir o uso de opioides Epyc Wynn por Pixabay “Introduzir os canabinoides pode ser uma opção para reduzir o uso de opioides, devido ao risco de dependência. Há pacientes que encaram a prescrição com desconfiança, fazendo perguntas como: ‘você vai me receitar maconha?’. E há outros que chegam ao consultório trazendo essa demanda”. A médica diz que, de 2020 para cá, aumentou o número de trabalhos publicados sobre o assunto, mas as evidências ainda não são fortes e os estudos, mal desenhados, o que dificulta a tomada de decisão. No entanto, afirma que os canabinoides atuam positivamente no manejo da ansiedade e na qualidade do sono, dois aspectos relevantes num quadro de dor crônica: “A questão da dor envolve inúmeros aspectos relacionados à qualidade de vida. Diminuir a ansiedade e melhorar o sono já trazem benefícios. A capacidade funcional do paciente deve ser preservada. Não adianta ministrar uma alta dose que comprometa essa capacidade, que o deixe sedado”. E por que os derivados da maconha são tão promissores? Nosso cérebro tem receptores (CB1 e CB2) que são estimulados por canabinoides produzidos pelo organismo, chamados de endocanabinoides e responsáveis por uma extensa lista de funções, incluindo ansiedade e humor. A maconha, por sua vez, tem inúmeros compostos químicos, entre eles o CBD (canabidiol), o THC (tetraidrocanabinol) e o canabigerol. Tais compostos são fitocanabinoides, isto é, também são canabinoides e, por este motivo, conseguem estimular os receptores humanos com eficiência. O CBD é capaz de atuar na dor, como antiinflamatório, ansiolítico, antipsicótico e na modulação imune. O THC age para melhorar apetite, náusea, dor, espasticidade, ansiedade e estresse pós-traumático. No evento, os especialistas enfatizaram o “efeito entourage”: a sinergia entre os canabinoides potencializa seus efeitos. Isso ocorre em produtos conhecidos como “full spectrum”, um extrato com todos os componentes da planta. Os produtos “broad spectrum” não contêm THC, ou a substância aparece em níveis desprezíveis; além disso, está disponível o canabidiol isolado. Quando entrevistei a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, uma das autoras do “Tratado de Cannabis medicinal: fundamentos para a prática clínica”, ela foi enfática: “A medicina canabinoide tem um amplo espectro de utilização em patologias neurodegenerativas, como demências, Parkinson ou esclerose múltipla. Ainda há poucos estudos publicados e nenhum interesse por parte da indústria farmacêutica, porque seu objetivo é sintetizar novas drogas e ganhar milhões com patentes, mas as famílias testemunham as mudanças dos pacientes. É uma revolução”.
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09/04 - Bom relacionamento com os pais está associado a melhores indicadores de saúde na vida adulta
Já pessoas com um histórico de abuso físico ou psicológico têm mais chances de apresentar um quadro de transtorno de raiva A longevidade é a construção de uma vida inteira, que começa no útero: sabemos como são importantes a saúde da gestante e um bom acompanhamento pré-natal para o bem-estar de um bebê. Cada etapa da trajetória é como um tijolinho da nossa casa. Portanto, não é surpresa que pesquisa divulgada no fim de março mostre que laços fortes entre pais e filhos adolescentes estejam associados a melhores indicadores de saúde em jovens adultos. Mãe e filha adolescente: bom relacionamento influi nos indicadores de saúde anos mais tarde Tawny Nina Botha para Pixabay O levantamento foi realizado pelo Children´s Hospital of Philadelphia, nos EUA, a partir dos dados de mais de 10 mil adolescentes, entre 12 e 17 anos, que participaram de um estudo por mais de uma década. Ao aceitarem cooperar com o trabalho, os jovens responderam sobre questões como a qualidade de comunicação com os pais, carinho e acolhimento em casa, tempo passado em família e expectativas acadêmicas. Quando chegaram à faixa entre 24 e 32 anos, foram convidados a relatar sobre seu nível de estresse, depressão e otimismo, além do uso de substâncias tóxicas e outros indicadores de saúde. Comparando o antes (adolescência) e o depois (fase adulta) do grupo, aqueles que havia relatado maior satisfação no relacionamento com os pais eram os que apresentavam um quadro mais positivo de saúde. Um outro estudo, apresentado no Congresso Europeu de Psiquiatria, mostrou que, quanto mais traumática é a infância, maior a chance de essa criança se tornar um adulto com problemas para lidar com a raiva. O transtorno explosivo intermitente (TEI) é uma condição psicológica que se caracteriza por explosões de raiva e comportamentos agressivos, durante os quais o indivíduo não controla seus impulsos violentos, podendo partir para a agressão física ou para a destruição de objetos . Pesquisadores holandeses entrevistaram pessoas entre 18 e 65 anos sobre sua infância e experiências traumáticas, que iam da perda dos pais a abusos físicos, emocionais ou sexuais. Os relatos correspondiam a diagnósticos de ansiedade, depressão, agressividade. A psicóloga e professora da Leiden University Nienke De Bles, líder do time, afirmou: “Descobrimos que pessoas ansiosas ou deprimidas, com um histórico de negligência emocional e abuso físico ou psicológico, tinham uma chance aumentada entre 1.3 a 2 vezes de apresentar problemas de raiva ou de comportamento antissocial. Isso pode tornar dificultar bastante as interações interpessoais. São indivíduos que também costumam interromper o tratamento psiquiátrico, o que reduz suas possibilidades de bem-estar”.
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06/04 - Investimento do turismo em inclusão seria benéfico para todos
Para o segmento, haveria um aumento significativo de receita; para as pessoas, melhora da autoestima e do sentimento de pertencimento “Será que eu consigo fazer essa viagem? As acomodações serão acessíveis? Minhas restrições alimentares serão respeitadas?”. Questões desse tipo podem afligir cerca de 20% dos habitantes do planeta que, segundo a Organização Mundial da Saúde, têm algum tipo de doença crônica: diabetes, problemas cardíacos, câncer ou distúrbios mentais. Além disso, o envelhecimento da população mundial traz desafios, como limitações físicas ou situações de declínio cognitivo, e diagnósticos de ansiedade e depressão têm sido cada vez mais frequentes. No final das contas, as dificuldades inviabilizam a oportunidade de conhecer novos lugares, povos e costumes. Turistas em viagem: envelhecimento da população mundial traz desafios para o setor, como limitações físicas ou situações de declínio cognitivo Mircea Iancu por Pixabay Se o setor de turismo se dispusesse a abraçar a causa desse enorme contingente, o resultado seria benéfico para todos. Para o segmento, um aumento significativo de receita e consumidores fiéis; para as pessoas, melhora do sentimento de pertencimento e autoestima. Foi com base nessa premissa que pesquisadores de diferentes áreas da Edith Cowan University (Austrália) – direito, negócios e medicina de precisão – criaram o conceito da “terapia de viagem” (“travel therapy”), no qual o turismo passa a ser encarado como um meio de melhorar o bem-estar e a saúde mental. Para o professor Jun Wen, a indústria turística deveria se engajar em garantir o suporte necessário para que pessoas física ou mentalmente vulneráveis se sentissem acolhidas: “Boa parte até consegue viajar, mas há momentos nos quais as vulnerabilidades ficam expostas e demandam cuidados extras. Trata-se de um mercado importante e ignorado”. De acordo com o estudo, publicado no “International Journal of Contemporary Hospitality Management”, diversas iniciativas ajudariam a tornar o setor mais inclusivo, passando por acomodações, alimentação, transporte, entretenimento, sempre considerando a possibilidade de esses viajantes dependerem de um cuidador. Wen afirma que educação e conscientização são fundamentais: “é preciso treinar a mão de obra e criar manuais padronizados que atendam às necessidades de pessoas com algum tipo de limitação. Há também espaço para a criação de produtos turísticos para segmentos específicos, como indivíduos portadores de distúrbios como ansiedade e até demência”.
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04/04 - Menopausa precoce e demora em iniciar reposição hormonal podem aumentar risco de Alzheimer
Pesquisa mostra que tratamento beneficia as mulheres, que representam dois terços dos pacientes da doença Embora já tenha escrito sobre isso diversas vezes, sempre me assusto com a informação: dois terços dos pacientes de Doença de Alzheimer são mulheres! A entrada no climatério, a fase que abrange a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, pode ser uma das chaves para mudar esse quadro. Afinal, é quando a produção do estrogênio cai, impactando o organismo como um todo. Mulher de meia-idade: demora em iniciar reposição hormonal pode aumentar risco de Alzheimer Zachosine para Pixabay Além de aumentar o risco cardiovascular e de desenvolvimento de osteoporose, a longa lista dos sintomas que antecedem a menopausa inclui ondas de calor, fadiga, confusão mental, mudança de humor, insônia, ansiedade – o cérebro não fica de fora neste cenário de hipoestrogenismo, o termo técnico para a diminuição da quantidade do hormônio. Um novo estudo, realizado por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, lança luz sobre a relação entre a idade da menopausa, a utilização de terapia hormonal da menopausa (popularmente conhecida como reposição hormonal) e o Alzheimer. Primeiro, é bom lembrar que a menopausa é uma espécie de marco: o diagnóstico se dá quando a mulher passa 12 meses sem menstruar. A partir daí, estamos na pós-menopausa. Os resultados, publicados ontem na revista científica “JAMA Neurology”, indicam que a menopausa precoce, que ocorre antes dos 40 anos, ou devido a uma cirurgia antes dos 45, é um fator de risco para demência. E mais: esse risco não foi detectado naquelas que se submeteram à reposição assim que pararam de menstruar. “A terapia hormonal é o meio mais confiável para amenizar os sintomas da menopausa mas, nas últimas décadas, não se sabia exatamente que efeito causava no cérebro. Descobrimos que altos níveis da proteína tau, envolvida no processo do Alzheimer, só foram observados em mulheres que começaram a fazer reposição hormonal tardiamente, ou seja, cinco anos depois da menopausa. A ideia de que o acúmulo dessa proteína pode estar associado a uma terapia hormonal tardia e ao desenvolvimento do Alzheimer é um grande achado”, afirmou a pesquisadora Rachel Buckley, do departamento de neurologia da instituição. Há duas décadas, o estudo conhecido como Women´s Health Initiative apontou que a reposição hormonal estava ligada a uma incidência duas vezes maior de demência entre mulheres acima dos 65 anos. Desde então, tal informação fez com que muitos médicos deixassem de prescrever o tratamento para suas pacientes. No entanto, o que chama a atenção no trabalho recém-divulgado é o risco da reposição feita com atraso, bem depois da menopausa. Buckley e seus colegas usaram imagens de tomografias por emissão de pósitrons (PET em inglês) para avaliar como a presença das proteínas beta-amiloide e tau, relacionadas com o Alzheimer, estava associada à idade e à terapia hormonal, como explicou a médica JoAnn Manson, coautora do artigo: “Quando se trata de terapia hormonal, o timing é tudo. A reposição, se iniciada de forma precoce, não apenas protege contra a doença cardiovascular e preserva as funções cognitivas. Ela também não provoca o acúmulo de proteína tau”.
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02/04 - Cinco coisas que você precisa saber sobre a disfunção erétil
Pesquisas sugerem que o distúrbio é alerta para doença cardiovascular e antecede um infarto em cerca de cinco anos Recentemente descobri o podcast Butts & Guts, apresentado pelo cirurgião Scott Steel, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, que aborda temas ligados à região pélvica. Ali estão todos os órgãos das funções sexuais e reprodutivas, assim como os sistemas urinário e intestinal, ou seja, o leque de temas é quase inesgotável. Selecionei trechos do papo do doutor Steele com o urologista Peter Bajic sobre disfunção erétil, que abordou como mudanças no estilo de vida podem até melhorar essa condição que assusta tanto os homens. O médico Scott Steele, que apresenta o podcast “Butts & Guts” Divulgação 1. O que é a disfunção erétil: o doutor Bajic diz que se trata da incapacidade de conseguir uma ereção ou sustentá-la durante o ato sexual – que, na verdade, são duas coisas diferentes. O médico afirma que há nuances entre uma situação e outra, porque a atividade sexual pode ter penetração ou não. “Se o homem se incomoda com uma rigidez insuficiente do seu pênis, é porque tem um quadro de disfunção erétil, que afeta cerca de 50% dos homens a partir dos 50 anos”. 2. Fatores de risco: hipertensão, índices altos de colesterol, diabetes, tabagismo, todos são agentes responsáveis por endurecer e estreitar as artérias e reduzir o fluxo sanguíneo para o pênis, dificultando que ele enrijeça. “Dieta alimentar equilibrada e atividade física previnem e influenciam esses fatores de risco. Há diferentes graus de disfunção erétil, mas há evidências científicas de que, para homens que apresentaram um quadro precoce do distúrbio, treinos cardiovasculares de 45 minutos, três vezes por semana, podem, em alguma medida, reverter o quadro de restrição no fluxo sanguíneo e melhorar as ereções”. 3. Ciclismo provoca disfunção erétil? Para o doutor Bajic, é mais mito do que verdade. Mas ele faz uma ressalva: para alguns homens, o esporte pode levar a algum tipo de comprometimento dos músculos do assoalho pélvico que contribuiria para tal condição. “Há mecanismos que ainda não compreendemos totalmente sobre a relação entre pedalar por longas jornadas e seu impacto nas ereções. No entanto, para a maioria, é uma questão de fluxo sanguíneo, que não é influenciado por onde você fica sentado”. 4. Disfunção erétil e infarto: há um volume consistente de dados sugerindo que ela antecede um infarto em cerca de cinco anos. “Na maioria dos casos, a disfunção erétil está relacionada a um problema no fluxo sanguíneo que, por sua vez, está associado à doença cardiovascular”. Para entender melhor: para ficar duro, o pênis depende, essencialmente, de duas artérias cujo diâmetro é de menos de um milímetro, e são justamente os vasos mais estreitos os primeiros a serem afetados pela doença cardiovascular. Quando as coronárias, que são vasos de maior calibre, são atingidas, provavelmente a disfunção erétil já se manifestou anos antes. 5. Testosterona: um equívoco comum dos homens é de que baixos níveis de testosterona são a principal provoca a disfunção erétil. O declínio na produção do hormônio pode contribuir, mas não é a causa mais frequente. O urologista alerta sobre anúncios enganosos e aconselha uma conversa franca com um médico, seja clínico geral ou urologista, para uma avaliação completa.
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30/03 - Instituto dá aulas de balé para 50 mais de baixa renda
“Exercitar-se é cura e ressignifica a velhice”, diz idealizadora do projeto A personal trainer Amanda Costa, que integrou a seleção brasileira de handebol nos anos de 1990, gosta de se apresentar como especialista em mudança de comportamento através da atividade física. Funciona muito bem para seus alunos, e milhares de seguidores nas redes sociais, mas especialmente para os idosos que participam do programa Envelhecer Sustentável, uma das frentes do Instituto Sempre Movimento, organização que criou em 2020, pouco antes da pandemia. “Foi na raça, volúpia minha”, brinca ao explicar que não esperou ter patrocínio para iniciar o projeto, e usa a própria trajetória como exemplo da força transformadora do esporte: Amanda Costa, criadora do Instituto Sempre Movimento Divulgação “Eu vim de uma comunidade carente, vivia num ambiente de grande vulnerabilidade social. Morava em Bangu, na Zona Oeste do Rio, ao lado do presídio. O esporte me salvou, agora quero devolver isso para a sociedade.” Diante do cenário de isolamento obrigatório, os voluntários – que chama de “responsáveis”, tal o nível de comprometimento do time – distribuíram máscaras, álcool gel e fizeram a desinfecção de instituições de longa permanência, beneficiando 13 mil idosos. Foi ali que a ideia de criar um programa remoto de atividade física para os residentes desabrochou, e hoje em dia está aberto para pessoas de baixa renda acima dos 50 anos. A inscrição é feita pelo WhatsApp (11 94313-6516) e, de saída, serve para aumentar os conhecimentos digitais dos participantes, quando os instrutores ensinam aos alunos como assistir às aulas on-line. Atualmente há 65 inscritos, de diferentes regiões do país, como explica Amanda: “Temos treino funcional e nos preocupamos em prevenir as quedas, mas também há alongamento, ioga, meditação e balé. Os professores são nomes de referências em suas áreas, não queremos dar migalhas. E os encontros ainda ajudam na socialização”. Aula remota inclui ioga e balé para os 50 mais Divulgação As aulas de balé são as mais recentes na grade e têm feito aflorar emoções. Conquistaram até os homens, embora alguns desliguem a câmera para não serem “flagrados” reproduzindo os movimentos da professora Andréa Duarte, que conta: “Para quem dizia que seria difícil, sempre respondi que dá para fazer aula de balé na cadeira! Uma das alunas me disse que via a patroa levar as filhas para o balé, mas nunca imaginou que poderia fazer o mesmo. Muitas das mulheres já aparecem de batom, mais enfeitadas e cheias de vida. A magia aconteceu”. Amanda criou uma parceria com o Laboratório de Fisiologia do Exercício e Envelhecimento e o Hospital Universitário da USP, para ter indicadores sobre a evolução dos participantes, e sonha em abrir um espaço para atendimento presencial numa unidade básica de saúde: “tenho inclusive um lugar em mira, a unidade Paulo VI, no Butantã, em São Paulo, que atende a 4.800 idosos. Exercitar-se é cura e ressignifica a velhice”.
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28/03 - Estudo da Unicamp cria sensor de baixo custo capaz de auxiliar no diagnóstico precoce de Parkinson
Expectativa dos pesquisadores é que uso seja simplificado como um medidor de glicose. Ferramenta tem potencial para verificar taxa de proteína ligada ao aparecimento do Parkinson. A Doença de Parkinson afeta a capacidade do cérebro de controlar os movimentos, levando a tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e alterações de marcha e equilíbrio StockSnap para Pixabay Um estudo da Unicamp desenvolveu um sensor com potencial para mensurar a taxa da proteína ligada à doença de Parkinson no sangue. Criado a partir de uma impressora 3D, a ferramenta foi projetada para ter preço acessível, auxiliar no diagnóstico precoce e antecipar tratamentos, afirmam os pesquisadores. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram "Esse trabalho vem de uma longa data. A ideia era tentar fazer um sensor que fosse barato, fácil de produzir e que desse pra fazer, por exemplo, em escala", afirma o professor do Departamento de Química Inorgânica da Unicamp Juliano Bonacin, que foi o supervisor da pesquisa. Segundo o pesquisador, a expectativa é que o sensor eletroquímico seja simples tanto quanto um medidor de glicose (conhecido como glicosímetro) - que auxilia diabéticos no controle da doença. A pesquisa foi publicada na edição de 27 de janeiro da revista científica Sensors and Actuators B: Chemical. Os testes desenvolvidos nesta etapa utilizaram plasma sanguíneo in vitro. Bonacin afirma que o próximo passo é iniciar testes em pessoas. Para isso, os pesquisadores do Instituto de Química da Unicamp buscam parcerias com universidades com cursos de medicina. A doença de Parkinson afeta a capacidade do cérebro de controlar os movimentos, o que gera tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e alterações de marcha e equilíbrio. Como funciona o sensor O equipamento pode medir a concentração da proteína PARK7/DJ-1 no sangue. A quantidade média dessa proteína em pacientes diagnosticados com Parkinson fica entre 9 microgramas por litro (μg/L) e 30 μg/L. O sensor eletroquímico da Unicamp foi capaz de detectar a proteína em três níveis de concentração a partir do plasma sanguíneo: 30 μg/L, 40 μg/L e 100 μg/L. A ferramenta foi construída basicamente com um filamento de ácido polilático e com grafeno como material condutor. Três eletrodos foram impressos em plástico com tecnologia 3D. É a partir disso que a taxa da proteína é mensurada. O pesquisador reforça que a taxa de proteína é uma característica que deve ser associada a outras para que o diagnóstico, sempre de responsabilidade de médicos, seja fechado. "Esse é um primeiro passo, mas a ideia de tentar desenvolver uma plataforma que pudesse analisar mais biomarcadores ao mesmo tempo", previu o pesquisador. Facilidade de produção Bonacin explica que o grupo de pesquisadores utilizou impressora 3D porque é uma tecnologia difundida. "Se eu consigo fazer isso no meu laboratório, poderia facilmente replicar para outros laboratórios pelo país afora. Então essa seria a nossa ideia, fazer uma desenvolver uma tecnologia que fosse muito fácil de produzir em escala". "A ideia era tentar desenvolver uma plataforma que pudesse gerar exames na hora e que a gente pudesse achar alguns marcadores pra determinadas doenças. A gente pudesse, em um exame de rotina, pegar uma potencialidade de doença ou uma doença no estágio inicial", completou. A pesquisa, que teve apoio da Fapesp em parte do processo, tem como autora a pós-doutoranda pelo Instituto de Química da Unicamp Cristiane Kalinke. Doença de Parkinson tem cura? A doença de Parkinson atinge 1 a 2% da população mundial acima dos 65 anos e aumenta com a idade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas tenham Parkinson. O Parkinson é uma doença neurológica, que afeta os movimentos da pessoa. Ocorre por causa da degeneração das células que produzem a dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos, provocando sintomas como tremores, rigidez muscular, desequilíbrio. A doença não tem cura, mas os tratamentos disponíveis garantem o mínimo de qualidade de vida para os pacientes. Entre as terapias disponíveis estão: remédios, cirurgia e atendimento multidisciplinar, que podem fornecer alívio e melhorar a qualidade de vida do paciente. VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
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28/03 - Estudo com um milhão de mulheres aponta a tomossíntese como o exame mais eficiente para detectar o câncer de mama
Mamografia ainda é o procedimento padrão para o diagnóstico da doença Estudo feito com mais de um milhão de mulheres mostrou que, embora a maioria se submeta a mamografias para rastrear o câncer de mama, um outro exame é mais eficiente para atingir esse objetivo. Trata-se da tomossíntese, ou mamografia 3D, que também é um método de imagem, mas com tecnologia avançada, na qual é possível “fatiar” a mama, permitindo uma avaliação eficaz – a visualização é tridimensional, fornecendo imagens de 1 mm de espessura reconstruídas num processo semelhante ao da tomografia computadorizada. No Brasil, o câncer de mama é o de maior incidência entre as mulheres. O Instituto Nacional de Câncer estima uma média de 70 mil novos casos por ano. Tomossíntese: exame mais eficiente para detectar o câncer de mama Elías Alarcón para Pixabay Embora a mamografia seja o procedimento padrão, a tecnologia da tomossíntese consegue capturar múltiplas imagens de diferentes ângulos, sendo especialmente indicada para quem tem mamas muito densas e heterogêneas. Foram compiladas informações de cinco grandes sistemas de saúde dos Estados Unidos, que somavam um total de mais de um milhão de pacientes, entre 40 e 79 anos, que se submeteram a mamografias ou tomossínteses entre janeiro de 2014 e dezembro de 2020. “O estudo foi muito amplo, porque a maioria fez pelo menos dois exames nesse período, ou seja, é um total de mais de 2 milhões de imagens”, explicou a médica Emily Conant, professora da University of Pennsylvania e coautora da pesquisa. A tomossíntese conseguiu detectar o câncer numa proporção maior: 5,3 casos em mil, enquanto a mamografia ficou em 4,5 em mil. O número de falsos positivos também foi menor, assim como a necessidade de exames complementares. O trabalho foi divulgado no meio do mês na revista “Radiology”, uma publicação da Sociedade Radiológica da América do Norte. O ginecologista e mastologista Augusto Rocha, que foi professor da faculdade de medicina da UFRJ por 30 anos, indica a tomossíntese para suas pacientes, embora reconheça que, no cenário em que vivemos, a mamografia 2D “continua sendo a opção possível e eficiente”. Ele afirma que, nos EUA, 80% dos centros de diagnóstico já utilizam esse exame: O ginecologista e mastologista Augusto Rocha: “além de aumentarmos o número de casos diagnosticados entre 20% e 25%, reduzimos os complementos de imagem” Acervo pessoal “Além de aumentarmos o número de casos diagnosticados entre 20% e 25%, reduzimos os complementos de imagem. Com isso, a carga de radiação levemente maior da tomossíntese termina sendo menor do que quando é preciso fazer exames complementares para avaliar melhor as imagens da mamografia digital em 2D. A não aprovação pelos planos de saúde e implementação no serviço público têm a ver com o custo do equipamento, que fica de 30% a 40% acima do tradicional, mas também com a necessidade de treinamento de mão de obra. Os próprios mastologistas devem se aprimorar para interpretar as imagens.” Em 2022, outro estudo, publicado na conceituada “Lancet Oncology”, já apontava as vantagens da tomossíntese. Pesquisa conduzida pela Universidade de Munster, na Alemanha, rastreou 99 mil mulheres entre 50 e 69 anos, de julho de 2018 a dezembro de 2020. As pacientes foram designadas aleatoriamente para realizar um dos dois exames e a tomossíntese detectou 48% mais tumores invasivos do que a mamografia. No entanto, por aqui, o método só está disponível em alguns centros de diagnóstico e hospitais particulares, além de hospitais públicos especializados, como o Inca e o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da USP. O procedimento, que custa entre R$ 600 e R$ 800, não é coberto pela maioria dos planos de saúde.
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26/03 - Um restaurante onde as avós são as estrelas
“Nonnas” se revezam na cozinha da Enoteca Maria, em Nova York, encantando os frequentadores. Entre elas, há até uma brasileira Maria Gialanella, de 88 anos, há uma década na cozinha da Enoteca Maria Divulgação: Cortesia da Enoteca Maria Recentemente, a chef Roberta Sudbrack postou em rede social que procura mão de obra sênior para seu novo empreendimento gastronômico: o Da Roberta, bar de comida em rua em Botafogo, na Zona Sul carioca. Para vagas na cozinha e no salão, um convite: “se você já passou dos 40, 50, 60, 70, 80, é você que estamos procurando!”. No livro “Um tal cheiro de ambrosia”, que lançou ano passado, fez uma homenagem póstuma à avó, Iracema, que é sua maior inspiração. Roberta não está sozinha em incensar a figura da avó. Na Enoteca Maria, um pequeno restaurante para 30 pessoas em State Island (Nova York) e que funciona apenas de sexta a domingo, 27 “nonnas” são a atração do lugar. A cantina tem um cardápio italiano, mas avós de diferentes países se revezam e preparam pratos de suas terras natais. Da Algéria à Grécia, da Argentina à Síria, passando pelo Brasil, as receitas dessas mulheres encantam os fregueses. O conceito é simples: feita com amor, a comida da vovó é sempre mais gostosa. A maioria das “chefs” visitantes cozinha uma vez por mês, outras são assíduas. Maria Gialanella, de 88 anos, por exemplo, coleciona elogios há uma década. Quem acessa o site do restaurante pode conferir o calendário e saber quem vai comandar as panelas. No dia 31, por exemplo, “nonna” Fatma, da Turquia, será a estrela da noite; no dia 1º. de abril, “nonna” Carmen, da Argentina; no dia 8, “nonna” Rosa, do Peru. Também é possível ter aulas para aprender seus segredos culinários e, para quem não tem como visitar o local, há um livro virtual para compartilhar fotos e receitas. A "nonna" brasileira Lucia de Fátima: rabada e camarão na moranga estão entre os pratos mais pedidos Acervo pessoal A mineira Lucia de Fátima Amaral Álvares Dutra, de 58 anos, está nos EUA há mais de 20 anos, para onde se mudou com o marido e os três filhos – a família cresceu e hoje ela tem cinco netos. Dois anos antes da pandemia, fez um teste e virou uma “nonna”, experiência que adora: “Faço dois pratos na minha noite e os mais apreciados são rabada, camarão na moranga e frango com quiabo e polenta. O ambiente é muito bom e os clientes elogiam bastante. No Natal, fazemos uma grande confraternização e cada ‘nonna’ leva um prato típico do seu país”. Jody Scaravella abriu o restaurante em 2007 querendo homenagear a mãe, Maria, cujo nome batizou o lugar, a avó e a irmã, todas falecidas. No começo, apenas avós italianas complementavam o menu da casa mas, a partir de 2015, a iniciativa foi ampliada e passou a se chamar “Nonnas of the world” (“Avós do mundo”). Por e-mail, conversou com o blog: “Muitas senhoras ficaram viúvas e seus filhos se mudaram para outros lugares. Serem reconhecidas por seu trabalho no restaurante lhes dá um propósito. Para mim, não se trata de um negócio, e sim de aumentar a consciência sobre a diversidade cultural”. Roberta Sudbrack: convite para a mão de obra sênior Divulgação Roberta Sudbrack diz que admira o projeto das “nonnas” e pretende jantar lá assim que puder. A chef lida com equipes intergeracionais há algum tempo e lembra que, até os 95 anos, a avó tinha uma energia admirável. No restaurante Sud, o Pássaro Verde, o time reúne gente dos 20 aos 70 anos, como explica: "Adoro trabalhar com pessoas jovens, assim como com as mais velhas. Cada uma tem um jeito diferente de somar e contribuir”. Sempre tive um grande carinho pelos idosos. Com a partida da vó Iracema, me senti meio órfã e aproveito todas as oportunidades que tenho para estar perto dessas pessoas, para ouvir e aprender. É claro que temos que ter o cuidado de entender os limites de cada um, e saber cuidar uns dos outros, mas isso torna tudo mais humano e afetivo, o que é fundamental!”.
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23/03 - Doença grave e morte afetam saúde física e mental dos cônjuges
Índice de mortalidade é maior entre os homens no primeiro ano de viuvez Reuni duas pesquiss que jogam luz sobre o impacto que uma doença grave ou o falecimento de uma pessoa tem sobre o cônjuge, não só interferindo em seu equilíbrio mental, como também representando um risco de morte prematura. Estudo realizado com mais de 900 mil dinamarqueses acima dos 65 anos, entre 2011 e 2016, mostrou que 8,4% (cerca de 77 mil deles) enfrentaram a dor de perder marido ou mulher. Foi observado o aumento do risco de morte no primeiro ano de viuvez e os homens entre 65 e 69 anos eram os mais afetados. Em comparação com os valores de referência, o índice de mortalidade crescia 70% entre os homens dessa faixa etária cujas esposas morriam, mantendo-se elevado pelos seis anos seguintes. Entre as mulheres, o aumento da mortalidade ficava em 27%, equiparando-se à média um ano depois. O trabalho foi publicado ontem na revista científica PLoS One. Doença e morte afetam saúde física e mental do cônjuge Gerd Altmann para Pixabay A morte do cônjuge é considerada por especialistas como um dos eventos de maior estresse que se pode experimentar, sendo capaz de comprometer o equilíbrio físico e mental. De um modo geral, as mulheres são mais conectadas socialmente do que os homens e tecem redes de proteção e apoio, o que pode explicar sua resiliência diante da dor. Doenças graves também representam um pesado ônus para a saúde mental dos parceiros, provocando distúrbios psiquiátricos relevantes. Esse foi resultado de pesquisa realizada na Dinamarca e Suécia e publicada no começo do ano na revista científica JAMA Network Open. Foram avaliados cônjuges de 546 mil pacientes com câncer e outros 2.7 milhões que conviviam com pessoas saudáveis. Nesse universo de mais de 3 milhões de indivíduos, 6.9% de maridos e esposas de alguém acometido pela doença desenvolveram distúrbios psiquiátricos, enquanto o percentual ficou em 5.6% no segundo grupo. O câncer envolve diversas etapas, todas carregadas de angústia: o momento do diagnóstico, o tratamento e seus efeitos adversos, despesas inesperadas e, eventualmente, a progressão da doença e um desfecho desfavorável. Há estudos que sugerem que os cônjuges podem apresentar mais sintomas de ansiedade e depressão que o próprio paciente, até porque, na maioria das vezes, se transformam nos principais cuidadores de seus entes queridos. E são de importância ímpar: há trabalhos que mostram que quem é casado tem uma taxa de sobrevivência maior do que os que vivem sós. Os resultados apontam para a necessidade de acolhimento e grupos de suporte nessa fase durante a qual nos encontramos tão vulneráveis.
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21/03 - 'A saúde social deve ter o mesmo status da saúde física', diz médica
Para especialistas, pavimentar o caminho para a equidade é o que tornará o sistema sustentável. Homem e mulher em frente a moradia depois de enchente: determinantes sociais afetam a saúde Rafael Urdaneta Rojas para Pixabay O nome é comprido: determinantes sociais de saúde (SDOH em inglês) e vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões de políticas públicas para a população. Trata-se do conjunto de fatores relevantes para o bem-estar de um indivíduo, englobando segurança financeira; acesso a educação e saúde; a moradia e seu entorno; o contexto social. Exemplos não faltam: como receitar um medicamento que necessite de refrigeração se a pessoa não tem geladeira ou vive num local com frequentes interrupções de energia? Como recomendar que o paciente caminhe e faça exercícios se ele mora numa área violenta? Esse foi o tema de um seminário on-line que acompanhei no dia 9 de março, cuja estrela foi Nichola Davis, professora da faculdade de medicina da New York University. Ela coordena o sistema público hospitalar da região – o maior do país – e diz que vivemos um momento crucial no exercício da medicina: “A saúde social deve ter o mesmo status da saúde física. Exames e diagnósticos respondem por 20% do tratamento, o restante está atrelado a determinantes sociais”. Nichola Davis: professora da faculdade de medicina da New York University Divulgação Nichola defende que a atuação do médico seja ampliada, de forma que ele também investigue o perfil social de seus pacientes, mas afirma que o sistema de saúde não pode se limitar a identificar as necessidades: “precisamos dar suporte para que as pessoas encontrem caminhos para diminuir sua insegurança alimentar, ou tenham acesso a apoio legal para conseguir benefícios”. A assistente social Erin McAleer, diretora do Projeto Bread, se dedica a combater a fome que, segundo ela, atinge 21% das famílias no rico estado de Massachusetts, onde atua: “Um problema sistêmico demanda uma solução sistêmica. Por exemplo, despensas ou bancos de alimentos em hospitais públicos”. Erin lembrou a trajetória da mãe, que deu fim a um casamento abusivo e criou três filhos sozinha: “depois de pagar o aluguel e as contas, às vezes faltava dinheiro para o supermercado. Eu gostaria que, há 35 anos, o serviço de saúde nos perguntasse sobre os desafios que enfrentávamos para nos alimentar”. Caroline Fichtenberg, da University of California, San Francisco: “é preciso investir em pessoas” Reprodução Caroline Fichtenberg é professora da University of California, em San Francisco, e diretora de uma rede que pesquisa e avalia intervenções sociais (Social Interventions Research and Evaluation Network). Sua proposta é atuar em quatro frentes, sendo que o mais urgente é investir em mão de obra qualificada: “Os trabalhadores do sistema de saúde deveriam ajudar os pacientes a realizar as conexões para suprir suas necessidades. Os problemas vão da falta de documentos à dificuldade de lidar com a tecnologia. Sabemos que lidar com indivíduos que enfrentam grandes dificuldades é fator de estresse e burnout para a equipe. Poder ajudar mais efetivamente melhorará o ambiente de trabalho”. Um outro passo importante seria integrar os dados da saúde, para que profissionais de diferentes setores possam compartilhar informações. Isso possibilitaria a criação de soluções personalizadas para cada caso. A terceira frente seria aumentar a integração com a comunidade: “temos que criar pontes que facilitem o endereçamento de questões como a falta de moradias ou bancos de alimentos”. Por último, ela apela para que ninguém tente “reinventar a roda”: “já dispomos de informações e expertises de sobra, agora é hora de criar alianças”. Seth Berkowitz, professor associado da faculdade de medicina da University of North Carolina, enfatizou que, embora o sistema de saúde tenha avançado bastante no campo da prevenção, se limita a responder às condições existentes: “ainda estamos mitigando problemas, sem reformular nada. E precisamos ser humildes e ouvir as pessoas para entender qual é a melhor forma de ajudá-las”.
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19/03 - O que você precisa saber sobre a púrpura senil (e dez dicas de cuidados com a pele madura)
Manifestação produz manchas arroxeadas e afeta idosos. O autoexame é importante para descobrir lesões O nome assusta, mas não se trata de nada grave. A púrpura senil se caracteriza pelo aparecimento de manchas arroxeadas, principalmente nas mãos e nos antebraços, resultantes de pequenas hemorragias. Elas ocorrem por uma combinação de fatores associados ao envelhecimento: a atrofia do tecido cutâneo e a fragilidade vasos sanguíneos, como explica o doutor Luiz Gameiro, assistente do departamento de dermatologia geriátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia e médico colaborador da Unicamp: O dermatologista Luiz Gameiro: ressecamento da pele é uma das queixas mais comuns entre idosos Divulgação “O colágeno é uma proteína fundamental para a resistência da pele, que sofre duplamente com o envelhecimento: ao mesmo tempo em que vai se degradando, devido à exposição ao sol ao longo dos anos e a fatores como o tabagismo, há uma diminuição da sua produção. Além disso, medicamentos como a cortisona, utilizada por pacientes com reumatismo ou asma, afinam a pele. Sem a sustentação de antes, os vasos sofrem rompimentos”. O quadro resulta de uma insuficiência cutânea crônica que, apesar da aparência nem sempre agradável, não é preocupante. Esse “extravasamento” de sangue pode ficar contido na derme, e apenas colorir a pele num tom entre o vermelho e o roxo, ou aflorar. Deve-se procurar atendimento médico se o sangramento não parar, diz o dermatologista: “No entanto, não é o caso de se dar ponto no local do rompimento e, de maneira alguma, cobrir com esparadrapo, porque a pele já está muito frágil. O correto é usar compressas frias, ou gaze umedecida com soro fisiológico, colocando uma atadura para curativo por cima”. O hematoma também é considerado uma púrpura, mas normalmente acontece quando uma pancada rompe um vaso de calibre grande – por isso está associado a um trauma acompanhado de inchaço. Cuidar da pele para mantê-la saudável é trabalho para a vida toda: inclui boa alimentação, beber bastante água, sono de qualidade, hidratação e proteção contra o sol. Pedi ao doutor Gameiro, que tem um canal de vídeos sobre temas ligados à dermatologia, conselhos para cuidar da pele madura. Aqui vão dez dicas: O ressecamento da pele, que provoca prurido (coceira), é uma das queixas mais comuns entre idosos. Deve-se evitar o banho quente, ou então diminuir sua duração para algo entre 3 e 5 minutos. Dar preferência a sabonetes suaves, à base de glicerina, e não utilizar buchas ou esponjas, que são abrasivas. Secar o corpo sem esfregá-lo vigorosamente com a toalha, para não irritar a pele. Os cremes de hidratação mais indicados são os para pele sensível ou seca. Optar por produtos sem fragrância, porque disparam processos alérgicos. No caso de algum tipo de alergia nas axilas, a recomendação vale também para desodorantes. Caprichar na higiene dos pés, com atenção especial para a região entre o último e o penúltimo dedo, onde o surgimento de frieiras é frequente: elas podem ser a porta de entrada para infecções. O autoexame é importante para detectar o câncer de pele em áreas muito expostas ao sol: uma ferida que não cicatriza, uma espinha que não sara ou uma casquinha persistente por mais de dois meses são sinais de alerta, principalmente se houver dor e sangramento. Idosos sentem menos sede, crie um sistema para não esquecer de se hidratar. Homens calvos devem usar boné ou chapéu sempre que saírem. O organismo precisa do sol forte do meio do dia para sintetizar vitamina D, mas expor-se pode ser um fator de risco. A saída é conversar com o médico sobre a necessidade de suplementação. A Sociedade Brasileira de Dermatologia disponibiliza uma cartilha sobre os cuidados com a pele da pessoa idosa que pode ser acessada neste link.
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16/03 - Cinco partes do corpo que não podemos ignorar depois dos 50
Olhos, dentes, pés, joelhos e ouvidos ganham menos atenção do que deveriam Quem passou dos 40 ou está na casa dos 50 sabe que, a partir da meia-idade, o ideal é fazer um check-up anual que inclua uma bateria de exames. No entanto, a maioria se preocupa, basicamente, com o coração e os níveis de colesterol e glicose no sangue. Já é um ótimo começo, mas algumas partes do nosso corpo costumam não merecer a atenção que merecem. Aqui eu listo cinco delas, que se tornam mais vulneráveis com o envelhecimento: Pés: depois dos 50 anos, após décadas de negligência, é comum que as pessoas sintam dores e tenham problemas Eutonia para Pixabay Os olhos: Mesmo quem tem uma visão perfeita deve fazer um check-up oftalmológico anual. Há doenças cuja incidência aumenta com a idade, como glaucoma (principal fator de cegueira irreversível no mundo), catarata, degeneração macular, retinopatia diabética e descolamento da retina. Pacientes diabéticos integram um grupo de risco não só para a retinopatia: a hiperglicemia é comprovadamente um fator desencadeante da catarata. Dentes e gengivas: Já publiquei diversas colunas sobre a importância da saúde oral para o organismo. Adultos que sofrem de periodontite, infecção severa que ataca as gengivas – e depois os ossos que sustentam os dentes – têm risco aumentado para hipertensão. Uma boca doente é uma espécie de “berçário” de agentes inflamatórios que podem se espalhar pela corrente sanguínea. A produção da saliva, que tem papel relevante na limpeza da cavidade oral, diminui depois dos 50, situação que se agrava com os efeitos colaterais de medicamentos como antidepressivos, diuréticos e anti-hipertensivos. Nesse caso, caprichar na hidratação e higiene, não fumar, evitar bebidas alcoólicas e alimentos condimentados. Os pés: Normalmente, a gente só lembra deles quando começam a doer. Depois dos 50, isso é cada vez frequente, após décadas de negligência. Use um creme hidratante e aproveite para massagear a região. As unhas ficam mais frágeis e têm que ser aparadas com atenção, em linha reta e sem aprofundar nos cantos, para não encravarem. Mulheres, descartem os instrumentos de tortura de bico fino e salto alto que estão no armário. Sapatos confortáveis e estáveis devem ter a base larga, para acomodar o pé, e os dedos não podem ficar apertados. Experimente modelos até dois números acima do seu e surpreenda-se com a sensação de conforto. Quadris e joelhos: Para o médico Neil Cobelli, do Montefiore Medical Center, em Nova York, essas são partes do corpo bastante vulneráveis: “Quadris e joelhos são submetidos a um estresse bem maior que os ombros, por exemplo, e a dor tem um impacto severo na qualidade de vida”. Pessoas que praticam esportes têm mais chances de sofrer lesões nos joelhos que podem exigir cirurgia. Obesidade é outro fator de risco, pelo peso extra que representa. Ouvidos: No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões enfrentem um quadro de perda auditiva, 57% acima dos 60 anos, mas o processo pode se iniciar na faixa dos 40 – você não precisa aumentar o volume da TV, mas passa a ter dificuldade de entender o que os outros dizem num ambiente barulhento. De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, as pessoas levam em média sete anos para buscar a ajuda de um especialista. O preocupante é que a surdez é a principal causa modificável de declínio cognitivo na velhice. Em entrevista que me concedeu ano passado, a médica Milene Bissoli afirmou: “Nosso cérebro é feito de conexões e, num quadro de surdez, algumas áreas começam a se conectar menos. Com o tempo, a pessoa passa a ter dificuldades de compreensão e fala”.
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14/03 - Como o varejo pode ajudar na construção de uma longevidade ativa
Acessibilidade e investimento em mão de obra melhoram a experiência dos mais velhos na hora de comprar No fim de fevereiro, assisti a um seminário on-line, do Centro Internacional de Longevidade do Reino Unido, com uma proposta que merece ser compartilhada para servir de inspiração: como o varejo pode ajudar na construção do envelhecimento saudável das pessoas. Para os idosos, comprar pode ser sinônimo de uma experiência bastante negativa, se houver barreiras de acessibilidade ou um ambiente etarista, que os discrimine. Andrew Goodacre, CEO da British Independent Retailers Association, entidade que representa o setor, reconheceu que há obstáculos a serem superados: Experiência dos consumidores com o varejo: processo de compra inclui diferentes fases e todas são relevantes para a reputação da marca Steve Buissinne para Pixabay “Há uma falta de entendimento sobre todas as possibilidades que o consumidor mais velho representa. Para começar, são maduros e estão interessados em boas opções e alternativas, o que deveria motivar o varejo. As prefeituras precisam investir em infraestrutura e acessibilidade, enquanto as empresas têm que mirar em seus recursos humanos. Além de recrutar os melhores para lidar com esse público, devemos empregar também a mão de obra madura, que conhece bem essa comunidade e pode ser fator de atração de outros consumidores”. O consultor Stephen Spencer ratificou a importância da acessibilidade, para ele uma condição básica. Lembrou que Oxford tem um plano, a ser implementado em 20 anos, de se tornar uma “cidade de 15 minutos”. Trocando em miúdos, todos os tipos de serviços estariam a 15 minutos de caminhada ou bicicleta, estimulando os habitantes a andar, se exercitando enquanto realizam as tarefas do dia a dia. Em relação ao varejo, disse que o processo de compra, tanto presencial quanto on-line, inclui diferentes fases e que todas são relevantes para a reputação da marca: “a experiência do consumidor passa pela proposta da empresa, seu ambiente e o time que o atende”. Na Finlândia, o LoCard, cartão de fidelidade das três maiores redes de alimentação – que respondem por 95% das compras – tem se transformado em fonte de informações que alimentam pesquisas acadêmicas capazes de auxiliar na elaboração de políticas públicas, como explicou Hannu Saarijärvi, professor da Tampere University: “Pedimos permissão às pessoas para analisar seu histórico de compras e coletamos dados de 47 mil lares, entre 2016 e 2018. Agora estamos preparando uma nova rodada de pesquisa que irá até 2024. O que elas comem tem implicação direta em seu bem-estar e saúde e são informações que podem ser cruzadas com outras, como fatores sociodemográficos. Já detectamos, por exemplo, a diminuição do consumo de carne vermelha, com o aumento da escolha de produtos vegetarianos”.
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09/03 - Contato com a natureza ajuda a melhorar o bem-estar dos idosos
No Japão, o termo shinrin-yoku, o equivalente a banho de floresta, está associado à qualidade de vida dos mais velhos Sabemos dos benefícios de estar em contato com a natureza: além de respirar um ar menos poluído, trata-se de um poderoso antídoto contra o estresse. Pesquisadores de três universidades (Penn State, nos EUA, e National Open University e Lunghwa University of Science and Technology, ambas de Taiwan) se propuseram a averiguar o que poderia ser feito para maximizar os ganhos físicos e psicológicos que esse ambiente proporciona para pessoas acima dos 65 anos. O time se debruçou sobre crenças e ações de idosos que costumavam, com regularidade, estar perto da natureza. A principal descoberta do estudo foi que aqueles que aliavam tal hábito com atividades que também envolviam suas relações sociais eram os que usufruíam de maior bem-estar. Estar em contato com a natureza: incremento no sentimento de propósito para a vida Mariza Tavares No Japão, o termo shinrin-yoku, o equivalente a banho de floresta, significa engajar todos os sentidos nessa experiência: sentir o cheiro, tocar as árvores, ouvir os sons de animais e riachos. Não é preciso ser adepto de longas caminhadas, ou subir encostas íngremes, apenas estar ali, 100% presente e integrado. Quem não tem uma floresta para chamar de sua pode vivenciar o encontro com a natureza em parques ou lugares arborizados – sem contar a opção magnífica dos que vivem em cidades com praias ou nas regiões serranas. Os pesquisadores entrevistaram os frequentadores de uma área de preservação ambiental em Taiwan que costumavam ir ao local pelo menos uma vez por semana. Curiosamente, aqueles com maior ligação com o lugar – e que tinham o hábito de falar sobre suas experiências com amigos ou conhecidos que os acompanhavam nos passeios – eram os que relatavam um sentimento mais forte de que suas vidas tinham propósito e significado. Para John Dattilo, professor da Penn State e um dos autores do trabalho, políticas públicas deveriam garantir o acesso de idosos a tais vivências: “muitos são impedidos de frequentar parques ou jardins botânicos porque moram longe, não dispõem de meios ou têm problemas de locomoção. Cabe ao Estado providenciar transporte e oportunidades para que os mais velhos possam interagir com outras pessoas, incrementando seus laços sociais”. Ele acrescentou que o levantamento também foi realizado em ambientes de dança e karaokê, atividades bastante comuns para essa faixa etária na Ásia, mas nada se comparou aos benefícios de estar próximo da natureza. Para reforçar a importância das relações interpessoais, pesquisa envolvendo 28 mil chineses e divulgada dia 6 no “Journal of Epidemiology & Community Health”, trata do papel crucial da socialização para a longevidade. Os participantes integram um estudo de longo prazo, que começou em 1998 e passou a avaliar a qualidade do engajamento social das pessoas a partir de 2002. Os idosos, na faixa dos 80 anos, informavam com que frequência estavam em programas em grupo, numa gradação que ia de diariamente a nunca. O monitoramento era feito por cinco anos ou até a morte do indivíduo. As taxas de mortalidade eram de 18.4 em cada 100 para os que nunca socializavam; 8.8 entre os que o faziam apenas esporadicamente; 8.3 para quem relatava alguma atividade pelo menos uma vez por mês; 7.5 para semanais; e 7.3 mortes em cada 100 para os mais sociáveis.
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07/03 - Carta de uma mulher de 40 anos para seu médico
Uma conversa que todas deveriam ter com o ginecologista ao se aproximar da menopausa. Carta para o ginecologista: uma amiga ouviu do médico que, dali em diante, “era a descida da ladeira” StockSnap para Pixabay Há um ano, no Dia Internacional da Mulher, eu lançava o livro “Menopausa: o momento de fazer as escolhas certas para o resto da sua vida”. Nesta coluna, faço uma homenagem a todas e volto ao tema através de uma carta fictícia, de uma paciente para o ginecologista, que põe em discussão uma etapa crucial na trajetória feminina: a menopausa. Querido doutor E.: Há quanto tempo nos conhecemos? Com certeza, perto de 20 anos. Você acompanhou meus namoros e a angústia sobre como praticar sexo com segurança. Esteve do meu lado durante a gestação da minha filha e trouxe ao mundo o maior presente que a vida me deu. Agora estamos a caminho de entrar numa nova etapa e precisamos ter uma conversa séria sobre o que nos espera: a menopausa. Prefiro me antecipar antes que surjam questões que provoquem algum tipo de estresse entre nós. Uma querida amiga, dez anos mais velha que eu, ouviu do médico que, dali em diante, não tinha jeito: “era a descida da ladeira”. Minha mãe, que nunca havia tocado no assunto, foi enfática depois das muitas perguntas que lhe fiz: “nunca me senti tão mal em minha vida. Tinha fogachos de dia e à noite, dormia pouco e me sentia deprimida, sem ânimo para nada”. Para seu ginecologista, este era o “esperado” na sua “condição”. Bem, meu caro doutor E., quero me preparar para que isso não aconteça comigo. Acabei de me casar de novo, consegui uma promoção no trabalho, estou a mil e meus planos são de continuar assim. Comecei a pesquisar e descobri que, quando a produção do estrogênio, o principal hormônio feminino, entra em declínio, o corpo da mulher fica numa espécie de estado de privação com sérias consequências. A lista me deixou zonza: alterações no humor e libido, risco aumentado de infarto, osteoporose e síndrome metabólica, que engloba hipertensão arterial, excesso de gordura em torno da cintura e níveis elevados de colesterol e de açúcar no sangue. O tsunami vai cobrir praticamente todo o meu ser, com a honrosa exceção do clitóris – esse, felizmente, seguirá prestando seus inestimáveis serviços. Então, vamos falar de terapia hormonal da menopausa que, simplificando, conhecemos como reposição hormonal. A não ser em casos específicos, quando é contraindicada, seus benefícios superam os riscos. Infelizmente, até hoje há médicos que citam um estudo realizado há duas décadas que alertava sobre o risco aumentado para câncer, sem refletir sobre as críticas feitas ao trabalho posteriormente: entre elas, a de que foram administradas doses muito altas de hormônio e um número significativo de participantes tinha mais de 60 anos e já estava na pós-menopausa. Hoje a reposição pode ser iniciada na "janela de tempo" antes do fim da menstruação, com grande eficácia no controle dos sintomas tão desagradáveis dessa fase. O médico de uma prima jogou o problema no colo dela: “você decide o que quer fazer”. Como S. cursou engenharia, e não medicina, e ouviu mais considerações sobre riscos do que sobre benefícios, foi protelando a decisão e, aos 55, dez anos depois de entrar na menopausa, tinha deixado passar a tal “janela”. A ciência está do nosso lado e os tratamentos são personalizados. Entendo se disser que o mundo dos hormônios não é a sua praia, porque, convenhamos, ginecologia e obstetrícia abrangem um amplo universo de conhecimentos. Com certeza poderá me indicar, por exemplo, uma endocrinologista – cuja praia é exatamente a complexidade dos hormônios. Não pense que vou abandoná-lo. É claro que continuarei sendo assídua frequentadora do seu consultório, mantendo em dia meus exames preventivos. Mas sinto que preciso ampliar a rede de pessoas de confiança para me acompanhar daqui para a frente. Com respeito e admiração, S.
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05/03 - “Não valorizamos os cuidadores porque não valorizamos as pessoas que são cuidadas por eles”
Laura Mauldin, professora de sociologia da Universidade de Connecticut, vai lançar livro sobre a crise nessa área de atendimento Laura Mauldin é professora de sociologia da Universidade de Connecticut e pesquisa como ciência, tecnologia e medicina moldam a sociedade, mas com um enfoque que me interessou muito: o dia a dia dos indivíduos com algum tipo de deficiência e, por extensão, os cuidados que recebem e seus cuidadores. Um enorme grupo que, na sua opinião, é vítima de preconceito e falta de empatia. Antes da pandemia, ela planejou fazer um amplo levantamento das casas de portadores de alguma limitação, incluindo doenças crônicas, para documentar como o espaço era adaptado de acordo com suas necessidades. A quarentena mudou seus planos e a fez substituir as visitas por chamadas de vídeo, pedindo que as pessoas mandassem fotos acompanhadas de uma descrição. Etiquetas nas portas dos armários para identificar seu conteúdo Disability at Home “Eu me deparei com soluções criativas e inovadoras para adequar as casas. Tudo fora do radar, escondido na intimidade doméstica, e logo pensei que era importante compartilhar meu achado com mais gente”, explicou. Foi assim que criou o site Disability at Home, dividido em seções que correspondem aos cômodos de uma moradia, apresentando as adaptações – o banheiro é o lugar onde há o maior número de arranjos. São coisas simples, como adesivos nas portas dos armários da cozinha indicando o que há no seu interior, para quem é portador de demência; ou um pequeno carrinho acoplado à cadeira de rodas para que seu ocupante possa levar coisas de um canto para o outro. Carrinho acoplado a cadeira de rodas para transportar coisas pela casa Disability at Home A estimativa é de que 24% dos indivíduos entre 45 e 64 anos, nos EUA, sejam cuidadores informais ou não remunerados, muitos sem recursos e em busca de soluções para as dificuldades que enfrentam. Além disso, menos de 5% das habitações são acessíveis para quem tem dificuldades moderadas de locomoção. Mauldin sabe do que fala: aos 27 anos, se tornou cuidadora da namorada, que teve leucemia e, até a morte, sofreu com severas complicações da doença do enxerto contra o hospedeiro, depois de realizar um transplante de medula. Em 2025, vai lançar “Care Nation” (“Nação do cuidado”), sobre a falta de suporte para portadores de deficiências e seus cuidadores. Numa entrevista dada ao Stat, site norte-americano voltado à cobertura de saúde, falou sobre seu objetivo com a obra: “Não valorizamos os cuidadores porque não valorizamos as pessoas que são cuidadas por eles. Nesse livro, quero mostrar como a crise na área do cuidado na verdade aponta para a falta de empatia e até ódio pelos doentes e portadores de deficiência. As duas coisas estão ligadas”. Laura Mauldin, professora da Universidade de Connecticut YouTube
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02/03 - Nova York vai testar um projeto piloto em escolas contra o etarismo
Estudantes do Ensino Médio terão aulas sobre o preconceito estrutural contra idosos Entre uma aula de álgebra e outra de literatura, alunos do Ensino Médio de 13 escolas do Brooklyn, em Nova York, terão aulas sobre etarismo ou ageísmo, isto é, o preconceito contra os mais velhos. Trata-se de um projeto piloto desenvolvido em parceria por dois departamentos (o equivalente a nossas secretarias): de Educação e do Envelhecimento. Lorraine Cortés-Vázquez, responsável pelo Departamento de Envelhecimento de Nova York Divulgação Lorraine Cortés-Vázquez, responsável pelas ações voltadas para os cerca de 1.64 milhão de idosos de Nova York, espera que a iniciativa se espalhe por toda a cidade e ajude a aumentar a consciência sobre o preconceito. Na sua opinião, os adolescentes estão numa posição excepcional para entender a extensão dos efeitos adversos do etarismo: “Muitos jovens já experimentaram algum tipo de preconceito e, se você sabe o que é ser ferido, marginalizado e não ter privilégios, vai refletir sobre o que significa causar esse tipo de dor”. O programa exibirá vídeos para derrubar estereótipos negativos sobre a velhice e prevê entrevistas com idosos. Cortés-Vázquez quer ir além, promovendo o que chama de “uma conversa” entre jovens e velhos. No último verão, uma ação com adolescentes – que se inscreveram na prefeitura para uma espécie de intensivão sobre etarismo – convenceu os funcionários da secretaria a investir nos estudantes. “Perguntamos a eles se o curso havia mudado seu modo de ver as coisas e o retorno foi surpreendente, com depoimentos emocionados”, disse Cortés-Vázquez. Michael Prayor, superintendente das escolas de Ensino Médio no Brooklyn, afirmou que o piloto representa uma “questão pessoal” para ele: “penso no meu pai, que tem 93 anos. Quero que ele viva numa sociedade na qual seja respeitado, amado e cuidado. A melhor maneira de começar a mudança é através dos jovens”.
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28/02 - Ainda não sabemos que fatores mais afetam o declínio cognitivo quando envelhecemos
No entanto, a atividade física, em qualquer idade, está associada ao melhor funcionamento do cérebro na velhice Pesquisadores da Ohio State University publicaram estudo, no começo do mês, no qual utilizaram modelos estatísticos para tentar relacionar fatores de risco para o declínio cognitivo em idosos norte-americanos. O objetivo era buscar um modelo que ajudasse a superar as lacunas que impedem ações preventivas mais eficazes. Nos EUA, milhões enfrentam algum tipo de declínio cognitivo na velhice, mas apenas 41% podem ser diagnosticados como demência, como as doenças de Alzheimer ou por corpos de Lewy. Pesquisas anteriores haviam identificado diversos motivos que contribuem para esse quadro, mas seu impacto permanecia pouco claro. Idosos em mesa de bar: pesquisas tentam mapear fatores de risco que mais afetam o declínio cognitivo Thomas G para Pixabay Hui Zheng e seus colegas analisaram dados de 7.068 indivíduos nascidos entre 1931 e 1941 que já participavam de um grande estudo longitudinal (Health and Retirement Study). Sua capacidade mental foi regularmente avaliada entre 1996 e 2016 e, além disso, também eram coletadas informações que abrangiam de condições de saúde e socioeconômicas ao hábito de se exercitar. Ao todo, os chamados fatores de risco respondiam por 38% da variação de pontuação que os participantes recebiam sobre suas funções cognitivas quando tinham 54 anos. Os quesitos que mais faziam diferença eram nível de escolaridade, etnia, renda, ocupação e depressão, sendo que o cenário no começo de vida tinha maior peso que doenças e comportamentos na fase adulta – como sedentarismo e tabagismo. Entretanto, os mesmos fatores só correspondiam a 5.6% na variação da pontuação na faixa entre 54 e 85 anos. O levantamento foi divulgado na revista científica “PLOS One” e, embora não traga respostas definitivas, aponta na direção da importância da situação socioeconômica para a manutenção da capacidade intelectual. E não está sozinho: outro trabalho mostrou que uma condição econômica desfavorável está ligada a uma chance maior do surgimento de um quadro de distúrbio mental na maturidade. De acordo com esta pesquisa, publicada no “Journal of Epidemiology and Community Health”, 58% das pessoas com baixo nível de escolaridade e instabilidade econômica na faixa dos 30 desenvolviam algum tipo de distúrbio aos 52 anos. No entanto, a atividade física, em qualquer idade, está associada ao melhor funcionamento do cérebro na velhice. Um estudo, divulgado na semana passada pelo “Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry”, afirma que, embora qualquer tipo de exercício seja benéfico, uma rotina de treinos ajuda a preservar a acuidade mental. Os pesquisadores usaram as informações de 1.417 britânicos nascidos em 1946 que eram monitorados. Relacionaram os testes cognitivos realizados quando eles tinham 69 anos com os relatos sobre atividade física aos 36, 43, 53, 60 a 64 e 69 anos. A pontuação variava de zero (sedentário em todas as idades) a cinco (ativo ao longo desse tempo) e os adeptos dos exercícios se saíram melhor na avaliação.
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26/02 - A melhor hora para criar músculos é agora!
Treino de força ajuda a recuperar a perda de massa muscular, que se intensifica a partir dos 50 anos Quando a gente faz uma busca por imagens de pessoas mais velhas se exercitando, aparecem muitas fotos de aulas de ioga, caminhadas e até de corrida, mas poucas de adultos maduros malhando com pesos – no caso das mulheres, essas são retratadas quase sempre com pesinhos de um quilo e olhe lá... A constatação aborreceu a britânica Anna Jenkins, de 50 anos, e a motivou a criar uma academia somente para mulheres, com nome de movimento: We Are Fit Attitude (algo como “Nossa atitude é estarmos em forma”). Ela dá aulas on-line e presenciais para alunas que vão dos 30 aos 70 anos e, numa das sessões de malhação, a turma decidiu fazer fotos do grupo e enviá-las para os bancos de imagem, com o objetivo de dar uma “oxigenada” no imaginário coletivo sobre a maturidade e a velhice. Alunas confraternizam durante treino Jason Alfred-Palmer Numa entrevista para o jornal “The Guardian”, Jenkins contou que observava como, nas academias, muitas mulheres maduras se limitavam a utilizar a esteira, sem se aventurar na área dos pesos: “este pode ser um ambiente bem desencorajador se você não está satisfeita com seu corpo, é como se não tivesse o direito de fazer parte dele. No entanto, especialmente a partir dos anos próximos à menopausa, precisamos exatamente de treinos de força”. A turma We Are Fit Attitude: adeptas do treino de força Jason Alfred-Palmer Começamos a perder massa muscular por volta dos 30 anos e o treino de força é fundamental para dar sustentação ao corpo à medida que ele envelhece. Isso ficou mais do que provado em pesquisa realizada na Tufts University, nos EUA, com idosos de uma instituição de longa permanência submetidos a um regime de exercícios com pesos. As idades variavam entre 87 e 96 anos e, em oito semanas, houve ganho de massa muscular, melhora de coordenação e equilíbrio. Como afirma o médico Deepak Chopra em seu livro “Corpo sem idade, mente sem fronteiras”, “tais resultados sempre foram possíveis, o que aconteceu foi que uma crença foi alterada e o processo de envelhecimento também se alterou”. A Tufs implementou seu estudo, chamado “Lifestyle Interventions and Independence for Elders” (“Intervenções no estilo de vida para a independência dos mais velhos”), num centro comunitário. Durou seis meses e envolveu 40 adultos entre 65 e 89 anos que tinham algum problema de locomoção. Quem participou de pelo menos 25% das atividades semanais teve ganhos consideráveis em mobilidade e funções mentais. Houve ainda uma redução de 60% nas quedas, um dos principais motivos de preocupação para os idosos. Para encerrar, trabalho recente de pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo mostra que uma rotina de musculação é indicada para pessoas com hipertensão arterial. O estudo, publicado na revista científica “Scientific Reports”, aponta que, para a redução da pressão, o mais eficaz é utilizar carga de moderada a vigorosa, em duas ou três sessões semanais, com duração mínima de oito semanas. A britânica Anna Jenkins, de 50 anos: academia somente para mulheres Divulgação
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23/02 - Maior incidência de demência em mulheres pode estar relacionada à desigualdade
Violência doméstica, dificuldades para estudar e conseguir boas oportunidades profissionais têm reflexo na saúde cognitiva na velhice Um estudo envolvendo quase 30 mil indivíduos de 18 países, nos seis continentes, sugere que a desigualdade social e econômica pode explicar a maior incidência de demências em mulheres – no caso do Alzheimer, elas respondem por dois terços dos pacientes. Como os fatores de risco não diferem no que diz respeito ao gênero, o fato de a expectativa de vida feminina ser superior à masculina vinha sendo apontado como uma das principais causas para o surgimento da doença, tese que Jessica Gong, pesquisadora do The George Institute for Global Health e principal autora do trabalho, questiona: Mulheres representam dois terços dos pacientes com Alzheimer: pesquisadores estão interessados na questão da educação, considerada um fator de proteção contra o declínio cognitivo GoranH para Pixabay “A longevidade feminina não pode ser responsabilizada por essa diferença. A maior parte das pesquisas é realizada em países de alta renda e há poucos dados dos países de média ou baixa renda, onde o número de casos vem se tornando cada vez mais expressivo. É justamente onde a desigualdade é um fator de risco mais acentuado”. O número de pessoas vivendo com algum tipo de demência deve ultrapassar 150 milhões em 2050, com um crescimento significativo nos países menos abastados, sem meios de intervir nos indicadores sociais e econômicos associados à doença. Em 2020, artigo publicado pelo “Lancet Commission Report” estimou que 12 fatores de risco modificáveis – todos atrelados a políticas públicas de qualidade – são responsáveis por quase metade dos casos de demência. Segue a lista: baixo nível educacional, hipertensão, obesidade, diabetes, depressão, problemas de audição, consumo excessivo de álcool, fumo, sedentarismo, relações sociais limitadas, poluição atmosférica e traumas no cérebro. Os pesquisadores estão particularmente interessados na questão da educação, considerada um fator de proteção contra o declínio cognitivo. Em países de renda média ou baixa, as mulheres ainda enfrentam desafios não só para estudar como para conseguir oportunidades profissionais. A epidemiologista Sanne Peters, que integrou o time responsável pelo levantamento, acrescentou a violência doméstica como outro problema cujos efeitos vão se refletir na saúde cognitiva na velhice. O Women´s Brain Project (Projeto Cérebro da Mulher), misto de movimento e instituição criado em 2016, quer aprofundar a discussão sobre as diferenças de gênero e sua relação com problemas neurológicos e psiquiátricos. É o que defende sua criadora, a médica Antonella Santuccione Chadha: “temos que investigar para distinguir o que é biológico e o que é social, e se temos uma combinação dos dois fatores”. Historicamente, o nível educacional das mulheres é menor e, em várias partes do mundo, há barreiras para impedir seu acesso à instrução. Além da questão hormonal, cuja produção declina a partir da meia-idade, há aspectos socioculturais que representam um risco extra – um deles seria o estresse de ser cuidadora, função quase sempre feminina.
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21/02 - Sono irregular aumenta o risco de aterosclerose e doença cardiovascular
De acordo com pesquisadores, disrupções do ritmo circadiano podem resultar num quadro de inflamação crônica E lá vamos nós tratar, mais uma vez, da importância do sono para o equilíbrio do organismo. Acaba de sair do forno estudo da Universidade Vanderbilt, nos EUA, mostrando que o risco de aterosclerose aumenta quando não adotamos um padrão de descanso satisfatório. Estudo da Universidade Vanderbilt mostra que o risco de aterosclerose aumenta quando não adotamos um padrão de descanso satisfatório American Heart Association A qualidade do sono é medida não somente pelo número de horas e quantidade de interrupções, como também leva em conta a variação do horário em que se vai para a cama: regularidade é a chave, ou seja, o ideal é dormir sempre no mesmo horário e não muito tarde. Uma boa meta seria “desligar” às onze da noite para se levantar às sete com disposição. O estudo acompanhou 2.032 participantes norte-americanos, com idade média de 69 anos, de regiões e etnias diferentes. Entre 2010 e 2013, todos usaram um dispositivo no pulso que detectava se estavam acordados ou dormindo. Também faziam um diário do sono durante sete dias consecutivos e se submetiam a polissonografias, exame que mapeia distúrbios como a apneia noturna. Os indivíduos com padrão de sono irregular eram os que apresentavam, com maior frequência, um quadro de depósito de cálcio nas artérias coronárias e de placas obstrutivas nas carótidas. Os cientistas constataram uma condição de aterosclerose sistêmica. Além de estreitarem as artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e o transporte de oxigênio e nutrientes para o organismo, as placas podem se romper e criar coágulos que vão bloquear os vasos, provocando um infarto ou acidente vascular. Para a epidemiologista Kelsie Full, professora da faculdade de medicina da universidade e principal autora do trabalho, a qualidade do sono tem que ganhar prioridade em consultórios e ambulatórios. “Quase todas as funções cardiovasculares, incluindo batimentos cardíacos, pressão arterial, tônus vascular e as funções das células endoteliais (que permitem a conexão entre componentes da circulação e sistemas do organismo), são reguladas pelos genes do relógio biológico. Disrupções do ritmo circadiano podem resultar num quadro de inflamação crônica”, relatou a equipe, que contava ainda com pesquisadores de Harvard, Mount Sinai, Johns Hopkins e Universidade da Califórnia, campus San Diego. Um sono fragmentado e de curta duração – o ideal seria entre sete e nove horas – está diretamente relacionado com o surgimento de doença cardiovascular, hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2. A American Heart Association incluiu o sono entre as oito recomendações para garantir a saúde do coração. As outras sete são: alimentação saudável, atividade física, não fumar, controlar peso, colesterol, pressão arterial e nível de glicose.
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19/02 - “A medicina da longevidade deveria ser a missão de todos os hospitais”, diz médica
Abordagem proativa pretende se antecipar aos problemas relacionados ao envelhecimento O que uma pediatra e neonatologista tem a ver com as questões do envelhecimento? Talvez essa seja a pergunta mais frequentemente endereçada à médica Tzipi Strauss, professora da Universidade de Tel Aviv e que está à frente da criação do centro de longevidade do Sheba Medical Center, o maior hospital de Israel – que há quatro anos figura entre os dez melhores do mundo. No dia 9 de fevereiro, numa palestra virtual promovida pela National University of Singapore, ela detalhou sua nova empreitada: Tzipi Strauss, professora da Universidade de Tel Aviv: “não vai bastar a medicina ser preventiva, ela terá que ser proativa” Divulgação “Considerando que começamos a envelhecer assim que nascemos, o tema interessa a todos. A menopausa representa um período de aceleração do envelhecimento e eu mergulhei no assunto ao passar a ter problemas para dormir, depois dos 45 anos. A medicina da longevidade deveria ser missão de todos os hospitais, mas os próprios médicos desconhecem os fundamentos que sustentam uma velhice que não seja apenas longa, mas também saudável”. Atualmente, seu trabalho se divide em duas frentes: incluir a disciplina no currículo da Universidade de Tel Aviv e inaugurar no Sheba, até setembro, o Healthy Longevity Center (centro de longevidade saudável) para o grande público acima dos 40. “Queremos mudar o conceito e transformar o hospital numa ‘cidade da saúde’. Com o tempo, tenho certeza de que convenceremos não somente os CEOs sobre a relação entre custo e benefício desta mudança, mas também seguradoras e profissionais da saúde. Tratar as consequências da fragilidade e demências sai muito mais caro”, enfatizou. “Não vai bastar a medicina ser preventiva, ela terá que ser proativa, se antecipando aos problemas e criando condições para que cuidemos do corpo, da mente e das emoções. Mas as pessoas terão que se engajar: não é só fazer check-up ou colonoscopia, é preciso se exercitar, ter uma dieta alimentar saudável e sono de qualidade”. O centro vai focar em quatro áreas que, na avaliação da médica, estão diretamente relacionadas com a longevidade: aspectos cognitivos, sono, fragilidade e menopausa. “Uma abordagem que englobe esses quatro aspectos pode influenciar a forma como envelhecemos”, afirmou. O check-up deve durar entre quatro e cinco horas e a pessoa irá para casa com um monitor do sono. Terá ainda um questionário para completar e o retorno se dará em cerca de três semanas. Com base nas informações coletadas, uma equipe multidisciplinar elaborará um “plano de voo” para ser implementado. A medicina tradicional vê o envelhecimento como uma condição fisiológica na qual ocorrem manifestações de patologias relacionadas à idade. Já a medicina da longevidade entende que é possível realizar intervenções que previnam os fatores de risco associados à velhice. A OMS (Organização Mundial da Saúde) propôs que a década de 2020-2030 tenha como foco o envelhecimento saudável. A própria entidade prega que o objetivo não é a completa ausência de doença, e sim a preservação da capacidade funcional que garanta a independência do indivíduo. É bacana ver alguém de 80 anos correndo uma maratona, mas isso é exceção. A regra deveria ser a oportunidade de todos os idosos serem ativos e se sentirem prestigiados, e não cidadãos de segunda classe.
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16/02 - Desafio do design estimula inovação em produtos e serviços para o envelhecimento saudável
Em sua décima edição, concurso criado pelo Centro de Longevidade de Stanford apresenta os oito finalistas de 2023 O “Design Challenge”, criado pelo Centro de Longevidade de Stanford, chega à sua décima edição fiel ao objetivo de estimular a inovação na área do envelhecimento ativo. Desta vez, o foco era criar produtos e serviços capazes de contribuir para que sejam saudáveis os anos que ganhamos em termos de expectativa de vida. O mais interessante é que o escopo do desafio era bem amplo: como a longevidade é uma construção que se inicia dentro do útero – e precisa de “tijolinhos” ao longo de toda a nossa existência – os projetos não precisavam estar atrelados a questões restritas à velhice. Ao todo foram enviados 241 projetos, de 38 países. Os oito finalistas foram selecionados por 35 jurados de diferentes áreas: indústria, academia e organizações sem fins lucrativos. Cada um recebeu mil dólares e todos irão para a grande final, que se realizará na universidade em abril e terá um prêmio de dez mil dólares. “Não queremos que as pessoas apenas vivam um número maior de anos, mas com a saúde debilitada. Queremos que todos possam construir uma existência saudável a partir da infância e mantenham essa condição”, afirmou Marie Conley-Smith, coordenadora do concurso. 2Care: ferramenta para monitorar a saúde periodontal é uma das oito finalistas do “Design Challenge”, concurso criado pelo Centro de Longevidade de Stanford / Divulgação Divulgação Faço uma breve descrição de cada proposta, porque todas servem de inspiração para os que militam nessa área: 2Care é uma ferramenta para monitorar a saúde periodontal criada por estudantes de Tunghai University, Ming Chi University of Technology e National Taipei of Education, todas de Taiwan. Trata-se de um pequeno aparelho cujo feixe de luz azul detecta se os dentes estão limpos e há placa bacteriana. Ele reproduz imagens que podem ser arquivadas no celular e enviadas, além de estar associado a um aplicativo que marca consultas com um dentista. Pesquisas mostram que uma boca doente é uma espécie de “berçário” de agentes inflamatórios que se espalham pela corrente sanguínea. Fitness & Fun Facility (Beijing Institute of Technology, China): linha de equipamentos para espaços públicos concebida para ser utilizada por avós e netos, aprofundando laços entre as gerações. PaperRoad (Carnegie Mellon University, EUA): plataforma de inteligência artificial voltada para adolescentes com questões de saúde mental. Shakti (University of California, campus Davis, EUA): aplicativo que detecta problemas de anemia e monitora a suplementação de ácido fólico e ferro por mulheres grávidas. A anemia gestacional aumenta o risco de aborto espontâneo, restrição do crescimento fetal e prematuridade. Sonura (University of Pennsylvania, EUA): sistema sonoro para UTIs neonatais que reproduz o ambiente do útero e envia mensagens de áudio dos pais para os bebês internados, diminuindo o estresse ao qual os pequeninos estão submetidos. Tree of Life (NMIMS School of Design, Índia): jogo de tabuleiro que ajuda as pessoas a entender as alterações cognitivas que acompanham a idade e o que pode ser feito para preservar a saúde mental e psíquica. Unpause Life (NMIMS School of Design): kit com informações e testagem hormonal para o período da menopausa. Variable Reactive Board (New York University and Pratt Institute, EUA): aparelho para treinar o equilíbrio, habilidade fundamental para os mais velhos, uma vez que o risco de quedas aumenta com a idade.
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14/02 - Terremotos na Turquia e na Síria: Por que há pessoas que morrem logo depois de resgatadas?
Muitos dos sobreviventes do terremoto na Síria e na Turquia passaram dias sob os escombros – mas morreram pouco depois do resgate. Causas para morte após socorro vão da temperatura sanguínea à depressão. Terremoto na Turquia e na Síria: resgates emocionantes Em seguida ao grave terremoto na Síria e na Turquia, Zeynep ficou mais de 100 horas presa sob os destroços de uma casa desmoronada, antes que forças de resgate pudessem libertá-la. "Ela está bem, considerando as circunstâncias", informava um comunicado de imprensa da organização de ajuda humanitária ISAR Germany (International Search And Rescue), que participou da operação. Pouco mais tarde, porém, Zeynep morreu. "No caminho para o hospital, ela ainda riu", conta o socorrista Bastian Herbst, da ISAR. Segundo ele, pode haver "120 mil razões" para o óbito, como lesões internas só diagnosticadas posteriormente. Um dos motivos para a morte de Zeynep, porém, pode ter sido a chamada morte pós-resgate. Sangue frio letal Uma das causas possíveis desse fenômeno é a hipotermia. Sob as temperaturas glaciais na área do desastre, os vasos sanguíneos se estreitam: desse modo o organismo assegura que o mínimo possível do precioso calor interno se perca no ambiente através da pele ou das extremidades. Nessas partes do corpo, a temperatura do sangue baixa, enquanto no núcleo físico o sangue quente garante o funcionamento dos órgãos vitais. Mas o salvamento de Zeynep foi complicado. "Tivemos que movê-la muito para poder libertá-la", recorda Herbst. Nesse processo, pode ocorrer de os vasos se dilatarem, e o sangue frio fluir para os órgãos internos, provocando distúrbios do ritmo cardíaco e consequente morte. Danos renais e fibrilação O socorrista alemão conta que as pernas de Zeynep estavam soterradas sob pedras e escombros. Ela ainda conseguia mover os pés, mas é possível que os tecidos dos membros estivessem lesionados. Lesões musculares liberam a proteína mioglobina, responsável pelo transporte de oxigênio dentro das células do tecido. Quando o acidentado fica livre, o sangue volta a circular subitamente, inundando o organismo com mioglobina, o que pode causar falência dos rins e consequente elevação dos níveis de potássio. O excesso desse mineral, por sua vez, provoca fibrilação ventricular, com risco de morte especialmente alto para portadores de enfermidades cardíacas. Alívio de tensão pode precipitar fim Outra causa é o proverbial "morrer na praia": "Conhecemos isso dos naufragados: no momento em que veem a equipe de resgate, não podem mais, e se afogam", explica Herbst. Os hormônios do estresse cuidam para que as funções corporais se mantenham. Quando essa tensão cede, a consequência pode ser uma queda radical da pressão sanguínea. Tampouco se descartam motivos psicológicos para uma morte pós-resgate: Zeynep perdeu o marido e os filhos no abalo sísmico. "Talvez ela tenha se dado conta do fato, e isso a privou da vontade de viver", especula Bastian Herbst. "É algo que não sabemos."
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14/02 - Suplementação de vitamina D pode diminuir o risco de diabetes
Pesquisadores acreditam que pelo menos 10 milhões que apresentam um quadro de pré-diabetes se beneficiariam Uma revisão de ensaios clínicos revelou que o risco de desenvolver diabetes diminuía 15% em adultos com pré-diabetes – aqueles com valores de glicemia em jejum entre 100 e 125mg/dL, ou de hemoglobina glicada entre 5.7% e 6.4% – que faziam uso de uma dosagem maior de vitamina D. Além de a chance de progressão para a doença aumentar significativamente para quem está nesse patamar, quem tem pré-diabetes está mais sujeito a sofrer um infarto ou derrame do que as pessoas com níveis normais de glicose. Suplementação de vitamina D pode diminuir o risco de diabetes em 15% Martin Büdenbender para Pixabay A Sociedade Brasileira de Diabetes estima que o Brasil tenha cerca de 13 milhões de diabéticos, sendo que metade desconhece ter a enfermidade, e calcula-se que pelo menos 40 milhões sejam pré-diabéticos. Pesquisadores do Tufts Medical Center avaliaram a relação entre um reforço de vitamina D e o desenvolvimento do diabetes. Depois de três anos de acompanhamento de pacientes, o surgimento da doença ocorreu em 22.7% dos adultos que faziam uso do suplemento, e em 25% dos que recebiam placebo: uma diminuição de 15% nas chances de adoecer. Estimando que há 374 milhões de pessoas com pré-diabetes no mundo, eles avaliam que pelo menos 10 milhões poderiam se beneficiar com a adoção da suplementação. O estudo foi publicado no “Annals of Internal Medicine”. Na verdade, a vitamina D é um hormônio produzido pelo corpo humano. Quando foi batizada como vitamina, acreditava-se que só era obtida pela alimentação, e por isso ganhou a letra D, depois das vitaminas A, B e C. Só na década de 1970 os cientistas descobriram que podia ser sintetizada pelo organismo. As evidências sugerem que, além de ser uma substância relevante como reguladora do metabolismo do cálcio e da saúde óssea, a vitamina D modula, direta ou indiretamente, cerca de 3% do genoma humano, participando do controle de funções essenciais à manutenção do equilíbrio sistêmico, tais como crescimento, diferenciação e morte celular, regulação dos sistemas imunológico, cardiovascular e musculoesquelético, e no metabolismo da insulina. Entretanto, cientistas da University College Dublin alertaram que a vitamina D, em doses muito altas, também pode causar efeitos adversos severos, e que os médicos devem ficar atentos a limites seguros para sua prescrição. Dois outros tipos de manejo da condição apresentam resultados mais parrudos: em primeiro lugar, de longe, mudanças no estilo de vida (58% na diminuição do risco) e o medicamento metformina (31%).
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12/02 - Mercado tech para os 50 mais: cenário de expansão em 2023
Relatório com as tendências para este ano mostra que o público sênior tem interesse em ampliar consumo de tecnologia De celulares a TVs de última geração, passando por relógios inteligentes e assistentes virtuais para a casa, os 50 mais não são apenas adeptos da tecnologia como estariam dispostos a gastar com produtos e serviços que atendessem às suas necessidades. Esse é o resultado de um levantamento sobre as tendências do mercado tech sênior realizada pela AARP, que representa dezenas de milhões de aposentados norte-americanos. Divulgada em janeiro, a pesquisa ouviu quase 3 mil pessoas entre setembro e outubro de 2022. Segmento sênior: adoção maciça de tecnologia e disposição para gastar mais em produtos e serviços José Godoy Oito em cada dez entrevistados declararam que a tecnologia se tornou parte indispensável de suas vidas. No entanto, 68% afirmaram que o desenvolvimento dos produtos não leva em conta o grupo do qual fazem parte: as críticas se concentram na complexidade e falta de instruções claras para usar os aparelhos. Embora a maioria esteja no Facebook e no YouTube, houve um crescimento da presença dos mais velhos no Instagram (de 24% em 2021 para 28% em 2022) e no TikTok (de 10% para 15% no mesmo período). O streaming também ganhou destaque no lazer, passando de 29% para 35%. No Brasil, de acordo com dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, 97% acessam a internet, principalmente para se informar, manter contato com a família ou buscar informações sobre serviços e produtos. Os aplicativos mais usados no celular são as redes sociais (72%); de transporte urbano (47%); e bancários (45%). O WhatsApp vem na frente (92%), seguido pelo Facebook (85%) e Youtube (77%). Os idosos conectados ainda utilizam a internet para realizar compras, especialmente eletroeletrônicos (58%); remédios (49%); e eletrodomésticos (47%). A expansão do mercado não se restringe à comunicação e ao entretenimento: cuidadores familiares têm demonstrado interesse crescente por aplicativos que os auxiliem na tarefa de zelar por entes queridos. Na faixa entre 50 e 60, muitos têm pais e mães em condições de fragilidade que demandam cuidados, e toda ajuda é bem-vinda para diminuir custos e manter a qualidade de vida dos idosos. A inteligência artificial vai tomar conta dos lares: sensores para detectar quedas e equipamentos acionados por controle de voz têm enorme potencial, mas a tecnologia tem que ser menos complexa e mais intuitiva. Para quem cuida e quem é cuidado. A Universidade de Michigan fez um estudo, no fim de 2022, no qual destacava que 54% dos adultos entre 50 e 80 anos davam algum tipo de assistência a um idoso – e o principal cuidador familiar continua sendo uma mulher de meia-idade, que soma tal responsabilidade a inúmeros outros compromissos. O grupo acima dos 80 anos é o mais exposto a fraudes: em 2021, dos US$ 151 milhões (perto de R$ 800 milhões) de perdas relatadas, US$ 47 milhões (quase R$ 250 milhões) tinham sido surrupiados de pessoas nessa faixa etária.
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09/02 - Milionário exibe ao público seu experimento para rejuvenescer
Exames, coquetéis de vitaminas e procedimentos custam 2 milhões de dólares por ano Bryan Johnson tem 45 anos e é um empreendedor milionário que atua na área de tecnologia. Firme na convicção de que o dinheiro compra tudo, cercou-se de uma equipe de 30 profissionais, liderada pelo médico Oliver Zolman, que gastou, em um ano, cerca de US$ 2 milhões (o equivalente a R$ 11 milhões) para fazê-lo “desenvelhecer” – o objetivo é voltar a ter 18 anos! Bryan Johnson: milionário gastou 2 milhões de dólares em um ano para rejuvenescer Divulgação Johnson criou uma espécie de reality show do seu projeto, iniciado em outubro de 2021 e batizado de Blueprint, que pode ser acompanhado pelos internautas. De acordo com a miríade de testes a que se submete, já diminuiu sua idade biológica em pelo menos cinco anos. Os resultados apontam que tem o coração de um homem de 37; a pele de alguém com 28; capacidade respiratória e aptidão física de um garotão de 18. Às cinco da manhã, toma duas dúzias de suplementos e remédios, de licopeno a metformina. E também açafrão e gengibre para deter inflamações; zinco para complementar a dieta vegana de 1.977 calorias; uma microdose de lítio para o cérebro. Seu índice de gordura corporal está entre 5% e 6% e a atividade física é composta de uma hora por dia com 25 tipos de exercícios diferentes e, três vezes por semana, treino de alta intensidade. A malhação é acompanhada por suco verde turbinado com creatina, flavoides de coco e colágeno. Há medições diárias de peso, índice de massa corporal, nível de glicose no sangue e batimentos cardíacos, além de oxigenação enquanto dorme. Mensalmente, realiza dezenas de exames e procedimentos, como ultrassonografias e ressonâncias magnéticas. Tratamentos estéticos para a pele e tingimento dos cabelos fazem parte do pacote. Atividade física compreende uma hora diária com 25 exercícios diferentes e treinos de alto impacto três vezes por semana Divulgação “O que estou fazendo pode soar como algo extremo, mas quero provar que a decadência física não é inevitável”, afirmou à Bloomberg. Quando estava na casa dos 30 e criou uma bem-sucedida companhia de pagamentos chamada Braintree Payment Solutions, Johnson se viu acima do peso e profundamente estressado. Depois de vendê-la em 2013, por 800 milhões de dólares, iniciou a jornada à qual se dedica de corpo e alma. O foco dos negócios também mudou: fundou duas empresas na área de biotecnologia, OS Fund e Kernel. Seus próximos passos incluem experimentos de terapia gênica – em si mesmo, claro.
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07/02 - Seis receitas para reinventar a aposentadoria
Documentário “Além do aposento”, dirigido por Gabriel Martinez, vai ser lançado nesta quinta em São Paulo Gabriel Martinez ainda não completou 44 anos, mas já foi fisgado pelo envelhecimento. Em 2015, lançou o documentário “Envelhescência”, reunindo seis histórias inspiradoras de idosos que não consideravam a idade impedimento para realizar seus sonhos. Nesta quinta-feira, apresenta ao público “Além do aposento”, filme que dá continuidade à temática do anterior: “dessa vez, quis focar na vida depois da aposentadoria, quando muitos se perguntam o que farão dali para a frente”, diz. Guido: tradutor que, após sofrer um sequestro relâmpago, decidiu abandonar São Paulo e mudou-se para Ilhabela, onde trabalha com turismo Divulgação “Gosto das histórias inspiradoras, onde há uma boa dose de otimismo. A velhice é a última fase de nossas vidas, mas isso não quer dizer que não possa ter significado. É preciso que todos trabalhemos contra o estigma que ainda existe”. O documentário traz depoimentos de seis pessoas, intercalados pelas falas do médico e gerontólogo Alexandre Kalache, que participou da primeira obra. Há relatos fortes como a de Anildo que, diante do tempo livre depois de se aposentar, acabou se tornando alcoólatra. No entanto, graças à insistência de um amigo, começou a correr. A corrida também entrou na vida de Tomiko depois de ser diagnosticada com osteoporose. Atualmente, não só a doença regrediu como enfrenta ultramaratonas e chegou a correr 217 quilômetros. Já Guido, sul-africano naturalizado brasileiro, era tradutor e, após sofrer um sequestro relâmpago com o filho, decidiu abandonar São Paulo e mudou-se para Ilhabela, onde trabalha com turismo. O título do documentário é uma provocação: aposentadoria e aposento têm a mesma origem – vêm do latim pausare, ou seja, dar uma pausa, parar – e os personagens querem justamente o contrário. O cineasta se prepara para, em abril, fazer uma viagem para as chamadas “blue zones”, regiões onde a população tem uma alta expectativa de vida: Sardenha (Itália), Okinawa (Japão), Nicoya (Costa Rica), Ikaria (Grécia) e Loma Linda (EUA). Vem documentário novo por aí... Serviço: Estreia: dia 9, às 20h30min, no Cine Marquise (Av. Paulista 2073, Cerqueira César, São Paulo). Os ingressos são grátis, mas devem ser retirados uma hora antes e o acesso está sujeito à lotação do local. O documentário será depois disponibilizado no link.
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05/02 - Aprenda a gostar do seu corpo maduro
As mulheres atraentes não são as mais magras, ou que se submeteram a procedimentos estéticos, e sim as que se sentem confortáveis consigo mesmas Nas duas últimas colunas, falei da importância de uma alimentação equilibrada para evitar doenças crônicas e do risco aumentado para demência num quadro de sobrepeso, ou obesidade, a partir da meia-idade. Quero enfatizar que meu objetivo é a adoção de um estilo de vida saudável, e não buscar padrões estéticos associados à juventude. Por mais que pareça óbvio, aceitar o envelhecimento do próprio corpo ainda soa como uma “missão impossível”, principalmente para as mulheres. As mulheres mais atraentes são aquelas que se sentem confortáveis consigo mesmas Kim Brown para Pixabay Até quem é adepta do exercício se depara, no espelho, com a passagem do tempo: manchas na pele, seios que há muito deixaram de ser empinados, flacidez nas coxas, pneuzinho na barriga. A maioria começa a se cobrir, sem conseguir conviver com o desconforto em relação ao corpo, inclusive durante o sexo. Uma amiga me disse que se recusa a ficar por cima do companheiro, com vergonha de peitos e abdômen com menos tônus. Temos que parar de ouvir essa voz interna, amarga e crítica. A bilionária indústria de cosméticos e profissionais que transitam no território do culto à aparência sugerem que seremos menos amadas se não tivermos o visual de décadas atrás – e a tática funciona. Mas quem são as mulheres maduras atraentes? Não são aquelas mais magras, ou que se submeteram a procedimentos estéticos, e sim as que se sentem confortáveis consigo mesmas. As que riem e respiram à vontade, sem tentar encolher a barriga o tempo todo. Autoestima e confiança funcionam como um ímã. Nocauteie a vozinha talibã que manda que você se cubra. Fique nua em frente ao espelho e admire o corpo que foi seu companheiro em tantos momentos de prazer. Ele está pronto para continuar essa jornada! Em vez de enumerar as falhas, lembre-se que nenhum ser humano é perfeito. Cada um tem sua geografia, marcas e cicatrizes. O chamado “body positive”, termo cunhado na década de 1990 e que poderia ser traduzido como corpo positivo, é um movimento que luta contra a limitação dos padrões de beleza e pela aceitação do próprio visual. Embora esteja mais identificado com a bandeira contra a gordofobia, o preconceito contra o envelhecimento integra essa frente ampla. Lembre-se que o mundo das celebridades e das redes sociais se sustenta à base de intervenções, filtros e manipulações para transformar o real em ideal – e que por trás disso há um mercado extremamente lucrativo. O que o "body positive" ensina: Pare de se comparar com as outras pessoas. Realize atividades que a façam se sentir bem. Inspire-se em corpos semelhantes ao seu. Aprecie tudo o que seu corpo pode fazer e os prazeres que lhe proporciona. No lugar da autodepreciação, contextualize sua trajetória. Em vez de ficar empacada em algo como “detesto minhas estrias”, relembre por que elas fazem parte da sua história. Se são resultado de gestações, o que está por trás das cicatrizes é pura felicidade.
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03/02 - Butantan entrega 1,8 milhão de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde para vacinação de crianças no país
Entrega foi realizada nesta sexta-feira (3). Ao todo, Instituto já forneceu 4,5 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunizações desde que a Anvisa aprovou o uso de CoronaVac no público de 3 e 4 anos, em julho de 2022. Caminhão chegando ao Instituto Butantan para retirar lotes de vacinas que serão entregues ao Ministério da Saúde Divulgação/Instituto Butantan O Instituto Butantan realizou na manhã desta sexta-feira (3) a entrega de 1.895.600 doses de CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, para a vacinação de crianças de 3 e 4 anos contra a Covid-19 no país. As doses foram produzidas com o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) importado da farmacêutica chinesa Sinovac no final de agosto do último ano. Funcionário em meio a lotes de CoronaVac que serão entregues ao Ministério da Saúde Divulgação/Instituto Butantan Ao todo, o Butantan já forneceu 4,5 milhões de doses para a vacinação pediátrica no Brasil desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial do imunizante CoronaVac no público de 3 anos a 4 anos e 11 meses, em julho de 2022. As entregas ocorreram em quatro etapas: em setembro e novembro do último ano, no início de janeiro de 2023 e nesta sexta-feira. De acordo com o Instituto, para imunizar contra Covid-19 todas as crianças do país na faixa etária liberada, com as duas doses previstas no esquema vacinal de CoronaVac, serão necessárias aproximadamente 12 milhões de doses do imunizante.
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02/02 - Por que o sobrepeso na meia-idade afeta seu futuro
Risco de se tornar um idoso frágil duas décadas depois pode até dobrar Na coluna passada, citei duas pesquisas sobre a relação entre um padrão alimentar saudável e a diminuição do risco de morte prematura. Hoje, avanço na questão abordando um outro aspecto: trabalho divulgado na revista científica “BMJ Open” aponta que, após os 45 anos, o aumento de peso é um indicador de futuros problemas de saúde. De acordo com cientistas noruegueses, pessoas com sobrepeso (ou obesidade) na meia-idade têm chance maior de se tornaram idosos frágeis 21 anos depois. Sobrepeso e obesidade aumentam o risco de a pessoa se tornar um idoso frágil duas décadas depois Tumisu para Pixabay O conceito de fragilidade, criado pela médica norte-americana Linda Fried, lista um conjunto de características que sugerem um potencial declínio progressivo. Entre os marcadores que mostram a redução na capacidade de desempenho estão perda de peso não intencional; diminuição da força de preensão palmar; desaceleração da velocidade de marcha em segundos; queixas de exaustão; baixo nível de atividade física. Indivíduos com três ou mais critérios presentes são considerados frágeis; aqueles com um ou dois critérios são classificados como pré-frágeis e os que não apresentam nenhuma das alterações são robustos. Apesar de o emagrecimento involuntário indicar um estado de pré-fragilidade, novas pesquisas passaram a considerar a relevância do excesso de peso como fator que interfere no equilíbrio do organismo, principalmente pelo risco aumentado de quedas, hospitalizações e complicações decorrentes de uma internação. O estudo acompanhou 4.500 pessoas, acima dos 45 anos, entre 1994 e 2016. Anualmente, eram registrados seu peso, altura e circunferência da cintura, para estimar a gordura abdominal. A análise mostrou que quem apresentava um quadro de obesidade tinha 2.5 vezes mais chances de estar frágil ou pré-frágil duas décadas depois. No caso de sobrepeso, o risco era duas vezes maior. Outro trabalho, realizado por cientistas da McGill University (Canadá) e publicado dia 31 de janeiro no “Journal of Alzheimer´s Disease”, mapeou aspectos de neurodegeneração associados à obesidade que mimetizam a Doença de Alzheimer. Estudos anteriores já relacionavam a obesidade a alterações compatíveis com o Alzheimer, como danos cerebrovasculares e acumulação de proteína beta-amiloide. Desta vez, utilizando amostras de 1.300 indivíduos, os pesquisadores compararam padrões de atrofia da matéria cinzenta do cérebro em pacientes obesos e portadores de Alzheimer, descobrindo que o afilamento cortical do cérebro era similar nas duas condições. “Nosso estudo reforça outros achados da literatura médica que apontam a obesidade como fator significativo para o surgimento da Doença de Alzheimer, sendo o afilamento cortical um desses riscos. É da maior importância combater o sobrepeso e a obesidade de pacientes na meia-idade, para diminuir as chances de demência”, afirmou Filip Morys, PhD da universidade.
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31/01 - Pesquisa da Unicamp encontra resíduos de agrotóxicos em papinhas industrializadas para bebês
Ao todo, 21 substâncias foram localizadas em 50 amostras analisadas pela pesquisadora. 'Baixíssima quantidade' está dentro do permitido pela legislação europeia. Pesquisa da Unicamp encontra resíduos de pesticidas em papinhas de bebê Uma pesquisa da Unicamp encontrou 21 resíduos de agrotóxicos em 50 amostras de papinhas industrializadas para alimentação de bebês. O estudo apontou que a quantidade localizada é baixa e inferior aos patamares permitidos na Europa. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Realizado em Campinas e na Espanha, o estudo da engenheira de alimentos Rafaela Prata foi publicado na revista Food Control no final do ano passado. Ao todo, ela encontrou resíduos das substâncias tóxicas em 67% das 50 amostras analisadas. "O que a gente encontrou é que em 67% das amostras analisadas, a gente detectou a presença de pesticidas. Apesar de ser um número bastante alto, assusta um pouco, mas foram encontradas em baixíssimas concentrações". Rafaela Prata, pesquisadora da Unicamp, analisa amostra de papinha de bebê Wesley Justino/EPTV Como o Brasil não regulamenta especificamente a quantidade tolerável de fungicidas, herbicidas e pesticidas em papinhas, a pesquisadora utilizou a legislação europeia, existente desde 2006. "Na Europa, a legislação que a gente se baseou existe desde 2006, então a gente [Brasil] estaria um pouquinho atrasado". Regulamentação no Brasil Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, a legislação sobre os limites máximos de resíduos (LMR) utiliza como base as determinações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Nas fiscalizações efetuadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária no âmbito do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal) é verificado se os produtos atendem ou não a esses limites". A pasta defende que, pelos resultados, em média 90% dos produtos comercializados atendem aos limites. Especialista em direito médico, Gabriela Rodrigues afirma que a legislação vigente é rígida, mas precisa ser atualizada. "Existe uma legislação rígida sobre a quantidade de agrotóxicos encontrados em qualquer alimento, e existe uma portaria do Ministério da Saúde falando sobre papinha de neném. Só que ela não regulamenta a quantidade de agrotóxico, ela diz que tem que ter a quantidade prevista na legislação para cada alimento". "As normas existentes são seguras, mas o país ainda tem que se desenvolver. Mas, atualmente, as crianças, como toda a população, estão respaldadas para o consumo de qualquer alimento", completa a especialista. Papinha de bebê analisada por pesquisadora da Unicamp Wesley Justino/EPTV VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
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31/01 - Comer é o melhor remédio, mas isso não inclui fast food
Novos trabalhos reforçam a importância de uma boa alimentação para a longevidade No começo do mês, pesquisadores da faculdade de medicina de Harvard divulgaram estudo que reforça a relação entre um padrão alimentar saudável e a diminuição do risco de morte prematura. Os cientistas constataram que as pessoas que seguiam uma dieta balanceada apresentavam menores chances de morrer de câncer e doenças respiratórias ou cardiovasculares em comparação com as que comiam mal. O trabalho foi publicado no “JAMA Internal Medicine”. Consumo de fast food: associado ao risco de doença hepática gordurosa não alcoólica, que pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado Daniel Reche para Pixabay Foram utilizados dados, coletados durante 36 anos, de 75 mil mulheres e 44 mil homens. No início do levantamento, nenhum dos participantes havia sido diagnosticado com as doenças citadas e todos preenchiam um questionário sobre seus hábitos alimentares a cada quatro anos. Os resultados foram compatíveis com as recomendações das Diretrizes Dietéticas para Americanos, que aprovam diferentes dietas (como a mediterrânea ou à base de plantas) – dando prioridade às refeições que incluam grãos, legumes, verduras e frutas. A necessidade de optar por comidas saudáveis é endossada por outra pesquisa, recém-publicada na revista científica “Clinical Gastroenterology and Hepatology”, que mostrou que o consumo de fast food – também responsável pelo crescimento do número de casos de diabetes e obesidade – está associado a um quadro de doença hepática gordurosa não alcoólica, que pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado. Os pesquisadores avaliaram 4 mil adultos: aqueles cujo consumo de fast food excedia 20% das calorias ingeridas diariamente tinham níveis elevados de gordura em seus fígados. No entanto, não é apenas o fígado que sofre as consequências do fast food, com altos teores de açúcar e sal, onde sobram calorias e faltam nutrientes. Uma lata de refrigerante do tipo cola contém o equivalente a dez colheres de chá de açúcar, sem qualquer valor nutricional. Na digestão, a quebra dos carboidratos libera glicose e o resultado é o aumento da taxa de açúcar no sangue. O pâncreas então produz insulina, que transporta a glicose para as células. Entretanto, se os níveis se mantiverem sempre altos, o equilíbrio pode ser romper, levando ao diabetes tipo 2. O excesso de sal é um vilão para a pressão sanguínea. Outro componente comum é a gordura trans, que aumenta o LDL (o mau colesterol) e o risco de diabetes e doença cardiovascular. Para o sistema respiratório, a equação é simples: calorias em abundância causam ganho de peso e os quilos extras sobrecarregam coração e pulmões, tornando penosas atividades simples como andar, subir escadas ou fazer exercícios.
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29/01 - The Last of Us: é possível que uma pandemia de fungos crie zumbis na vida real?
Os fungos do gênero Cordyceps, retratados na série, existem de verdade. E, na vida real, eles de fato transformam suas vítimas em 'zumbis'. A serie The Last of Us imagina como seria uma contaminação por fungos Cordyceps em humanos DIVULGAÇÃO/HBO/WARNER MEDIA/LIANE HENTSCHER A nova série The Last of US, da HBO, apresenta um cenário pós-apocalíptico em que há milhares de pessoas transformadas em zumbis após uma infecção por um fungo se tornar uma pandemia. A série foi a segunda maior estreia deste ano da plataforma HBO MAX e o terceiro episódio fica disponível neste domingo (28). O cenário pode ser fantasioso, mas o tipo de fungo representado na série existe de verdade. São fungos dos gêneros Cordyceps e Ophiocordyceps e na vida real eles realmente transformam suas vítimas em zumbis. Os esporos deste tipo de fungo entram no corpo da vítima, onde o fungo cresce e começa a sequestrar a mente de seu hospedeiro até que ele perca o controle e seja compelido a subir para um terreno mais alto. O fungo parasita devora sua vítima por dentro, extraindo até o último nutriente, enquanto se prepara para seu grande ato final. Então - em uma cena mais perturbadora do que o filme de terror mais assustador - um tentáculo de morte irrompe da cabeça. Este corpo do fungo espalha esporos em tudo ao seu redor - condenando outras vítimas ao mesmo destino se estiverem próximas para serem infectadas. Para nossa sorte, os fungos deste gênero são capazes de contaminar apenas formigas - e somente algumas espécies. Outros fungos similares contaminam outras espécies de inseto, de maneira parecida. Este documentário da BBC (em inglês) mostra uma formiga contaminada pelo fungo. Estalador da série de 'The Last of Us' Reprodução/YouTube/HBO Max Brasil O funcionamento desses fungos parasitas inspirou o jogo de videogame The Last of US, no qual a série da HBO foi baseada. Assista ao trailer da série 'The Last of Us' Na trama dessas obras de ficção, fungos Cordyceps passam a se tornar capazes de infectar humanos e causam uma pandemia capaz de levar ao colapso da sociedade. Mas no mundo real, uma pandemia de Cordyceps - ou causada por outro fungo - é algo que realmente poderia acontecer? "Acho que subestimamos as infecções fúngicas por nossa conta e risco", diz o médico Neil Stone, principal especialista em fungos do Hospital de Doenças Tropicais de Londres. "Já fizemos isso por muito tempo e estamos completamente despreparados para lidar com uma pandemia fúngica." Lista de fungos perigosos para humanos No final de outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira lista de fungos com maior risco para a saúde pública. Os fungos da lista são realmente ameaçadores, mas - pra nosso alívio - não existe na lista nenhum capaz de transformar humanos em zumbis. Por que não? A microbióloga Charissa de Bekker, da Universidade de Utrecht, no Reino Unido, estuda como os fungos Cordyceps zumbificam as formigas e diz que não vê como isso poderia acontecer com pessoas. "A nossa temperatura corporal é simplesmente muito alta para a maioria dos fungos, incluindo o Cordyceps", explica. "O sistema nervoso deles é mais simples do que o nosso, então é muito mais fácil sequestrar o cérebro de um inseto do que o complexo cérebro humano." Uma lagarta consumida por um fungo parasita - as protuberâncias liberam esporos Getty Images via BBC Além disso, explica ela, os sistemas imunológicos deles são muito diferentes dos nossos, o que também dificultaria esse "sequestro". A maior parte das espécies parasitas de Cordyceps evoluiu ao longo de milhares de anos para se especializar em infectar apenas uma espécie de inseto. A maioria não pula de um inseto para o outro. "Para esse fungo ser capaz de ir de um inseto para nós e conseguir nos infectar da mesma forma, é uma distância muito grande", diz Bekker. Ameaças mortais No entanto, a ameaça de uma pandemia fúngica é muito real, embora tenha sido subestimada por um longo tempo. "As pessoas pensam em fungos como algo trivial, superficial ou sem importância", diz o médico Neil Stone. Apenas algumas das milhões de espécies de fungos causam doenças em seres humanos. No entanto, algumas dessas podem ser muito piores do que uma unha infectada ou uma frieira. Pedro Pascal e Bella Ramsey em 'The Last of Us' Divulgação Os fungos matam cerca de 1,7 milhão de pessoas por ano - cerca de três vezes mais que a malária. A OMS identificou 19 fungos diferentes que considera preocupantes. Os mais graves são a Candida auris, o Cryptococcus neoformans e o Mucormycetes - que come nossa carne tão rapidamente que leva a graves lesões faciais. A ameaça global da cândida auris A Candida auris é uma levedura - e libera o mesmo cheiro de fermentação de uma cervejaria ou de uma massa de pão. Mas, diferentemente das leveduras benéficas que usamos para a comida, a Candida auris é um parasita terrível. Ela contamina o sangue, o sistema nervoso e os órgãos internos. A OMS estima que metade das pessoas infectadas por Candida auris morrem. Neil Stone afirma que a Candida auris deve ser nossa principal preocupação JAMES GALLAGHER via BBC O primeiro caso documentado foi no ouvido de um paciente do Hospital Geriátrico Metropolitano de Tóquio em 2009, e desde então o fungo tem se espalhado pelo mundo. A Candida auris é muito difícil de ser combatida - algumas cepas são resistentes a todos os medicamentos antifúngicos que temos. Por isso muitas vezes ela é chamada de "superfungo". A transmissão ocorre principalmente através de superfícies contaminadas em hospitais - é um fungo realmente difícil de limpar completamente. Muitas vezes, a solução é fechar alas inteiras de hospitais, algo que já aconteceu no Reino Unidos. Neil Stone diz que a Candida auris é o tipo de fungo mais preocupante e que não podemos ignorá-lo, pois uma pandemia causada por ele poderia levar ao colapso dos sistemas de saúde. Fungo mortal Outro fungo mortal - o Cryptococcus neoformans - é capaz de entrar no sistema nervoso das pessoas e causar uma meningite devastadora. Os britânicos Sid e Ellie tiveram contato com a doença nos primeiros dias de sua lua de mel na Costa Rica. Elle começou a passar mal e seus sintomas iniciais - dores de cabeça e náuseas - foram atribuídos ao excesso de sol. Mas depois ela começou a ter espasmos e convulsões fortíssimas. "Nunca vi algo pior, me senti tão impotente", diz Sid à BBC. Exames feitos mostraram inflamação em seu cérebro e identificaram o Cryptococcus como a causa. Felizmente, Ellie respondeu ao tratamento e saiu do coma após 12 dias em respirador. "Só me lembro de gritar", diz ela, que tinha delírios quando estava infectada. Agora ela está se recuperando bem. Ellie diz que "nunca" pensou que um fungo pudesse fazer isso com uma pessoa. "Você não acha que vai quase morrer na sua lua de mel." Fungo negro Outra ameaça à saúde pública é o Mucormycetes, também conhecido como fungo negro. Ele causa uma doença gravíssima chamada mucormicose, que normalmente atinge pessoas com o sistema imunológico comprometido. Ele se reproduz tão rapidamente que, se estiver sendo cultivado em laboratório, é capaz de fazer a tampa da placa petri pular. "Quando deixa um pedaço de fruta estragar e no dia seguinte ela virou uma papa, é porque havia um fungo mucormycetes dentro dela", diz a médica Rebecca Gorton, cientista do HSL, o laboratório de serviços de saúde em Londres. Ela diz que a infecção é rara em humanos, mas pode ser realmente grave quando acontece. O fungo ataca o rosto, os olhos e o cérebro e pode ser fatal ou deixar as pessoas gravemente desfiguradas. Uma infecção se espalha tão rapidamente no corpo quanto nas frutas ou no laboratório, afirma Gorton. Durante a pandemia de covid, houve uma explosão de casos de fungo negro na Índia. Mais de 4.000 pessoas morreram. Acredita-se que o enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas e os altos níveis de diabetes no país ajudaram na proliferação do fungo. Cerca de 30 casos de contaminação por mucormicose foram registrados no Brasil em 2021, durante a pandemia de covid. Devemos levar os fungos mais a sério? Os fungos geram infecções muito diferentes das provocadas por bactérias ou vírus. Quando um fungo nos deixa doentes, ele quase sempre é captado do ambiente, em vez de se espalhar por meio de tosses e espirros. Estamos todos expostos a fungos o tempo todo, mas eles geralmente precisam de um sistema imunológico enfraquecido para conseguirem se desenvolver. Stone diz que uma pandemia fúngica provavelmente seria muito diferente da pandemia de covid - tanto na forma como se espalha quanto no tipo de pessoa que infecta. Ele acha que a ameaça existe por causa "do volume de fungos que existem no meio ambiente" e por causa de "mudanças climáticas, viagens internacionais, número crescente de casos e do profundo descaso que temos em termos de tratamentos". Esta reportagem foi originalmente publicada em - https://www.bbc.com/portuguese/geral-64442967
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29/01 - Parabéns pelos 100 anos!
Centenários deveriam receber homenagens especiais no dia do seu aniversário No Reino Unido, o cargo de monarca agora é de Charles III, mas um compromisso assumido pela rainha Elizabeth II, em sete décadas de reinado, se mantém inalterado: quem chega aos 100 recebe uma mensagem de congratulação pela data. Há inclusive um “Escritório de Aniversários”, que funciona no Palácio de Buckingham, dedicado ao assunto. As regras são claras: tem direito à cartinha quem completa 100 e 105 anos. Depois dos 105, a pessoa alcança um status especial e é agraciada com o mimo até o fim da vida. Chegar aos 100: marca de longevidade deveria render homenagens Rostislav Uzunov para Pixabay Quem é pensionista e mora no Reino Unido não precisa sequer fazer o pedido para ser lembrado, porque o sistema se encarrega de tudo. No entanto, mesmo quem não se enquadra nesse perfil pode requisitar a mensagem do rei (e da rainha consorte) escrevendo para o escritório, o que inclui habitantes de Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Casais que festejam 60, 65 e 70 anos de casamento também são presenteados – depois do 70º. aniversário de bodas, anualmente. De acordo com a Organização das Nações Unidas, há 400 mil centenários no mundo. Os Estados Unidos reúnem o maior número deles: quase 100 mil, embora o Japão seja o país com o maior percentual da população na faixa etária acima dos 100. No Brasil, a estimativa é de cerca de 25 mil. Se a pessoa chega aos 110 anos, torna-se um supercentenário. No estado norte-americano de Oklahoma, um grupo de voluntários se desloca para as cidades dos aniversariantes para garantir que ninguém chegue aos 100 sem a devida comemoração. Criada em 1991, a Centenarians of Oklahoma prestou homenagens a mais de 2.700 idosos. A presidente da entidade é Gloria Helmuth, que ainda está longe da marca mas, aos 82 anos, já participou de centenas de tributos. O presente consiste em biografia, certificado e pin. Quando um centenário morre, os voluntários encaminham seus dados biográficos para a biblioteca da universidade estadual. A organização vem colecionando conselhos que eles dão sobre longevidade. Há desde frases como “trabalhe duro e economize” a tiradas filosóficas, como “não se preocupe com o que você não pode mudar”. Eu proponho que façamos o mesmo com os bravos guerreiros e guerreiras que alcancem esse marco!
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25/01 - As estratégias que prometem ajudar a ter 'força de vontade infinita'
Muitas pessoas acreditam que a força de vontade é fixa e finita. Mas podemos fazê-la crescer com a ajuda de diversas estratégias poderosas. Muitas pessoas acreditam que a força de vontade é fixa e finita. Mas podemos fazê-la crescer com a ajuda de diversas estratégias poderosas Getty Images Todos nós enfrentamos dias difíceis que parecem surgir para testar o nosso autocontrole. Digamos que você seja um barista, por exemplo, e alguns de seus clientes são particularmente grosseiros e exigentes, mas você consegue manter a elegância ao atendê-los. Ou você pode estar terminando um projeto importante e precisa ficar concentrado em silêncio, sem desviar sua atenção e sem distrações. Se você estiver de dieta, talvez você tenha passado as últimas horas resistindo ao pote de biscoitos. Em cada um desses casos, você fez uso da sua força de vontade - a capacidade de evitar tentações de curto prazo e ignorar pensamentos, impulsos ou sentimentos indesejados, como definem os psicólogos. Aparentemente, algumas pessoas têm reservas de força de vontade muito maiores do que outras. Elas têm mais facilidade de controlar suas emoções, evitar a procrastinação e permanecer fiéis aos seus objetivos, sempre parecendo controlar com mão de ferro o seu comportamento. De fato, talvez você conheça alguns sortudos que, depois de um dia de trabalho duro, ainda encontram motivação para fazer algo produtivo, como exercícios físicos. Nossas reservas de autocontrole e concentração mental são aparentemente moldadas pela mentalidade. E estudos recentes sugerem estratégias poderosas para que qualquer pessoa consiga aumentar sua força de vontade, com imensos benefícios para a produtividade, saúde e felicidade. Leia também Estudo aponta que núcleo da Terra 'freou' e pode afetar duração dos dias, nível do mar e temperatura global; entenda Oscar 2023 anuncia indicados: 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' lidera com 11 indicações Esvaziar o ego Até pouco tempo atrás, a teoria psicológica predominante afirmava que a força de vontade seria como uma espécie de bateria. Você pode começar o dia com carga total, mas, sempre que precisa controlar seus pensamentos, comportamentos ou sentimentos, você gasta um pouco da energia daquela bateria. Sem a possibilidade de descansar e recarregar, esses recursos ficam perigosamente baixos, dificultando muito manter sua paciência, concentração e resistência às tentações. Testes de laboratório aparentemente forneceram provas deste processo. Depois de pedir aos participantes que resistissem à tentação de comer biscoitos mantidos sobre uma mesa, por exemplo, eles exibiam menos persistência para resolver um problema matemático, pois suas reservas de força de vontade haviam se esgotado. Partindo do termo freudiano que designa a parte da mente que é responsável por controlar nossos impulsos, este processo é conhecido como "esgotamento do ego". As pessoas com forte autocontrole podem ter maiores reservas iniciais de força de vontade, mas até elas acabam se esgotando quando colocadas sob pressão. Mas, em 2010, a psicóloga Veronika Job publicou um estudo questionando as bases desta teoria. Ela apresentou evidências fascinantes de que o esgotamento do ego depende das crenças subjacentes das pessoas. Job é professora de psicologia da motivação da Universidade de Viena, na Áustria. Ela começou o estudo elaborando um questionário para que os participantes avaliassem uma série de afirmações, seguindo uma escala de 1 (concordo totalmente) a 6 (discordo totalmente). As questões incluíram: • Quando as situações que desafiam você com tentações se acumulam, fica cada vez mais difícil resistir a essas tentações. • A atividade mental intensa esgota os seus recursos e você precisa reabastecer-se em seguida. • Quando você acaba de resistir a uma forte tentação, você se sente fortalecido e pode suportar novas tentações. • Sua resistência mental alimenta a si própria. Mesmo depois de um esforço mental extenuante, você consegue continuar fazendo mais. Se você se identifica mais com as duas primeiras afirmações, considera-se que você tem uma visão "limitada" da força de vontade. Mas, se você concorda mais com as duas últimas afirmações, sua visão da força de vontade é considerada "ilimitada". Em seguida, Job forneceu aos participantes do estudo alguns testes padrão de laboratório para examinar sua concentração mental, considerando que a concentração depende das nossas reservas de força de vontade. Job concluiu que o desempenho das pessoas com mentalidade limitada costuma ser exatamente igual ao que seria previsto pela teoria do esgotamento do ego. Depois de realizarem uma tarefa que exigia intensa concentração (como a correção trabalhosa de um texto maçante), elas acharam muito mais difícil prestar atenção em uma atividade subsequente do que se tivessem descansado antes. Já as pessoas com visão ilimitada não demonstravam sinais de esgotamento do ego. Elas não exibiam declínio da sua concentração mental depois de realizarem uma atividade mentalmente exaustiva. Aparentemente, a mentalidade dos participantes do estudo sobre a força de vontade era uma profecia autorrealizável. Se eles acreditassem que sua força de vontade se esgotava facilmente, sua capacidade de resistir a tentações e distrações se dissolvia com rapidez. Mas, se eles acreditassem que "a resistência mental se autoalimenta", era exatamente o que acontecia. Job rapidamente reproduziu estes resultados em outros contextos. Trabalhando em conjunto com Krishna Savani, da Universidade Tecnológica Nanyang, em Singapura, ela demonstrou que as crenças sobre a força de vontade aparentemente variam de um país para outro. Eles concluíram que a mentalidade ilimitada é mais comum entre estudantes indianos do que nos Estados Unidos, o que foi refletido em exames da resistência mental. Nos últimos anos, alguns cientistas questionaram a confiabilidade dos testes de laboratório de esgotamento do ego. Mas Job também demonstrou que a mentalidade das pessoas sobre a força de vontade apresenta relação com muitos cenários da vida real. Ela pediu a estudantes universitários que preenchessem questionários sobre suas atividades, duas vezes por dia, ao longo de dois períodos semanais não consecutivos. E, como se poderia esperar, alguns dias eram muito mais difíceis do que outros, gerando sentimentos de exaustão. A maioria dos participantes recuperava-se até certo ponto durante a noite, mas os que tinham mentalidade ilimitada realmente verificavam aumento da sua produtividade no dia seguinte, como se tivessem sido energizados pelo aumento da pressão. Novamente, parece que sua crença de que "a resistência mental alimenta a si própria" havia se tornado sua realidade. Outros estudos demonstraram que a mentalidade sobre a força de vontade pode prever os níveis de procrastinação dos estudantes antes dos exames e suas notas finais. Os participantes com visão ilimitada desperdiçavam menos tempo. E, ao enfrentar a alta pressão das suas aulas, os estudantes com visão ilimitada também apresentaram melhor capacidade de manter o autocontrole em outras áreas da vida. Eles demonstravam menos propensão a comer bobagens ou gastar por impulso, por exemplo. Já os que acreditavam que sua força de vontade se esgotava facilmente com seu trabalho eram mais propensos a cometer esses vícios, talvez porque sentissem que suas reservas de autocontrole já haviam sido esgotadas pelo trabalho acadêmico. A influência da mentalidade sobre a força de vontade também pode estender-se a muitos domínios, como os exercícios físicos. Navin Kaushal, professor de ciências da saúde da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e seus colegas demonstraram que a mentalidade pode influenciar os hábitos de exercícios das pessoas. Aquelas que têm crenças ilimitadas sobre a força de vontade, por exemplo, têm mais facilidade de reunir a motivação para exercitar-se. E um estudo da professora de psicologia Zoë Francis, da Universidade de Fraser Valley, no Canadá, chegou a resultados surpreendentemente similares. Depois de acompanhar mais de 300 participantes ao longo de três semanas, ela concluiu que pessoas com mentalidade ilimitada apresentam maior disposição para exercitar-se e menos propensão a comer bobagens do que as pessoas com mentalidade limitada. É algo revelador que essas diferenças sejam particularmente pronunciadas à noite, quando as exigências das tarefas diárias começaram a cobrar a conta daqueles que acreditam que seu autocontrole pode esgotar-se facilmente. Como aumentar a força de vontade Se você já tiver mentalidade ilimitada sobre a força de vontade, estas conclusões podem deixar você satisfeito. Mas o que podemos fazer se vivemos acreditando que nossas reservas de autocontrole se esgotam facilmente? Os estudos de Job indicam que simplesmente aprender sobre estes estudos científicos de ponta, lendo textos curtos e acessíveis, pode ajudar a mudar a crença das pessoas, pelo menos no curto prazo. Aparentemente, conhecimento é poder. Se isso for verdade, a simples leitura desta reportagem pode já ter começado a fortalecer sua resistência mental. Você pode acelerar este processo contando a outras pessoas o que você aprendeu. Pesquisas indicam que compartilhar informações ajuda a consolidar a nossa própria mudança de mentalidade. Este fenômeno é conhecido como o efeito "falar é acreditar" e também ajuda a disseminar o comportamento positivo entre as pessoas. As lições sobre a natureza ilimitada da força de vontade podem ser aprendidas desde a infância. Pesquisadores da Universidade Stanford e da Universidade da Pensilvânia, ambas nos Estados Unidos, elaboraram recentemente um livro infantil para ensinar às crianças em idade pré-escolar a ideia de que exercitar a força de vontade pode ser energizante, e não exaustivo, e que o autocontrole pode aumentar quanto mais o praticarmos. As crianças que ouviram a história demonstraram maior autocontrole em um teste de "gratificação postergada" que foi aplicado em seguida, em comparação com seus colegas que haviam ouvido uma história diferente. O teste ofereceu a elas a possibilidade de dispensar um pequeno presente no momento para receber um brinde maior posteriormente. Uma estratégia útil para mudar sua mentalidade pode ser relembrar uma ocasião em que você trabalhou em uma tarefa mentalmente desgastante pelo puro prazer da atividade. Pode ter sido uma tarefa no trabalho, por exemplo, que outras pessoas aparentemente achavam difícil, mas que você achou gratificante. Ou, talvez, um hobby, como aprender uma nova música no piano, que exige intensa concentração, mas parece simples para você. Um estudo recente concluiu que praticar este tipo de recordação altera naturalmente as crenças das pessoas em direção à mentalidade ilimitada, já que elas conseguem ver provas da sua própria resistência mental. Para obter mais evidências, você pode começar com pequenos testes de autocontrole que tragam uma mudança desejada na sua vida - como evitar comer bobagens por duas semanas, afastar-se das redes sociais durante o trabalho ou demonstrar mais paciência com um ente querido irritante, por exemplo. Depois de provar a si próprio que a sua força de vontade pode aumentar, pode ficar mais fácil resistir a outros tipos de tentação ou distrações. Você não pode esperar que aconteça um milagre imediatamente. Mas, com perseverança, você deve observar sua mudança de mentalidade e, com ela, o aumento da capacidade de controlar seus pensamentos, sensações e comportamento. Assim, suas ações irão impulsionar você rumo aos seus objetivos. * David Robson é escritor de ciências e autor do livro O efeito da expectativa: como o seu pensamento pode transformar sua vida (em tradução livre do inglês), publicado no Reino Unido pela editora Canongate e, nos EUA, pela Henry Holt. Sua conta no Twitter é @d_a_robson. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.
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17/01 - Foco no paciente reduz o risco de readmissão hospitalar
Cuidados devem levar em conta as características de cada pessoa e sua vulnerabilidade social No fim de dezembro, “The New England Journal of Medicine” publicou um amplo material sobre as medidas a serem tomadas para diminuir as chances de um paciente voltar a ser internado depois de receber alta, a chamada readmissão hospitalar. A “receita” não é difícil de adivinhar: é preciso levar em conta todas as características da pessoa, incluindo uma avaliação da sua vulnerabilidade social, em vez de utilizar uma mesma métrica para todos. Foco no paciente reduz o risco de readmissão hospitalar depois da alta Fernando Zhiminaicela para Pixabay A Corewell Health, rede que reúne 22 hospitais nos Estados Unidos, mapeou que pacientes apresentavam mais probabilidades de enfrentar dificuldades de recuperação; em seguida, criou um plano customizado, de acordo com as necessidades de cada um. Para o grupo considerado vulnerável, foi montado um suporte de transição com a duração de um mês depois da alta. Além da abordagem interdisciplinar, com profissionais de diversas áreas, o trabalho não se limitava aos desafios clínicos: as intervenções abrangiam questões como os determinantes sociais de saúde (por exemplo, as condições da moradia). O resultado da experiência, que se estendeu por 20 meses, não poderia ser diferente: recuperação mais rápida das pessoas e custos menores para o sistema que conseguiu evitar a reinternação. O que me leva a citar um outro estudo sobre o papel dos hospitais para reduzir a desigualdade na saúde, caso passem a avaliar os pacientes levando em conta suas necessidades sociais, como insegurança alimentar, precariedade de moradia, falta de acesso a transporte, incapacidade de pagar contas básicas e exposição à violência. Para mudar a situação, os Estados Unidos vão adotar três medidas para produzir uma visão mais abrangente do paciente. A primeira entra em vigor este ano e estabelece o compromisso dos hospitais em cinco frentes: eleger a igualdade na saúde como prioridade estratégica; levantar as informações sociodemográficas dos pacientes; analisar o material; adotar medidas focadas em sanar disparidades na saúde; e, para fechar, exigir o comprometimento das lideranças nesse esforço. A segunda e terceira etapas serão consequências: a obrigatoriedade de os hospitais relatarem a porcentagem de adultos que foram beneficiados por essa abordagem e quantos se enquadravam num perfil vulnerável. Com certeza será preciso padronizar as ferramentas de medição, qualificar a mão de obra das instituições para que o projeto dê certo e azeitar o compartilhamento dos dados para ajustes nas políticas públicas. Torço para que funcione, embora os investimentos necessários possam se tornar um grande desafio. O blog entra num breve recesso e a coluna voltará a ser publicada no dia 29.
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15/01 - Terapia celular e genética, um mercado estimado em R$ 300 bi
O desafio é democratizar o acesso de todos a essa nova fronteira da saúde, para que não se torne território exclusivo de milionários A física reinou absoluta no século XX, em aviões e computadores, mas agora a revolução científica acontece numa nova fronteira: a da biologia. A terapia celular e genética é a menina dos olhos da indústria farmacêutica, um segmento que valia US$ 7 bilhões em 2021 e que deve alcançar US$ 58 bi em 2026 (mais de R$ 300 bilhões). Nesse ecossistema – com o qual a maioria de nós tem intimidade zero – é possível, através da terapia gênica, introduzir, substituir ou remover genes de células, ajudando no tratamento de doenças até então incuráveis. Ou optar por terapias de RNA, que não causam mudanças permanentes no DNA: como acontece na vacina contra a Covid desenvolvida pela Pfizer, o RNA mensageiro transporta uma cópia de instruções genéticas com “orientações” que são utilizadas na produção de proteínas que vão atuar no combate à enfermidade. Pesquisadora em laboratório: mercado da terapia celular e genética é estimado em 300 bilhões de reais Michal Jarmoluk para Pixabay Um ótimo exemplo do que, há apenas uma década, seria visto como ficção científica é o de uma vacina que, simultaneamente, destrói tumores no cérebro e treina o sistema imunológico para impedir a recorrência da enfermidade. O trabalho, divulgado no começo do mês na revista “Science Translational Medicine”, é desenvolvido no Brigham and Women´s Hospital, da Harvard University. Os testes ainda estão sendo realizados em cobaias, com resultados promissores, avalia Khalid Shah, vice-diretor de pesquisas no Departamento de Neurocirurgia: “Estamos usando engenharia genética para reprogramar células cancerosas de forma que se tornem a própria vacina que vai combater o câncer e estimular o sistema imunológico para destruir tumores primários e prevenir a doença”. As empresas de biofármacos apostam num leque de aplicações terapêuticas e a área da oncologia é a que recebe o maior volume de investimentos, seguida pelas pesquisas envolvendo problemas no sistema nervoso central e a oftalmologia. A Anvisa já aprovou produtos de terapia gênica: o Zolgensma, usado para tratar crianças com atrofia muscular espinhal (ao custo de R$ 6.5 milhões, é conhecido como o remédio mais caro do mundo); o Luxturna, indicado para distrofias hereditárias da retina; e o Kymriah, para o câncer hematológico. Quando o mercado ganhar escala, são esperadas drogas para um número ampliado de distúrbios, inclusive aqueles que afetam uma parcela significativa da população, como altos índices de colesterol. No entanto, essa nova fronteira da ciência embute uma questão ética: esse território será exclusivo para milionários? A revista científica “The Lancet” lançou mês passado uma série de estudos alertando que racismo, xenofobia e discriminação são ameaças à saúde pública e devem ser objeto de mobilização mundial. De acordo com os cientistas, das doenças cardiovasculares à Covid-19, questões raciais e étnicas estão listadas como fatores de risco. Pior: a desigualdade tem criado distorções como se o produto de séculos de iniquidade fosse um aspecto genético e imutável. A série desafia isso, mostrando como privações socioeconômicas – e não características fisiológicas – são a causa de morbidades. Basta pensar numa penca de atributos que impactam a existência do ser humano: más condições de moradia, violência, poluição atmosférica, alimentação de má qualidade, falta de acesso a saúde, educação, espaços verdes, lazer...
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14/01 - Por que é tão boa a sensação de comer chocolate, segundo cientistas
Cientistas disseram que suas descobertas podem levar à criação de um chocolate mais saudável que é tão gostoso de comer quanto o tradicional. Imagem de uma pessoa comendo uma barra de chocolate Getty Images/Via BBC A razão pela qual é tão boa a sensação de comer chocolate foi identificada por pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Os cientistas analisaram o processo que ocorre quando comemos chocolate, com foco mais na textura do que no sabor. Fórmula do Sabor mostra o feitiço do chocolate e o poder da pimenta Eles afirmam que o local onde a gordura se localiza dentro do chocolate ajuda a torná-lo suave e agradável ao paladar. O líder do estudo, Siavash Soltanahmadi, espera que as descobertas levem ao desenvolvimento de uma "próxima geração" de chocolate mais saudável. Quando o chocolate é colocado na boca, a superfície dele libera uma película gordurosa que dá essa sensação característica. Mas os pesquisadores afirmam que a gordura mais profunda dentro do chocolate desempenha um papel mais limitado e, portanto, a quantidade ali pode ser reduzida sem que a sensação proporcionada pelo chocolate seja afetada. A professora Anwesha Sarkar, da Escola de Ciência Alimentar e Nutrição de Leeds, disse que é "a localização da gordura na composição do chocolate que importa em cada estágio da lubrificação, e isso raramente foi pesquisado". E Soltanahmadi disse: "Nossa pesquisa abre a possibilidade de que os fabricantes possam projetar de forma inteligente o chocolate amargo para reduzir o total de gordura". A equipe usou uma "superfície 3D semelhante a uma língua" artificial projetada na Universidade de Leeds para realizar o estudo e os pesquisadores esperam que o mesmo equipamento possa ser usado para investigar outros alimentos que mudam de textura, como sorvete, margarina e queijo. - Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64277147
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12/01 - Sobre álcool, Alzheimer e diabetes
Pesquisa recente mostra que quem vai parar na emergência de um hospital devido a um quadro de abuso de bebida tem mais chances de morrer em 12 meses Reuni três pesquisas sobre assuntos relevantes (e recorrentes) para a coluna, divulgadas ao longo do mês de dezembro, com informações que merecem ser compartilhadas. Começo pela que aponta a relação entre ferimentos causados pelo consumo excessivo de álcool e o aumento do risco de morte no ano seguinte. Publicado no “Journal of Studies on Alcohol and Drugs”, o trabalho mostra que indivíduos que buscam o setor de emergência de um hospital devido a um quadro de abuso de bebida – o leque vai de uma intoxicação a acidentes de carro, passando por quedas e brigas – têm cinco vezes mais chances de morrer num prazo de 12 meses do que o restante da população. Álcool: quem vai parar na emergência de um hospital devido a um quadro de abuso de bebida tem mais chances de morrer em 12 meses Michal Jarmoluk para Pixabay O levantamento se baseou em registros de dez milhões de atendimentos nas emergências do estado norte-americano da Califórnia. “De cada cem pacientes feridos que estavam intoxicados ou tinham problemas de uso abusivo de álcool, cinco morreram no ano seguinte. No resto da população, a proporção era de um para cem”, detalhou Sidra Goldman-Mellor, professor da University of California, Merced. Nos EUA, de 2019 para 2020, houve um aumento de 25,5% no número de pessoas com algum grau de dependência, e o número de mortes vem crescendo 2.2% por ano. Apesar de ser uma condição médica, as estatísticas revelam que menos de 10% recebem tratamento. Uma descoberta conjunta de cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e do Scripps Research avança para desvendar o motivo pelo qual as mulheres são mais sujeitas a desenvolver a Doença de Alzheimer: trata-se de uma proteína chamada componente C3 do sistema complemento, que atua nas respostas imunológicas do organismo. O problema é que, no cérebro de mulheres que morreram devido à enfermidade, foi encontrada uma forma modificada e prejudicial dessa proteína em níveis seis vezes acima do que estava presente nos cérebros de homens. O time também constatou que o estrogênio, hormônio cuja produção declina a partir da perimenopausa, protege o organismo da forma quimicamente alterada da C3, resultante de um processo denominado S-nitrosilação. Há décadas os cientistas sabem que os cérebros de indivíduos com Alzheimer apresentam um nível mais alto de proteínas complemento e outros marcadores de inflamação. Recentemente, estudos mostraram que tais proteínas são capazes de acionar as microglias, células do sistema nervoso central com função de proteção similar à dos glóbulos brancos, para destruir as sinapses – as conexões através das quais os neurônios enviam mensagens – provocando o declínio cognitivo. Agora se dá a constatação de que a S-nitrosilação da C3 aumenta quando o estrogênio cai. Dois terços dos pacientes portadores de Alzheimer são do sexo feminino e a chave pode estar nas mudanças que ocorrem na menopausa, o que só reforça a necessidade de a terapia de reposição hormonal ser discutida com menos preconceito por parte dos médicos. A boa notícia é o resultado de nova pesquisa sobre como o jejum intermitente pode reverter um quadro de diabetes tipo 2, de acordo com estudo publicado no “Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”. Durante três meses, um grupo de 36 participantes foi submetido a uma dieta de jejum intermitente: a pessoa só se alimenta numa determinada janela de tempo durante o dia, o que ajuda o corpo a queimar gordura. O resultado foi que 55% suspenderam a medicação e se mantiveram em remissão por pelo menos um ano. O trabalho desafia o conceito de que a remissão só ocorre naqueles que estão doentes há pouco tempo: 65% dos que se livraram dos remédios eram diabéticos há mais de seis anos.
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10/01 - Universidades para idosos: a nova missão chinesa
País tem 267 milhões acima dos 60 anos e a meta é, até 2025, que cada município ofereça pelo menos uma instituição voltada para esse público Sei que escrevi à beça sobre o Japão em dezembro, mas o que fazer se o Oriente tomou a dianteira em termos de boas ideias? Em pronunciamento no fim de 2022, o ministro da educação chinês anunciou o ambicioso plano de criar a Universidade Nacional para os Idosos. Na China há, atualmente, cerca de 267 milhões de cidadãos acima dos 60 anos, número que deve chegar a 400 milhões em 2035, o equivalente a 30% da população. Chinês idoso: até 2025, que cada município deverá oferecer pelo menos uma universidade voltada para esse público Doms para Pixabay Para um grande desafio, uma solução da mesma envergadura: até 2025, todo condado (que corresponde a nosso município) terá que oferecer pelo menos uma instituição nesses moldes para o público sênior. A importância do aprendizado contínuo foi tema de inúmeras colunas. Além de manter o cérebro afiado, possibilita que o idoso adquira novas habilidades que podem ser úteis para quem quer ou precisa se manter ativo profissionalmente. Também azeita as conexões sociais, um poderoso antídoto contra o isolamento e a solidão. A Universidade Nacional para os Idosos vai se fundir com a já existente Universidade Aberta da China, um sistema educacional que cobre as áreas urbana e rural e conta com mais de 3.700 centros. No currículo da nova iniciativa constarão, entre outros cursos, os de línguas estrangeiras, educação digital e computação, música, fotografia, dança, pintura e culinária. Para os especialistas, está claro que, com o envelhecimento da população, a atenção dispensada aos idosos não deve se restringir ao pagamento de aposentadorias e atendimento médico. A prioridade em navegar com desenvoltura no ambiente da internet ainda visa a proteger os mais velhos de fraudes. De acordo com o Comitê Nacional de Envelhecimento, a China dispõe de 76 mil universidades da terceira idade, com 14 milhões de alunos. O que para nós parece um número robusto, para eles se traduz em apenas 5% recebendo educação continuada. Como diriam Os Titãs: “a gente não quer só comida/a gente quer comida, diversão e arte/a gente não quer só comida/a gente quer saída para qualquer parte/você tem sede de quê?/você tem fome de quê?”. Todos temos que militar pela causa.
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08/01 - 'Sou psicopata': mulheres contam como é viver com o distúrbio
Psicopatia é uma condição que especialistas tratam como mal compreendida. A psicopatia é geralmente é associada aos homens, particularmente aos criminosos, e é muito pouco estudada nas mulheres SOMSARA RIELLY A psicopatia é uma condição que condena e fascina muitas pessoas, mas o estigma profundamente arraigado em volta dela indica que o distúrbio ainda é mal compreendido — especialmente quando afeta as mulheres. Victoria sabia que seu namorado tinha uma esposa, mas, depois de alguns anos, ela começou a suspeitar que ele tivesse outras amantes. Ela não tinha provas, mas a linguagem corporal do namorado o denunciava, segundo ela. Suas histórias não faziam sentido. Seu rosto parecia diferente quando ele mentia. "Acontece que tenho excelente memória quando se trata de conversas", ela conta. "Ele não sabia mentir bem. Não sei como a esposa dele nunca o desmascarou." Diversas formas de punição surgiam na mente de Victoria, até que ela se decidiu por uma delas. Levaria algum tempo e ela precisaria agir como se não soubesse de nada. Foi assim que, por vários meses, Victoria continuou a vê-lo, mas enviava fotos do seu namorado nu para a esposa dele. É possível mudar a mente de um psicopata? Perturbado, ele procurou Victoria, se perguntando quem poderia estar enviando essas fotos. Sua esposa estava arrasada. Ele confessou a Victoria que, de fato, estava dormindo com outras mulheres. E não suspeitou que era Victoria quem estava enviando as fotos. Quando Victoria se cansou de tudo e quis terminar o relacionamento, ela enviou à esposa do namorado uma coleção final de fotografias. Na última imagem, a própria Victoria aparecia junto ao homem. Com essa revelação explosiva, Victoria saiu da vida deles para sempre. Quando Victoria contava esta história para as pessoas, sua petulância as espantava. "Elas me perguntavam 'por que você fez isso com a esposa dele? O que a esposa dele fez para merecer isso? O que ela fez para magoar você?'", ela conta. "E eu pensava, 'bem, a vida é injusta'." Ela faz uma pausa. "Acho que este é um bom exemplo de uma característica psicopata extrema que eu costumava ter. Indiferença." Mulheres com psicopatia costumam exibir menor tendência à violência que os homens e mais manipulação interpessoal SOMSARA RIELLY A definição da psicopatia A psicopatia não é um diagnóstico oficial de saúde mental e não está presente na mais recente edição do Manual Estatístico e de Diagnóstico de Distúrbios Mentais. Ela está agrupada sob a classificação mais ampla de distúrbio da personalidade antissocial, embora a psicopatia seja amplamente usada em ambientes clínicos em todo o mundo. Ela é entendida como sendo um distúrbio neuropsiquiátrico, em que uma pessoa exibe níveis anormalmente baixos de empatia ou remorso, muitas vezes resultando em comportamento antissocial e, às vezes, criminoso. O termo foi usado por médicos europeus e americanos no início dos anos 1900 e tornou-se comum em 1941, após a publicação do livro The Mask of Sanity ("A máscara da sanidade", em tradução livre), do psiquiatra norte-americano Hervey M. Cleckley. "Os principais acadêmicos do mundo vêm debatendo a definição da psicopatia", segundo a psicóloga e neurocientista Abigail Marsh, da Universidade de Georgetown em Washington D.C., nos Estados Unidos. "Você terá explicações muito diferentes da psicopatia, se falar com um psicólogo forense ou criminologista." Marsh afirma que os psicólogos criminalistas tendem a classificar as pessoas como psicopatas somente se exibirem comportamento extremo e violento. Mas, para ela, a condição se apresenta na forma de espectro com outros comportamentos menos dramáticos, que podem variar de uma pessoa para outra. Os psicólogos e psiquiatras, de forma geral, concordam que uma ou duas a cada 100 pessoas, na população em geral, atendem ao critério de psicopatia. Mas Marsh afirma que até 30% das pessoas exibem algum grau de características psicopatas na população em geral. Para as pessoas com psicopatia, isso pode significar que elas têm dificuldades para manter amizades próximas e se colocam em situações de risco, mas a condição também é prejudicial para as pessoas à sua volta. Por que o mercado costuma empregar psicopatas em postos de chefia - e por que isso pode ser um erro "Muitas vezes, ter por perto uma pessoa insensível ou manipuladora é devastador e cansativo para as pessoas que vivem com alguém com psicopatia extrema", afirma Marsh. Ela afirma que a maioria dos estudos referentes às pessoas com psicopatia tem sido conduzida com criminosos. Alguns desses estudos indicam que os psicopatas — ou as pessoas que exibem características psicopatas— representam um número desproporcional de pessoas na prisão, embora existam controvérsias sobre sua real incidência. De forma geral, as pesquisas indicam que a incidência de psicopatia é maior entre os criminosos homens (representando talvez 15 a 25% dos prisioneiros) do que entre as mulheres (10 a 12%). Mas este ainda é um campo pouco estudado na população em geral e ainda menos pesquisas são realizadas com mulheres. As mulheres com psicopatia Embora diversos estudos indiquem que a incidência da psicopatia é maior entre os homens do que entre as mulheres, Marsh argumenta que isso pode se dever, em primeiro lugar, à forma em que os exames foram idealizados. "As escalas iniciais de psicopatia foram principalmente desenvolvidas e testadas na população prisional de homens na Columbia Britânica [no Canadá] por Bob Hare", afirma ela. O psicólogo canadense Robert Hare desenvolveu a Lista de Controle da Psicopatia (agora chamada PCL-R) nos anos 1970 e uma versão revisada é frequentemente considerada o padrão-ouro global para o teste de características psicopatas. Ela é agora a ferramenta de diagnóstico validada e mais frequentemente empregada para determinar a psicopatia. A PCL-R mede a escala de desconexão emocional que alguém pode ter, tal como sua disposição de manipular alguém até um resultado desejado, independentemente das consequências, bem como seu comportamento antissocial, como escolhas agressivas ou impulsivas que podem ser violentas ou envolver o abandono abrupto das responsabilidades. 'Fui acusada de tentar matar minha mãe até ser diagnosticada com síndrome pré-menstrual grave' 'Nossas mentes estão programadas para ter prazer com o sofrimento dos outros': psicóloga explica a lógica dos assassinos e criminosos "Adaptações dessa escala são utilizadas hoje em dia em amostras não institucionalizadas, incluindo mulheres e crianças em diversos países, mas permanece aberta a questão de se você usaria essas mesmas questões para começar se fosse lidar com mulheres não criminosas", afirma Marsh. Uma análise dos pesquisadores em 2005 também comparou características centrais de mulheres e homens com psicopatia. Eles indicaram que as mulheres, muitas vezes, exibiam características como impulsividade debilitadora (como falta de planejamento), falsidade nos relacionamentos interpessoais e agressões verbais. Por outro lado, os pesquisadores concordaram que a psicopatia nos homens tende a se manifestar com violência e agressões físicas. Mas, na época, elas indicaram que não haviam sido realizadas pesquisas suficientes sobre o motivo para isso. E, 17 anos depois, não houve grandes mudanças. A estudante de PhD de psicologia da Universidade de Madri, na Espanha, Ana Sanz García e seus colegas realizaram uma análise mais recente, em 2021, de estudos de pesquisa publicados, que avaliaram mais de 11 mil adultos para determinar psicopatia. Ela concorda que são necessários mais estudos concentrados nas mulheres e em pessoas não criminosas com psicopatia. Sanz García afirmou à BBC que os estudos até hoje demonstram que as mulheres com psicopatia exibem menos propensão à violência e ao crime do que os homens, mas existem mais exemplos de manipulação interpessoal. "Seria interessante estudar os fatores que explicam por que, entre as mulheres com alto grau de psicopatia, existe menor probabilidade de cometer atos criminosos e antissociais do que entre os homens", afirma ela. "Se esses fatores forem descobertos, será possível criar um programa para evitar que homens e mulheres com alto grau de psicopatia cometam esses atos antissociais e criminosos." Acredita-se que a genética e o ambiente de criação de uma pessoa influenciem a psicopatia. SOMSARA RIELLY Também neste caso, não há pesquisas suficientes para determinar os motivos, mas um estudo recente na França indica uma possível resposta: a frieza e a falta de emoção parecem desempenhar um papel mais central na psicopatia feminina do que entre os homens. E as mulheres também exibem menos comportamentos violentos e antagonistas que na psicopatia masculina. Manipulação como entretenimento Victoria afirma que o seu comportamento manipulador começou a surgir como forma de entretenimento próprio. Ela nasceu na Malásia, em uma família de classe média. O alcoolismo do seu pai e a falta de responsabilidade pessoal pelas consequências da bebida tornaram seu lar infeliz. Ela teve sucesso nos estudos, mas se sentia frequentemente aborrecida. Para se divertir, ela gostava de passar adiante informações confidenciais que recebia das pessoas, segredos que ela havia jurado guardar. Quem odiava quem. Quem gostava de quem. As tensões entre os alunos no ensino médio, muitas vezes, eram causadas por ela. Victoria sabia manipular os outros para que assumissem a responsabilidade pelos erros que ela cometeu e sabia o que dizer para se livrar de problemas. Ela chegou a convencer uma professora de que tinha atirado um giz nela apenas por pressão dos colegas. "Era o que ela queria ouvir", ela conta. "Ela queria acreditar que aquela menina inteligente não era ruim, apenas facilmente influenciável." Mais recentemente, Victoria estava obtendo ajuda para controlar seus impulsos. Mas ela também encontrou apoio, embora possa parecer estranho, de pessoas como ela. Pergunto a ela sobre diversos vídeos recentes conhecidos como "o desafio do psicopata", que viralizaram no TikTok, somando mais de 20 milhões de visualizações. Eles discutem como os espectadores podem "identificar um psicopata". A hashtag "psicopata" é uma das mais populares naquela rede social, com mais de dois bilhões de visualizações. Ela é usada para marcar diversos assuntos, incluindo imagens de pessoas com psicopatia em julgamentos, e também é usada como insulto para maus comportamentos. O que fica claro é que pessoas acham o tema da psicopatia e seus portadores, ao mesmo tempo, fascinantes e repulsivos. Victoria não acha esses vídeos ofensivos. "Parte de ser psicopata é não se importar com o que as pessoas pensam, de forma que isso não me aborrece", afirma ela. "Mas mostra a pouca compreensão das pessoas sobre o espectro completo da condição." A exceção, para ela, são os vídeos que discutem se as pessoas com psicopatia são mais propensas a maltratar os animais. "Muitos de nós preferimos animais aos seres humanos", afirma ela, secamente. Sociopata ou psicopata? O que Victoria indica como "nós" é uma comunidade online de mulheres como ela. Ela está concentrada principalmente no blog da escritora M. E. Thomas, talvez uma das mais conhecidas mulheres com psicopatia. A avaliação de psicopatia de Thomas, realizada pelo psicólogo forense John Edens, da Universidade A&M do Texas, nos Estados Unidos, foi de 99%. O blog de Thomas, intitulado Sociopath World, detalha como é a vida com psicopatia. Ela afirma que usava a palavra sociopata em vez de psicopata porque achava que era um termo que seria compreendido por mais pessoas. Sociopatia não é um termo clínico amplamente aceito, e psicólogos como Abigail Marsh afirmam que, às vezes, ele é usado por indivíduos que podem sentir o estigma relacionado à palavra "psicopata". Um agente literário descobriu o blog de Thomas e ofereceu um contrato para um livro. Confessions of a Sociopath: A Life Spent Hiding in Plain Sight ("Confissões de uma sociopata: uma vida passada escondendo-se à vista de todos", em tradução livre) foi publicado em 2012 e traduzido para mais de 10 idiomas. Um filme baseado no livro, estrelado pela atriz norte-americana Lisa Edelstein, está atualmente em produção. "Vejo-me como uma fórmula, não como uma pessoa", afirma Thomas. "É como ser uma planilha do Excel, onde examino o que faço e digo calculando o possível resultado." Um exemplo pode ser dizer a alguém que ela o ama quando quer algo dele, afirma Thomas. Ela conta que já fez isso algumas vezes e gerou o rompimento de vários relacionamentos. Um estudo de 2012 da Universidade de Zurique, na Suíça, também descobriu que a risada é frequentemente usada pelas pessoas psicopatas como instrumento intencionalmente manipulador. Ela as ajuda, por exemplo, a controlar a conversa. Ou, às vezes, a rir da pessoa com quem estão falando - e não com ela. Thomas afirma que seu agente a instrui a não usar a palavra "manipuladora" quando falar sobre si mesma, mas sim dizer que sabia como influenciar as pessoas desde a infância. Mas "manipuladora" é a palavra que ela usa. Ela afirma que essa qualidade a ajudou a tornar-se uma boa advogada, que ainda é a sua profissão. Quando ela fala, as pessoas não conseguem identificar seu sotaque. Elas acham que Thomas pode ser de Israel ou da Europa oriental, embora ela tenha vivido toda a sua vida na Califórnia. "Você tem sotaque quando se socializa para ter identidade. Eu nunca tive identidade", ela conta. "Tenho um sentido muito fraco de mim mesma." Possíveis benefícios? No seu blog, M.E. Thomas compartilha seus pensamentos diários e entrevista outras pessoas que vivem com características psicopatas. Ela conta que muitos dos seus leitores encontram refúgio nas suas postagens e vídeos, pois é um lugar onde elas reconhecem seus próprios padrões e compartilham experiências sem que sejam julgadas por isso. Observar a psicopatia como um espectro pode significar que as características que a definem são muito mais comuns entre a população em geral do que o indicado pela maioria dos estudos SOMSARA RIELLY Uma de suas leitoras é Alice, uma mulher alemã de 27 anos de idade. Ela afirma que é frustrante ler artigos ou assistir a ilustrações de pessoas com psicopatia como indivíduos maldosos que precisam ser evitados. "Nós existimos em uma escala, como todos os demais", afirma ela. Como Thomas, Alice é agradável à primeira vista, talvez porque ela sorri muito. Ela admite desde o início que está imitando o que ela sabe ser socialmente adequado. Alice vem fazendo isso por toda a vida. Quando sua avó morreu, ela observou o luto da sua irmã e copiou seu comportamento. Ela afirma que também finge ser sarcástica, pois isso permite que ela diga impunemente o que tem na mente, sem causar alarme. Alice aprendeu isso já aos 12 anos de idade, quando estava de férias em um navio e se perguntou em voz alta como seria observar as pessoas afundarem em caso de acidente. A reação dos seus pais e amigos a ensinou que era importante enquadrar esse tipo de pensamento como humor ácido e não como um pensamento obscuro. Embora Thomas descreva sua característica psicopata dominante como manipulação e Victoria afirme que sua marca é a indiferença, Alice aponta sua falta de empatia como sua característica mais evidente. "Não tenho nenhuma empatia emocional, mas tenho muita empatia cognitiva", afirma ela, com sorriso inabalável. "Se alguém se machucar, por exemplo, ferir o joelho ou quebrar um braço, posso não sentir nada por eles emocionalmente, mas sei que preciso conseguir ajuda e assim o faço." E isso, segundo ela, faz com que ela seja uma boa pessoa para ter por perto em situações de emergência. "As pessoas me contam seus problemas e não fico ofuscada pelas emoções, de forma que aquilo não me afeta e posso ouvi-las e oferecer conselhos racionais", ela conta. "Outras pessoas podem querer se distanciar porque aquilo aciona suas próprias emoções, mas isso não acontece comigo." Alice não é a única que acredita que suas características podem ser benéficas para a sociedade. Os traços "positivos" da psicopatia são explorados pelo psicólogo Kevin Dutton, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, no seu livro A Sabedoria dos Psicopatas: O que Santos, Espiões e Serial Killers Podem nos Ensinar sobre o Sucesso (Ed. Record, 2018). Em 2011, Dutton conduziu uma pesquisa no Reino Unido intitulada "A Grande Pesquisa sobre os Psicopatas Britânicos". As profissões onde as pessoas mais exibiam características psicopatas foram os altos executivos, jornalistas, policiais, militares, cirurgiões e advogados. Dutton argumenta que certas características de personalidade do espectro psicopata - incluindo a frieza sob pressão e reações menos empáticas às interações interpessoais - podem ajudar as pessoas a realizar seu trabalho sem que sejam, como diria Alice, "ofuscadas". É preciso apoio e desmistificação "Todos conhecemos alguém com características psicopatas", afirma Marsh, que é uma das fundadoras da organização Psycopathy Is. Ela oferece uma das poucas plataformas online que fornecem apoio para psicopatas e pessoas próximas. Marsh afirma que seu objetivo é desmistificar a psicopatia e fornecer ferramentas de seleção para que as próprias pessoas possam se avaliar, com instrumentos confiáveis, e conseguir boas informações sobre o que fazer em seguida. "A psicopatia não é uma categoria, é um espectro", afirma ela. "Ela é distribuída entre a população em graus variáveis. Algumas pessoas causam destruição contínua e outras precisam apenas administrar os seus sintomas." "Quando não discutimos isso abertamente, as pessoas se lembram de Ted Bundy e Hannibal Lecter [assassinos em série - o primeiro, real, e o segundo, da ficção]", afirma ele. "E então vemos tendências do TikTok preenchendo a lacuna de informações de especialistas." Muitos especialistas, incluindo Marsh, acreditam que está na hora de desfazer os mitos e o estigma que envolvem a psicopatia. As causas subjacentes da psicopatia ainda são mal compreendidas, embora cada vez mais pesquisas de imagens neurológicas venham ajudando a indicar algumas das possíveis anormalidades do cérebro que podem explicar os sintomas. Pesquisas indicam, por exemplo, que homens com psicopatia possuem reação reduzida em regiões do cérebro relacionadas ao processamento do medo e que existem indicações de que efeitos similares podem ser encontrados nas mulheres. Alguns pesquisadores também indicaram diferenças no circuito neural das amígdalas cerebelosas, uma estrutura importante do cérebro responsável pelo processamento das emoções. Mas, como a maior parte das pesquisas sobre psicopatia, essas conclusões estão longe de ser consistentes e ainda precisam ser mais estudadas. A genética e o ambiente das pessoas também são peças importantes do quebra-cabeça. Mas Marsh acredita que conseguir essas respostas exigirá que a sociedade como um todo desenvolva uma relação mais madura com a psicopatia. "Eu realmente admiro o que a comunidade de pesquisa sobre o autismo fez nos anos 1990", afirma ela. "Eles decidiram se libertar do estigma, dizendo às pessoas a verdade sobre a condição. Que é um distúrbio de espectro." "Nós, como pesquisadores de psicopatia, precisamos definir uma abordagem para realmente nos atirarmos ao desenvolvimento de melhores intervenções que possam ajudar as pessoas com psicopatia a viver vidas produtivas e prósperas", defende Marsh. Mas ela acrescenta que, até que isso aconteça, estamos fracassando com as pessoas com psicopatia. "Isso significa que as pessoas - pessoas com o distúrbio, seus amigos e sua família - não estão conseguindo o apoio de que precisam", afirma ela. "E isso prejudica a todos." Victoria, Alice e M. E. Thomas usam a meditação, terapia psicológica e apoio de colegas da sua comunidade online para ajudar a controlar o seu distúrbio. "Não estar nas sombras ajuda", afirma Thomas. "Mas ainda existe um estigma para a palavra 'psicopata'. Ainda há muito trabalho a fazer e é preciso ter muitas conversas mais abertas. A realidade é que nós existimos." Características da psicopatia Segundo o site PsychopathyIs.org (que teve como uma de suas criadoras a psicóloga e neurocientista Abigail Marsh, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos), estas são algumas das principais características que se manifestam em casos extremos de psicopatia: Abordagem egoísta e indiferente aos relacionamentos interpessoais. Falta de empatia sobre o sofrimento ou angústias dos demais. Falta de demonstração de remorso depois de machucar os outros ou desobedecer regras. Pouco sentido de identidade consigo próprio. Manipulação das pessoas para conseguir as coisas. Dedicação a atividades perigosas ou arriscadas. Charme superficial. * Megha Mohan é jornalista especializada em gênero e identidade da BBC. Essa reportagem foi originalmente publicada em http://news.bbc.co.uk/1/hi/63732969.stm
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08/01 - Inteligência artificial para detectar demências em seus estágios iniciais
Programa pode identificar pistas que indicam o começo da doença com 80% de acurácia Na última coluna de 2022, falei do ChatGPT, criado pela OpenAI, capaz de responder a todo tipo de pergunta e manter um diálogo como se fosse uma pessoa. Os pesquisadores agora querem testar se os algoritmos que estão por trás da mais nova sensação do mundo digital são capazes de ajudar os médicos a detectar a Doença de Alzheimer em suas fases iniciais. Estudo da Drexel University (EUA), publicado no fim do ano, demonstrou que o GPT-3 pode identificar pistas que indicam o começo de uma demência com 80% de acurácia, a partir do discurso espontâneo de quem interage com o equipamento de inteligência artificial. Idosa em janela: inteligência artificial é capaz de ajudar os médicos a detectar a Doença de Alzheimer iphotoklick para Pixabay Não é tarefa simples fechar um diagnóstico de Alzheimer: além do histórico da pessoa, são necessários exames físicos e neurológicos. Embora não haja cura para a doença, mapeá-la em seus primeiros estágios dá ao paciente mais opções de apoio e tratamentos paliativos. Como o declínio da linguagem é um sintoma que se manifesta na maioria dos portadores de demência, os cientistas têm buscado programas de inteligência artificial que captem problemas como o excesso de hesitações, esquecimento sobre o significado de palavras, ou erros de gramática e pronúncia. O GPT-3 é a terceira geração do GPT (Generative Pre-trained Transformer) e usa algoritmos de aprendizagem profunda, do inglês “deep learning”. Eles processam, em tempo real, uma enorme quantidade de informações da internet, com ênfase em como as palavras são usadas e a linguagem é construída. O resultado é que a interação da máquina com o ser humano se assemelha muito a uma conversa natural. Para comprovar sua teoria, os pesquisadores usaram transcrições de falas de portadores de Alzheimer compiladas pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH). O conteúdo serviu para treinar o algoritmo a distinguir o discurso de um indivíduo normal daqueles com a enfermidade. Numa segunda etapa, o desempenho do GPT-3 foi comparado com o de um teste utilizado para identificar demência, o mini-exame do estado mental (MMSE). O GPT-3 se mostrou 20% mais eficiente que o MMSE. “A análise que o GPT-3 faz da linguagem o torna um candidato promissor para reconhecer alterações sutis no discurso que podem indicar o princípio de um quadro de demência”, afirmou Felix Agbavor, principal autor da pesquisa. “Queremos alimentar o GPT-3 com uma quantidade maciça de conversas, inclusive de pacientes já diagnosticados com Alzheimer, para aprimorar sua capacidade de identificar padrões, o que nos auxiliaria em novos diagnósticos”, completou. O trabalho foi publicado no “PLOS Digital Health”.
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05/01 - Já pensou em se tornar adubo de florestas depois de morrer?
Compostagem humana vem ganhando adeptos e ampliando mercado nos Estados Unidos Quando era estudante de arquitetura, Katrina Spade já buscava uma solução para a escassez de espaços em centros urbanos e o alto custo para enterrar os entes queridos. Em Manhattan, por exemplo, um túmulo pode custar R$ 1 milhão, sem contar as demais despesas relativas a um funeral. A cremação, embora mais em conta, também não era uma opção que lhe agradasse, uma vez que o processo utiliza combustível fóssil suficiente para percorrer 800 quilômetros de carro e libera poluentes tóxicos. Foi quando passou a se dedicar à compostagem humana. Antes de você ficar de cabelos em pé com a ideia de virar adubo – ideia que me fascinou – vale entender como funciona uma redução orgânica natural (NOR em inglês), como seus criadores preferem chamar, que não agride o meio ambiente. Compostagem humana: microorganismos se encarregam da decomposição orgânica do corpo, processo que leva cerca de 30 dias Divulgação A empresa de Spade, Recompose, funciona em Seattle, no estado norte-americano de Washington, o primeiro a permitir o serviço, em 2019. Em seguida, vieram Colorado e Oregon (2021); Vermont e Califórnia (2022); e, no dia 30 de dezembro, Nova York passou a integrar o grupo. Em primeiro lugar, recapitulemos as aulas de biologia: a decomposição da matéria orgânica, realizada por fungos e bactérias, é essencial para um solo saudável, capaz de filtrar a água da chuva, garantir nutrientes para a plantas, retirar gás carbônico da atmosfera e regular a temperatura. Optar pela compostagem humana significa integrar o ciclo da natureza, como explico nesse passo a passo do processo: O corpo da pessoa morta, envolvo numa mortalha de algodão, fica numa espécie de cama feita de lascas de madeira, serragem, palha e alfafa. Parentes e amigos participam da cerimônia de despedida, depositando flores ou outros materiais orgânicos. Em seguida, ele é colocado numa urna cilíndrica (são 54 no total), onde permanece durante cerca de 30 dias, durante os quais os microorganismos se encarregam da decomposição do corpo. A temperatura é controlada, as urnas são giradas regularmente e ar é injetado no local para garantir as condições adequadas para o trabalho de fungos e bactérias. No final, restam fragmentos de ossos e implantes, como próteses, além de um rico composto orgânico, que é testado para se ter certeza de que não há elementos químicos nocivos. Os fragmentos são triturados num cremulador – usado em cremações – e os implantes são destinados à reciclagem. O solo resultante atravessa ainda mais uma etapa de secagem, que dura de duas a quatro semanas, resultando num volume de um metro cúbico, o suficiente para encher 36 sacos. O material pode ser levado pelos familiares, para ser utilizado no seu próprio jardim ou quintal, ou doado. Urnas para compostagem humana: a Recompose dispõe de 54 compartimentos Divulgação Segundo a assessoria da Recompose, 60% das famílias doam a compostagem para uma área de conservação chamada Bells Mountains, com a qual mantém parceria, guardando apenas uma pequena quantidade de solo como lembrança. A empresa atende clientes de outros estados, onde o serviço não é permitido, e há até um plano de prestações antecipadas para cobrir os custos de US$ 7 mil (cerca de R$ 37 mil), com cerca de mil participantes. O mercado vem crescendo com outras modalidades. A Transcend, por exemplo, optou por algo mais simples, batizado de “Tree Burial” – na verdade, o enterro sob uma árvore. Através de convênios com propriedades que disponham de cobertura florestal, oferece inclusive o funeral para animais domésticos. The living urn desenvolveu um modelo de urnas biodegradáveis de bambu, com diferentes tipos de mudas de árvores e um compartimento para as cinzas da cremação. Basta transferir os restos mortais para o vaso e enterrá-lo – e eles se misturarão com a terra alimentando o ciclo da vida.
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03/01 - 'Vou usar meu conhecimento da universidade pública a serviço da sociedade', diz Ethel, nova secretária de saúde do governo federal
Ethel Maciel é doutora em epidemiologista e contou sobre os desafios que vai enfrentar ocupando o novo cargo. A cientista é natural de Baixo Guandu, Região Norte do Espírito Santo. Ethel Maciel, professora da Ufes Reprodução/TV Gazeta Ethel Maciel foi anunciada na tarde desta segunda-feira (2) como a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), no Ministério da Saúde. A cientista, natural de Baixo Guandu, Região Norte do Espírito Santo, tem uma vida dedicada à pesquisa e à popularização da ciência no Brasil e no mundo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Em entrevista ao g1, a cientista contou sobre o sentimento como epidemiologista formada pela rede pública em assumir o novo cargo. "Assumir essa secretaria, eu como enfermeira epidemiologista, é uma possibilidade de colocar esse conhecimento que eu adquiri ao longo do tempo. Principalmente sendo formada pelas nossas instituições públicas do país, pelas nossas universidade, colocar esse conhecimento a serviço da sociedade. E é isso que eu estou preparada para fazer, e tenho esse compromisso com as nossas instituições e com a sociedade. A doutora em Epidemiologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) disse que a tarefa é grande. 'Eu tenho consciência desse desafio e dessa responsabilidade que a ministra e o governo Lula me convidaram para compor essa equipe', disse. Ethel também falou sobre os principais desafios e as mudanças na Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. "Essa terça é o meu primeiro dia oficial na secretaria e os desafios são enormes, a gente vai ter esse primeiro momento para fazer um diagnóstico de todos os departamentos, todas as coordenações, para poder entender melhor o momento que nós estamos. Muitos departamentos estão com protocolos, guias de vigilância desatualizados, temos o problema da própria imunização, que agora ganha uma centralidade", explicou. Ethel também falou sobre o PMI, que foi criado como o Programa Nacional de Imunização. " O programa que remonta a ideia, a época do regime militar, que tinha essa ideia das campanhas de vacinação. Então era um programa como algo que tinha um caráter temporário de campanhas, pontuais, e que ganha agora uma centralidade virando um departamento de imunização e doenças imunopreviníveis", explicou Ethel. A cientista reforçou que a prioridade do novo governo e da pasta é a recuperação das altas coberturas vacinais no país. "Tem toda uma nova estrutura que é prioridade do governo Lula e é prioridade da Ministra: a recuperação das altas coberturas no brasil. E diante de tudo que aconteceu no governo que se encerrou, todo o negacionismo científico, o movimento antivacina sendo fomentado por próprios agentes do governo", explicou. A cientista reforçou que o desafio é grande para recuperar essas altas coberturas vacinais e a primeira ação será a restituição de todos os comitês científicos, para todas as áreas, que foram finalizados com um decreto logo no início do governo Bolsonaro. "A Primeira ação da Ministra é uma ação super importante porque esses comitês científicos também incluem movimentos sociais", contou a cientista. LEIA TAMBÉM: Reitora eleita da Ufes não empossada por Bolsonaro vai compor Ministério da Saúde do governo Lula Saiba quem é Nésio Fernandes, secretário de atenção primária à saúde do Ministério da Saúde Ao assumir Ministério da Saúde, Nísia Trindade promete revogações, diz que gestão será pautada pela ciência e anuncia indígena no secretariado Nísia Trindade é anunciada por Lula como ministra da Saúde; veja perfil Veja quem são os 37 ministros anunciados por Lula Ethel comentou também sobre a mudança do nome da secretaria. "E a SVSA que agora muda de nome, mas não só uma mudança de nome, mas de conceito. Porque a inclusão, essa mudança de secretaria de vigilância em saúde para vigilância em saúde e ambiente, ela tem essa ideia de saúde única. De que a saúde e, principalmente, a gente pegar como exemplo as últimas pandemias de Covid-19, monkeypox e o próprio zikavírus, a gente vê a estreita relação entre a espécie humana e animais. É muito importante que essa vigilância então inclua o ambiente na lógica da secretaria", disse. Ethel Maciel Reprodução/Fernando Madeira Currículo Referência na pesquisa de doenças infecciosas, Ethel teve o primeiro contato com a pesquisa por meio de uma bolsa de Iniciação Científica disponibilizada para estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde se formou em Enfermagem. Ethel fez mestrado, doutorado, pós- doutorado, tudo simultaneamente a criação dos seus filhos, que hoje têm 31, 23 e 17 anos. Realizou o sonho de estudar na universidade referência em epidemiologia no mundo - Hopkins University -, ser bolsista por produtividade no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e de ser consultora em tuberculose da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde o início da pandemia, Ethel desempenhou um papel importante entre os pesquisadores no combate à covid-19. Entre as contribuições, a cienstista participou do grupo "Eixo Epidemiológico do Plano Operacional Vacinação Covid-19", criado pelo Ministério da Saúde, no qual pesquisadores e profissionais da saúde se encarregaram de definir os grupos prioritários da vacinação. Enfermeira, doutora em Epidemiologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pós-doutora em Saúde Pública e Epidemiologia pela Johns Hopkins University (EUA) e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel atualmente também é referência na pesquisa de doenças infeccionas, como a Covid-19, zika vírus, febre amarela, monkeypox e, em especial, a tuberculose. Atuação Atualmente, a cientista é membro do grupo assessor para eliminação da tuberculose nas Américas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), e também representa o Brasil na Rede Governamental de Pesquisa em Tuberculose dos países do BRICS, um agrupamento de países de mercado emergente em relação ao seu desenvolvimento econômico. Ethel também é presidente da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (REDE-TB) e membro do Grupo Técnico Assessor de Tuberculose no Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na universidade onde leciona, a Ufes, Ethel foi vice-reitora no período de 2013 a 2020. Em 2019, foi eleita para o quadriênio 2020-2024 como a primeira mulher para comandar a universidade pela maioria dos professores, servidores, alunos da universidade e pelo Conselho Universitário. Mas a cientista teve o nome preterido na lista tríplice apresentada ao governo federal e não foi nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro. Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo
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03/01 - Saiba como evitar o gaslighting médico
Comportamento tóxico de minimizar as queixas dos pacientes, ou atribuir sintomas ao estado emocional da pessoa, não pode ser tolerado O assunto de hoje é um prolongamento natural da primeira coluna do ano, sobre a necessidade de atualização do currículo dos cursos de medicina. Eu me refiro ao gaslighting, termo normalmente empregado para descrever o abuso psicológico no qual o homem desqualifica a fala da mulher – e até a tacha de louca – mas que pode ocorrer nos consultórios. Médicos que ignoram ou minimizam as queixas dos pacientes, deixam de pedir exames ou atribuem sintomas ao estado emocional da pessoa, também estão fazendo gasligthing. Mulheres, integrantes de comunidades marginalizadas – nas quais incluo os idosos – e LGBTIQA+ são as vítimas mais frequentes. De acordo com o psicólogo Matthew Boland, colaborador da plataforma HealthLine, há algumas pistas para detectar se você é vítima desse tipo de comportamento tóxico: Médico e paciente: relação tóxica na qual o profissional de saúde minimiza as queixas ou atribui sintomas ao estado emocional da pessoa é conhecida como gastlighting Max para Pixabay Seu médico lhe dedica pouco tempo e não faz perguntas detalhadas para o acompanhamento do seu caso. Sintomas relatados, principalmente os relacionados com alguma dor, não são valorizados e é comum escutar o comentário: “isso não é nada”. O médico atribui suas queixas a questões psicológicas, mas não explica o motivo de ter chegado a tal conclusão. Não se conforme com a situação e tome providências para virar o jogo. Aqui vão algumas sugestões para enfrentar o gaslighting: Pesquise sobre seus sintomas e doenças. Ignore ironias ou reclamações por estar consultando o “doutor Google”, mas utilize fontes confiáveis. Médicos não são infalíveis e nem todos se preocupam em estar atualizados com as últimas descobertas na área da ciência. Tome notas dos sintomas, porque a informação pode ser útil para identificar um padrão relacionado a alguma enfermidade. Enfatize a severidade do que sente e detalhe as características da dor ou do desconforto, explicando o impacto que provoca no dia a dia. É incrível como médicos acham que, na velhice, é obrigatório sentir dor. Leve uma lista de perguntas e comece a consulta expondo suas dúvidas e preocupações. Assim você já diminui a ansiedade e não corre o risco de esquecer temas importantes. Peça a um amigo ou familiar para ser seu acompanhante e servir de apoio. Ele pode tomar notas e funcionar como uma “cópia de segurança” da conversa. Fique atento a comportamentos potencialmente preconceituosos, ainda mais se for mulher, trans, afrodescendente, idoso, tiver uma deficiência ou problema emocional, ou apresentar um físico fora dos padrões convencionais. Pessoas obesas ouvem, com frequência, que seus problemas vão desaparecer quando perderem peso. Não aceite rótulos de que está agindo de forma dramática ou é demasiadamente sensível. Nos EUA, pesquisas mostram que negras recebem menos atenção (e medicação) para a dor do que brancas e asiáticas. Não deixe de procurar uma segunda opinião caso se sinta desconfortável. Se avaliar que houve falha grave na atuação do profissional, encaminhe uma reclamação por escrito: para a direção do hospital ou o conselho regional de medicina.
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